Capítulo 13 - Caso indefinido.

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MIGUEL:

Eu estava afinando o violão quando de repente, comecei á ouvir uma gritaria ao meu lado.

— Que porra que você pensa que está fazendo, Maria? — Gabriela grita, segurando o maxilar da prima com força.

— Se liga, garota. Surtando do nada? — Maria se solta e eu vejo a Gabriela ficar toda vermelha de raiva. Eu solto o violão enquanto a família começa á se aglomerar ao redor de nós três.

— Amor, fica calma. — Me levanto e fico atrás da Gabi, segurando seus ombros e massageando. — Tu tá perdendo teu tempo.

— Puta invejosa você, hein, Maria. Nunca fica satisfeita com a discórdia que você sempre causa na família, sua vadia. — Me ignora, atacando a prima.

— Puta é você que se joga nos braços do primeiro homem que te aparece, Gabriela. Tá carente, amor? — Maria rebate, encarando a Gabriela. — Seu namorado é um gostoso.

— William. — A dona Heloísa diz, chamando a atenção do meu sogro e depois ela tenta me afastar da Gabi.

— Maria, deixa de vagabundagem e vai pra cozinha. — Minha tia tenta controlar a própria filha, não conseguindo.

— Você conseguiu desencalhar, gatinha? — Maria sorri. — Solitária.

Vejo a Gabriela surtar e tentar ir para cima de Maria, mas William entra no meio das duas, evitando que uma delas se machuque.

— Amor, se acalma. Eu tô aqui por ti, cara. — Eu seguro seu ombro e seco uma lágrima dela com o polegar. — Eu vim pra São Paulo por ti. Tu me tem, Gabi. — E ela suspira, abaixando a cabeça.

Abracei a minha namorada fortemente enquanto ela chora. Eu encaminho as minhas mãos até os quadris de Gabriela e a seguro em meu colo enquanto ela chora e a família se distancia com a Maria nos braços, que acabou arranhada e com a maquiagem toda borrada.

Minutos se passaram e eu levei a Gabriela no colo para beber água. A mãe dela preparou uma água com açúcar para ela enquanto ouvíamos os gritos e tapas que a mãe de Maria despia na mesma, no quarto ao lado. A Gabi deu uma relaxada, mas ainda chora um pouco.

— Filha, solta o Miguel para tomar água. Deixa ele.

— Não. Não me solta. — Ela fecha as pernas com mais força ao redor da minha cintura, me prendendo á ela.

— Eu não vou te soltar, meu. Relaxa. — E ela para de me abraçar, pega o copo da mão de Heloísa e toma, ainda no meu colo.

Um dos pontos negativos de namorar alguém que você não era amigo antes é esse. Eu nem imaginava que Gabriela fosse tão sensível assim, mas isso não me faz querer deixá-la, muito pelo contrário. Minutos se passaram, nós comemos e fomos embora. Gabi foi no meu carro e eu coloquei um som bem animado.

Comecei á fazer graça conforme a música rolava enquanto eu dirijo, tentando animar Gabriela.

— Amor, você vai bater. — E eu continuo, ignorando ela. — Se você me matar eu volto para te buscar, carioca safado. — E eu abro a boca em um "o" certinho, fazendo Gabi rir.

— Que insulto. Estou deveras magoado. — E ela mostra a língua.

Sem demoras, chegamos á sua casa e eu já ia embora, mas Gabi me para.

— Vai aonde?

— Hotel, flor. — E ela faz bico. — Sua mãe não vai gostar de me ter no apartamento de vocês.

— Você aceitou a gente na sua casa. — Ela faz bico e os pais dela aparecem após guardar o carro na garagem. — Você quer ir? Pode ir. Mas nem pense em voltar depois. — Ela dá as costas e bate os pés, entrando.

Olho para Heloísa e ela sorri de canto, de forma infeliz. William parecia estar implorando para a esposa para que eu ficasse aqui, mas não sei se me sentiria confortável. Por mais que seja minha namorada, eu não acho que os pais dela conseguiriam dormir sabendo que tem um carioca á noite dentro da casa deles perto da filha.

— Miguel? — Ouço a Sílvia gritar, se aproximando. — O que você veio fazer aqui? — Para na frente da porta do passageiro.

— Vim ver a minha namorada, se tu não se importa, Sílvia.

— Que namorada, Miguel. Você nem conhece a Gabriela. — Sílvia me repreende, revirando os olhos.

— E você conhece, né, Sílvia? Conhece tanto que sabia que a Gabriela ia adorar o soco no nariz que você deu nela. — William diz e a Heloísa bate na testa.

— Qualé? — Eu olho para o meu sogro. — Porra, Sílvia. Entra no carro agora. — E ela entra, batendo a porta. — Nos vemos amanhã, dona Heloísa. Não deixa a Gabi sozinha, por favor. — E a minha sogra assente, me olhando.

- Toma cuidado, Miguel. - Diz e eu suspiro, saindo dali com o carro.

  Quando estávamos longe o suficiente do prédio dos pais de Gabriela, cortei o silêncio brutal que nos assombrava.

— O que você tem á ver com o meu relacionamento, Sílvia? — Questiono, olhando para a rua e pegando uma entrada em direção á casa da mãe de Sílvia.

— O que eu tenho a ver? — Ela me olha. — Toma vergonha na sua cara, Miguel.

— Sílvia, não me enche, valeu? — Olho rapidamente para ela e depois foco novamente na rua. — Eu não tenho mais nada contigo, morô? — E ela gargalha, em deboche. — Sílvia, caralho.

— Tudo bem que foram três meses, mas vai me dizer que nunca aconteceu nada? — Ela gargalha. — Você acha que é fácil esquecer um grande amor?

— Aha. — Dou uma risadinha falsa. — E por isso tu socou a cara da minha namorada? Sério?

— Eu não posso fazer nada se a garota mal te conhece e já se joga nos seus braços, aquela piranha. — Sílvia bufa.

— Sílvia, você sabe que nós só transamos escondido dos seus pais, só isso. Juramos que isso não interferiria na nossa amizade, porra. — Indago, virando em outra rua.

— Não dá pra controlar, Miguel. Foi real. — E eu suspiro. — O nosso amor...e quando a gente terminava o sexo você ficava sentado na beira da cama enquanto fumav...

— CALA BOCA, SÍLVIA. — Perco o controle, batendo no volante. — Tu tem namorado e eu também tenho a minha, então cala a boca, meu. Deixa tudo como tá.

— O Pedro? — Gargalha. — Terminei com ele.

— O que?

— Eu terminei com o Pedro. — Ela me olha, intensamente. — Ele me traiu.


  O restante da viagem eu fiquei calado enquanto ela tagarelava, na esperança que eu respondesse ela. Parei enfrente a casa dela e suspirei.

— É isso? — Ela questiona. — Vai deixar nossa amizade ir pro ralo por causa dela?

— Sai do carro.

— Por causa de uma garota que você conhece á dez dias?

— Sai do carro, Sílvia. Por favor. — Olhei pra ela, segurando-me para não sair do sério.

  Sílvia apenas assentiu, com os olhos marejados e saiu do carro. Esperei até que ela entrasse em casa e eu parti dali, em direção ao hotel em que as minhas malas estão. Subi direto para o meu quarto e tomei banho, então fui me deitar. Eu passei a noite virando na cama como um bife na frigideira. Não estou duvidando da minha paixão por Gabriela, mas temo que Sílvia conte sobre o nosso caso, o que eu planejo contar quando eu conhecer melhor a minha namorada.

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