1. I Have a Crush On You

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- Como pode listar as suas qualidades senhor Byun Baekhyun? – o tom de voz grave do homem ecoava pelo local.
Havia chegado a sua vez.
Baekhyun sempre sentia um frio tomar conta de seu estômago em entrevistas de emprego e aquela era mais uma dessas incontáveis vezes. Seus olhos pequenos ficaram levemente arregalados, as bochechas coradas pela pequena paralisia causada pelo nervosismo. A armação dos óculos insistia em escorregar por seu nariz, fazendo com que o rapaz tivesse que arrumá-la com uma frequência maior de vezes. Seus lábios ficavam secos, a consequência disso era o seu aparelho ortodôntico grudar nesses o tempo todo. E o seu cérebro havia parado de funcionar por poucos segundos com a simples pergunta do entrevistador. Por que sempre tem que ser assim? Pensava o rapaz que se repreendia mentalmente.
Toda a crise de pânico do rapaz durou apenas poucos segundos, mas para esse foi quase uma eternidade. Principalmente quando ele tinha aquele olhar avaliador e julgador sobre si.
Baekhyun se levantou da cadeira na qual estava sentado, fez uma reverência perfeita com um ângulo de quarenta e cinco graus, por fim começou a falar em meio ao nervosismo:
- Sou esforçado, trabalho bem em equipe, possuo um bom relacionamento com as pessoas, estou sempre ao dispor, o que faz com que me considere alguém prestativo. E sempre procuro evoluir assim como evoluir também o ambiente no qual trabalho. – sentia o aparelho grudar cada vez mais em seus lábios.
Depois da sua fala, tudo o que conseguiu ser ouvido foi o silêncio, já que o rapaz não conseguia ouvir nada do que os entrevistadores diziam entre si. Isso o deixava ainda mais nervoso, suas mãos transpiravam, ele engolia em seco e ainda era observado pelos outros candidatos que entraram na sala junto com ele.
Um dos entrevistadores segurou o currículo de Baekhyun em uma de suas mãos, sorriu de forma mecânica para o rapaz e disse logo em seguida:
- Senhor Byun, apreciamos que tenha escolhido a K-Beauty para trabalhar. Quando tivermos respostas, faremos uma ligação.
E assim Byun Baekhyun soube que não seria contratado.
Era sempre daquele modo, os entrevistadores sorriam, diziam que iam ligar e nunca ligavam. Fazendo com que ele sempre acabasse ajudando seu pai a fazer entregas do seu restaurante de frango frito.
A sua face era inexpressiva enquanto reverenciava os entrevistadores mais uma vez e saía da sala. Só que seu interior era uma completa bagunça pela pressão que colocava em si. Afinal, ele já estava beirando os vinte e sete anos e nunca havia conseguido um emprego em uma empresa que faria os outros se orgulhar de si. Nem mesmo com o seu diploma da universidade de Seul.
Ele Ele caminhava devagar pelos corredores da empresa, quando um pouco mais a frente viu duas meninas que estavam consigo na sala de entrevistas. Elas gargalhavam e diziam algumas coisas entre si como as seguintes que Baekhyun não conseguiu deixar de ouvir:
- Uah, você viu aquele cara? Acha mesmo que ele vai conseguir a vaga?
- Claro que não. – a segunda franzia o cenho parecendo estar com nojo. – Já viu a aparência dele? As roupas? Ele não tem senso nenhum. O que ele devia ter na cabeça quando veio a uma das revistas mais famosas de moda?
- Conseguir uma vaga de emprego assim como vocês. – Baekhyun intervinha no meio das duas, que o fitavam surpresas. Elas escondiam até mesmo um pouco de suas faces em seus cabelos. – Além do mais eu me visto como eu me sinto bem. Não preciso ter ninguém ou uma revista qualquer me dizendo o que devo ou não fazer ou vestir. Passar bem. – completou saindo dali.
Baekhyun soltou um suspiro pesado quando saiu do edifício. O rapaz estava longe dos padrões de beleza impostos por aquela sociedade. Seus cabelos castanhos estavam sempre engranhelados e desarrumados em sua cabeça. Ele era míope e não conseguia enxergar nada sem seus óculos fundo de garrafa. Seus olhos, com os óculos, pareciam maiores do que realmente eram. Seu sorriso era metálico por conta do aparelho ortodôntico que usava em seus dentes. Sua face era fina, mas as maçãs do rosto eram altas, o que fazia com que ele fosse um pouco bochechudo. Ele também possuía um charme a mais que eram as sardas em seu rosto. Baekhyun também não tinha o corpo definido e também não estava acima do peso, ele era considerado aquele típico falso magro que tinha uma pancinha de nutella.
