Capítulo 17 - Coma.

20 2 0
                                    

GABI:

Acordei no dia seguinte com uma dor de cabeça infernal. Me sentei na cama e passei a mão entre os cabelos. Por conta do cansaço e da bebedeira, eu acabei dormindo de maquiagem. Olhei para o lado e o Gustavo estava sentado na cama.

- Bom dia. - Digo, esfregando os olhos.

- É, tanto faz. - Mexendo no celular.

- O que foi?

- A mãe descobriu. E ela pediu pra você parar de fazer as minhas lições. - Diz, digitando no celular.

- Você falou para ela, Gustavo???

- Não, ela viu. - Me olha. - Eu falei que você tava repassando e ela levou pro tio, já que ele gosta.

- Meu Deus, Gustavo. Ela vai me matar. - Me levanto, olhando para a minha roupa.

Corri até o guarda-roupa e peguei um vestidinho velho e fui me vestir. Tirei a maquiagem e coloquei a roupa que eu estava pra lavar. Ouvi meu celular tocando e eu o peguei o mais rápido possível. Vi que era a Luísa e atendi.

- Oi.

- Gabi, tem tempo agora? - E eu suspiro.

- Pra que? - Pergunto, caminhando até o banheiro e me trancando lá.

- Pra falar do que rolou ontem.

- O que rolou ontem? - E eu ouço um silêncio. - Luísa, o que aconteceu?

- A gente se beijou. E você sensualizou pra mim. - E eu bato a testa com força na porta.

- A gente fala sobre isso amanhã na escola, ok? Tchau, beijo. - Desligo o celular. - Puta merda.

Eu passei a mão na testa, preocupada. Eu estou tão cheia de problemas agora, ai mas que saco!

- GUSTAVO. - Ouço a voz da minha mãe e logo depois, a porta se fechando. Eu saio do banheiro e ela me olha. - Gabriela...

- Mãe, eu juro que... - E ela me corta, me puxando pro meu quarto e fechando a porta. - O que foi?

- O seu pai não sabe disso. - Me olha. - Você tá repassando pra quem? Desde quando? Quem mais sabe disso? Você tá usando?

- Usando?? Não. - Respondo. - Eu peguei só aquele pacote pra repassar, mãe. Só uma vez. - E ela cerra os olhos.

- Foi pra isso que eu te criei, Gabriela?

- Ah, mãe... - Eu bufo.

- Me responde, foi pra isso que eu criei você?

- Não.

- É, Gabriela. Não foi pra isso que a mãe criou você. - Gustavo interfere, rindo.

- E você é todo certo, né, alecrim dourado que nasceu no campo sem ser semeado? - Minha mãe o encara. - Vem aqui. - E ele fica ao meu lado. - Tô decepcionada com vocês dois. Um por repassar drogas e outro por chantagear a própria irmã. - E a gente se olha de lado. - Mas eu não sou dedo duro. Não vou contar pra ninguém.

Por um momento, eu solto um suspiro forte, relaxando os ombros. Pelo menos uma notícia boa.

- Mas eu vou tomar celular, computador e video game. - E nós regalamos os olhos.

- Mãe, tá brincando, né? - Eu rio. - Só pode estar.

- Ela tá. - Gustavo dá uma risadinha.

- Não, eu não estou. - Me estende a mão e eu entrego meu celular.

No final das contas, minha mãe tomou todos os dispositivos da gente e depois saiu. O resto do dia foi uma bosta.

WavesOnde histórias criam vida. Descubra agora