GABRIELA:Fazem duas semanas que o Miguel está em coma. Cada dia que passa eu me preocupo mais e mais com o estado do me namorado. Ontem a noite a Ana se propôs á passar a madrugada com o Miguel para que eu viesse descansar.
— GABRIELA, ACORDA! — Ouço um berro e sinto o colchão se movimentar bruscamente.
— Meu Deus, Gustavo. Me deixa. — Eu puxo a coberta e me escondo ali debaixo.
— Quem é Gustavo? — Abro os olhos e me deparo com o Micael...não, Matheus!...sinceramente eu não sei quem é.
— Quem é você?
— Micael. — Ele cruza os braços.
— Não! Micael sou eu. — Outro gêmeo aparece na porta e eu bufo. Era o que me faltava.
— Não. Você é o Matheus. — Eles começam uma discussão e eu me levanto quase sem forças.
— Você é burro? Você que é o Matheus.
— Ok, meninos. Fazemos o seguinte. — Eu amarro o meu cabelo num rabo de cavalo e os meninos me olham. — Você. — Aponto para um deles. — Eu vou te chamar de 1. — Aponto para o outro. — Você eu chamo de 2 e o Murilo eu vou chamar de 3.
— Mas a minha mãe disse que...
— Um, quem se importa com o que a sua mãe diz? — Eu me viro para o espelho do guarda-roupa e começo á arrumar os fiozinhos que ficaram fora do rabo de cavalo.
Eu posso ver a cara de confusão dos meninos. Eu realmente não queria falar assim da Ana na frente deles, mas ás vezes ela pede: Além de me deixar cuidando do Miguel quase vinte quatro horas por dia, ainda estou sendo quase mãe dos trigêmeos.— Nós vamos na casa do Miguel hoje, Gabi? — Dois pergunta, mexendo no saco de pipoca doce que seu irmão segura.
— Sim. — Eu abro a porta do guarda-roupa e fuço as poucas roupas que eu tenho aqui.
— Por que a gente vai na casa de um morto? — Eu pulo e me viro pro dois.
— Como?
— Mamãe me disse que o Miguel é morto. — Ele explica com o olhar baixo.
— Ah, eu não acredito. — Murmuro. — Sua mãe tá errada, dois. Ela tá completamente errada.
— Então por que ele não se mexe e nem fala nada? — O outro intervém.
— Porque ele está dormindo profundamente. Se vocês puderem me fazer um favor, eu quero me trocar.
— Mas, ô Gabriela. — Dois procura por palavras. — Por que a gente vai sair?
— Pra cuidar da casa do seu irmão. — Eu chego neles e encaminho eles para o lado de fora do meu quarto. — Vão ver o irmão de vocês. — Já saio do quarto.
Eu os vejo correr pela casa e eu encosto a porta pra me trocar. Separei um vestidinho rodado azul claro e um par de rasteirinhas simples. Eu também passei um pouco de maquiagem para que não parecesse uma morta-viva.
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Waves
Teen FictionGabriela é uma jovem Paulistana que é convidada por uma colega de turma á acompanhá-la em uma viajem ao Rio de Janeiro. Gabi não contava com uma onda gigante que bagunçaria completamente sua vida.