Capítulo 19 - Semi-morto?

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  GABRIELA:

  Acordo bem cedo no outro dia com alguém me chamando pelo nome. É a Letícia.

— Gabriela, acorda. — E eu me levanto, olhando ao redor. Eu ainda estou no quarto da Letícia. — Anda, sai daqui antes que a minha mãe te veja aqui. — Caminha até a cômoda, deixando o celular ali.

— Que horas são? — Me espreguiço, cansada.

— Onze e meia.

  Eu me levantei da cama dela e olhei para a janela. O sol está rachando lá fora. Sem dizer nada, eu simplesmente saio do quarto da Letícia e caminho até o meu.

  Coloquei uma jardineira jeans e uma regata por baixo. Fiz algumas higienes básicas e saí do quarto indo até a cozinha. Os pais do meu namorado já estavam reunidos, tomando café da manhã.

— Bom dia. — Eu me arrasto até a mesa e me sento, num suspiro.

— Bom dia, Gabriela. Dormiu bem? — A minha sogra me cumprimenta, me olhando nos olhos. Eu me estico e pego um pão e o corto.

— Eu acho que sim.

— Acha que sim? Por que? — João pergunta, mordiscando um pedaço de mortadela.

— Ah, eu dormi no... — Alguém me corta.

— Dormiu ansiosa. — Letícia aparece, se sentando ao meu lado. — Né, dormiu ansiosa?

  Ela tem um olhar assustado. Meu Deus, do que ela tem tanto medo sendo que apenas dormimos juntas? Eu hein.

— Sim, foi isso. — Respondo, colocando uma fatia de queijo no pão e fechando-o para morder.

(...)

   Na hora em que chegamos no hospital, eu acabei deixando o João e a Ana irem primeiro e só depois eu e a Letícia. Nós ficamos sentadas na sala de espera, uma ao lado da outra.

— Tu ia falar sobre o que aconteceu ontem? — Ela quebra o silêncio, olhando fixamente aquele chão extremamente limpo.

— Ia. — Olho pra ela. — Por que você me cortou?

— Tu é a merda da namorada do meu irmão. Queria que meus pais reagissem como? — Me olha, estressada.

— Letícia, a gente não fez nada demais. Só porque a gente dormiu na mesma cama não significa que a gente tá traindo o Miguel.

— Independente, cara. — Ela balança a cabeça, desviando o olhar. — Não quero tu perto de mim. Por favor.

— Você é uma escrota, Letícia. — Deixo escapar, cruzando as pernas e balançando o pé.

— Eu? — Me olha. — Fui eu que deitei com a irmã do meu namorado semi-morto?

— Ele não tá morto, Letícia.

— É, mas ele vai morrer. — E eu aponto o dedo para ela.

— Você não sabe de nada, cala sua boca. — Eu encaro ela. — Que tipo de irmã você é, caralho? — Deixo escapar um palavrão, focada na minha briga com a Letícia.

— Do tipo que não se ilude. Cai na real, Gabriela. Ele não vai sobreviver. O cara bateu a cabeça numa pedra e os médicos deram três semanas.

— Eu te odeio, Letícia. Te odeio com todas as minhas forças. — Eu me levanto e corro até o banheiro.

  Eu não queria acreditar que a possibilidade de eu nunca mais conversar com o meu namorado era muito grande. Eu amo cada detalhe dele e eu me recuso á aceitar perdê-lo.

  Passei uma água no rosto e fiquei uns minutos no banheiro para que me acalmasse. Na volta, a Letícia não estava mais na ala de espera. Vi o meu sogro e minha sogra passarem pela catraca, caminhando até mim.

— Tu já pode subir, Gabriela. — O João diz, abraçando a Ana de lado. A minha sogra está com um olhar de choro, impactada.

— E-Eu vou... — Dou dois passos á frente e sou parada pelo João.

— Cadê a Letícia?

— Ela foi embora. — Abaixo a cabeça. — Disse que o Miguel vai morrer.

— Ah. — A Ana diz, passando a mão na testa. — Eu preciso sentar.

  Meu sogro encaminhou a Ana até os bancos e eu voltei a minha caminhada até a sala do Miguel. Eu estou andando por um corredor barulhento, cheio de médicos e enfermeiros correndo de um lado para o outro.

  Me aproximo da sala numerada 982 e abro a porta lentamente. O que eu vi me deixou horrorizada.

  O Miguel está deitado sobre a cama completamente esticado, com a pele pálida, olhos roxos e com cortes na boca e na sobrancelha, imóvel. Eu fecho a porta e me aproximo do corpo do meu namorado, suspirando.

— Meu bem... — Passo a mão no braço frio dele, observando seu rosto lotado de fios. O aparelho que mede sua frequência cardíaca está tranquilo, apitando de tempos em tempos.

  De repente, ouço correrias pelo corredor. Eu me atento, segurando no braço do Miguel.

— PARADA CARDÍACA NA SALA 972. TRAGAM O DESFIBRILADOR, RÁPIDO, RÁPIDO! — Ouço gritos de uma mulher e eu congelo.

  Só de pensar que pode acontecer o mesmo com o meu amor, o meu corpo estremece. Eu o olho, preocupada.

— Você não vai me deixar, vai? — Sinto um movimento no dedo dele e sorrio de canto, tocada. — Você é o amor da minha vida, Miguel. Nada e ninguém pode mudar isso. — Eu aproximo os meus lábios de sua testa e deixo um beijinho tranquilo, acariciando sua mão com cuidado com o acesso.

  Passaram-se horas e eu continuei ali do lado dele. Eu não sairia por nada. Ouço meu celular apitar e vejo uma mensagem da Ana.

Eu suspiro, deixando o celular ali do lado

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Eu suspiro, deixando o celular ali do lado. Eu não pretendo ir embora daqui enquanto o Miguel não acordar. Eu quero estar com ele, quero garantir que as enfermeiras vão cuidar direitinho dele.

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