Capítulo 15 - Chantagem funciona

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GABI
  Eu olhei para a porta e joguei o pacote de volta pra debaixo da cama.

— O que era aquilo que você jogou debaixo da cama? — Gustavo pergunta, fechando a porta e caminhando até mim, se abaixando ao meu lado pra tentar ver o pacote. Eu seguro nos dois ombros dele e olho pra ele.

— Não é nada que te interesse. — Solto ele e o mesmo me olha com a sobrancelha arqueada.

— Cê tá usando drogas, Gabriela? — Pergunta e eu faço um chiado na boca e tampando a boca dele. — Mentira. — Diz, baixo.

— Não é meu, ok? — E ele cerra os olhos.

— Se tava debaixo da sua cama, então é seu sim. — E eu bato a mão na testa, suspirando.

— Eu tô falando que não é.

— Então é de quem? — E eu penso durante um tempo.

  Eu não posso falar que é do Miguel porque não é certeza e também não quero que esse pangaré abra a boca pros meus pais. É, o que a gente não faz pra salvar um namorado?

— Eu não uso...só tô repassando pra uma amiga... — E ele arqueia a sobrancelha com um sorriso maroto. — O que você quer?

— Eu quero que você faça todos os meus trabalhos da escola e todas as lições pro resto do ano. — Sorri.

— Gustavo, você... — E ele dá um sorrisinho. — Ok.

— Ótimo. — Se levanta, caminha até a mochila dele e tira um caderno e a bolsa de lápis, colocando encima da escrivaninha. — Tchau. — Sai do quarto e fecha a porta.

  Afundo a minha cara no colchão, gritando. Eu não faço nem as minhas lições, imagina as dele.

  Sem delongas, me levantei, me sentei no banco da escrivaninha e comecei á fazer a lição de matemática dele. Com dificuldade, comecei á coçar a cabeça com cara de confusa. Eram quase duas da tarde quando minha mãe apareceu no quarto.

— Você não vai almoçar?

— Oi? — Olho pra ela e ela dá um sorrisinho falso. — Almoçar?

— Não, Gabriela. Jantar num restaurante chique. — Ela me olha. — A comida vai esfriar.

— Ok. — Fecho o caderno e ela olha para o mesmo.

— Calma, esse caderno não é do Gustavo? — Questiona e eu puxo a mão dela pra fora do quarto.

— Sim, mãe. Eu peguei um dinheiro da mesada dele emprestado e eu paguei de volta fazendo algumas lições pra ele. — Arrasto minha mãe até a cozinha e ela para e se solta.

— Sei. — Me olha de cima á baixo e vai em direção á lavanderia. — Seu pai foi levar o Gustavo na casa da sua tia.

— Pra que? — Caminho até o fogão e tiro o meu prato, andando tranquilamente até a mesa.

— Sua vó falou que queria ver ele.

— Por que será, né? — Questiono, me sentando sobre a mesa.

— Como assim, Gabriela? — Abre a tampa da máquina.

— A vó dá dinheiro pro Gustavo. Isso não é de hoje. — Eu dou uma garfada na minha lasanha.

— Ela te dava dinheiro também quando você era pequena. — Coloca algumas roupas dentro da máquina de lavar. — Você não pode falar nada.

— Dava, quando eu tinha sete anos. O Gustavo já tem quase doze anos, mãe. — Digo, de boca cheia.

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