E ele tinha um gosto peculiar para se vestir. O garoto não ligava para o que estava na moda, o que era tendência, o que as revistas ditavam. Como se fosse possível, Baekhyun fazia a sua própria tendência. 
Para a entrevista de emprego, ele vestiu uma camisa de mangas cumpridas xadrez em tons verde claro e escuro, uma calça social cinza com suspensórios, calçou seu all star preto de cano longo e por fim colocou uma gravata borboleta vermelha sobre o colarinho da sua blusa.
Por poucos momentos ele chegou a pensar que as pessoas naquele prédio riam dele por conta da sua gravata borboleta. Baekhyun ainda conseguia ouvir os protestos de sua irmã gêmea, Baekhyuna, ao vê-lo com aquilo. Todavia o rapaz logo soube que não era a sua gravata, o motivo das risadas era simplesmente Byun Baekhyun, já que ele era apenas considerado mais um esquisitão e sem senso pelas pessoas da K-Beauty.
- Vou ter que continuar olhando os classificados. – sussurrava para si.
- Por que está com essa cara de quem comeu e não gostou? – a voz de sua irmã ecoou em seus ouvidos. – Foi a gravata não é mesmo? Eu disse para não usar essa coisa horrorosa junto com a blusa, mas como sempre você não me deu ouvidos.
Baekhyun olhou para a figura da sua irmã parada diante de si. Ela era praticamente a sua versão feminina, só que com muito mais senso de moda do que o rapaz. Seu cabelos castanhos desciam em ondas pelas suas costas por conta do babyliss. Sua face era fina, de feições delicadas e muito bem maquiada com batom vermelho, lápis que realçava o castanho daqueles olhos pequenos. Ela era magra, estava sempre em uma dessas dietas que saía nas revistas, nos programas de variedades, etc. Baekhyuna vestia uma camiseta branca, por cima dessa uma jaqueta de couro preta, calça jeans e calçava um tênis branco. A mulher despertava a atenção de alguns homens que passavam por ali. A moto que ela pilotava também estava atrás de si.
- Não foi a gravata borboleta. – ele suspirava mais uma vez com os ombros caídos.
- Foi sim. Consigo ver isso pela expressão em seu rosto. – ela cruzava os braços rente ao corpo. 
- Não foi. – desta vez ele fazia um pequeno bico com seus lábios.
- Não tem outro motivo para terem rido além dessa gravata horrorosa. Tira isso, por favor. 
Baekhyun piscou algumas vezes com uma expressão no rosto que indicava: eu sou o míope daqui e ela que não enxerga as coisas. 
- Baekhyuna, olhe bem para mim. Eles riram por minha causa, não por causa da gravata. Eu sou a própria piada.
- Shhhh. – ela pousava o dedo indicador em seus lábios. – Essas pessoas não sabem nada sobre você e além do mais o meu Baekkie não tem nada de piada. O meu irmãozinho é fofo. – ela se aproximava e para apertar as bochechas do menor.
- Ei ei, estamos na rua. Pare com isso, está me envergonhando. – as suas bochechas coravam. 
-Aigoo, meu Baekkie. – em provocação a menina continuava a apertar as bochechas do rapaz. 
- Para com isso! – ele se soltava de sua irmã passando a mão em suas bochechas. – Aish! – completava com um biquinho.
Tudo o que Baekhyuna fez foi gargalhar em resposta, jogar um dos capacetes para seu irmão e dizer:
- Anda logo, vamos para casa.
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- Já acabaram de maquiá-lo? – uma voz feminina ecoava pelo backstage.
- Não, mas falta pouco para a finalização. – o maquiador respondia.
- Ande logo, nós precisamos de Chanyeol em até cinco minutos. – a voz rebatia.
Park Chanyeol se mantinha imóvel naquela cadeira enquanto era maquiado. Seu ar superior rondava a todos daquela sala, seus olhos grandes eram afiados e julgadores. Os lábios cheios estavam entreabertos fazendo com que um suspiro pesado escapasse por esses.
O rapaz era um dos modelos queridinhos da Coreia do Sul, estava no auge da sua fama, todos o queriam, ele era desejado pelas mulheres e não era por menos. Chanyeol possuía uma beleza exótica e um corpo escultural. 
Ele havia entrado no ramo da moda por conta de seu pai, ceo da revista K-Beauty, e agora seguiria os passos de seu progenitor. Além de continuar modelando, Chanyeol gerenciará uma das revistas de moda mais influente do país.
E isso influencia diretamente em sua personalidade. O modelo era considerado antipático, mesquinho e um Don Juan completo. Ou seja, Chanyeol não era um dos melhores tipos de pessoa e sempre que podia estava envolvido em algum escândalo com os tablóides.
- Chanyeol! Chanyeol! – a voz de Lay ecoava em seus ouvidos.
O modelo apenas se limitou a olhar de forma superior para o seu assessor, que vinha correndo com uma expressão desesperada em sua face.
- O que foi Lay? – ele perguntava sem expressão alguma. 
- Você está nos tablóides mais uma vez. – apontava para a notícia no tablet.
Um suspiro pesado escapou por seus lábios.
- O que foi dessa vez?
- Fotografaram você bêbado, agredindo um outro paparazzi que o viu acompanhado por outra mulher sem ser a sua noiva. 
- Isso  é falso. – ele afirmava simplesmente, mas sabia que da veracidade daquela história.
Chanyeol detestava aqueles paparazzi que o seguiam durante as vinte e quatro horas do dia. Ele nem sequer conseguia dar as suas escapadas de forma eficiente. Aquela perseguição já durava meses e o modelo já estava saturado de tudo aquilo. 
- O que iremos fazer? Você não pode ficar com uma má reputação. – Lay parecia surtar com o seu nervosismo.
- Tente abafar essas notícias antes que o meu pai a veja.  E isso não dará em nada. Sou Park Chanyeol, o queridinho da Coreia. As pessoas me amam. Esse paparazzi será massacrado pelos netizens. 
Em meio ao diálogo, o telefone celular do rapaz começou a tocar. Seu dedo indicador se ergueu para mostrar ao maquiador que era o momento de parar com tudo por alguns instantes e logo em seguida pegou o aparelho em seu bolso ao mesmo tempo que observava a chamada de seu pai no visor. 
Ele estava ferrado, completava em pensamento.
-Alô? – seu tom de voz era hesitante.
- Eu não acredito que se meteu em outro escândalo Chanyeol! – seu pai gritava do outro lado da linha.
- Pai...
- Não tem nada de pai. Você já tem vinte e sete anos! Quando vai cair a ficha de que você não é mais um adolescente imprudente e vai ter as suas responsabilidades?
- Desculpe-me. Prometo que isso não irá mais acontecer.
- Não tem que pedir desculpas para mim. Deve isso ao paparazzi que agrediu Desta vez não irei lhe ajudar, quero saber como sairá disso. Afinal, você agora é o Ceo da K-Beauty, precisa assumir as suas responsabilidades.
- Pai... – Chnayeol iria rebater, mas o mais velho já havia encerrado a ligação. – Aish! Eu estou literalmente ferrado!
- O que o seu pai disse? – Lay estava curioso.
- Estou mais preocupado com o que ele não disse. Com toda a certeza está aprontando alguma para mim. 
Enquanto isso, na mansão dos Park, Tae Pyo analisava os currículos dos candidatos a vaga de emprego na K-Beauty. Ele passava as folhas com um brilho de tédio em seu olhar, por vezes aquilo se mostrava algo difícil. Entretanto, ao chegar em um determinado currículo, a sua sobrancelha se ergueu em curiosidade e um sorriso surgiu em seus lábios.
Até que aquele era interessante, ele pensava consigo mesmo. 
°°°°°°°°°
O cheiro de frango frito ficou ainda mais forte nas narinas de Baekhyun quando este entrou na loja de seu pai acompanhado de sua irmã. O homem ao ver seu filho pela janela da cozinha parou de imediato de fritar os frangos e foi ao encontro desse com uma expressão ansiosa em seu rosto.
- E então? Como foi a entrevista?
- Não sei muito bem pai. – Baekhyun baixava os olhos. – Tentarei não criar muitas expectativas e continuar procurando alguma coisa nos anúncios.
- Por que? Acha que não foi bem? – o sorriso no rosto do homem começava a desabar enquanto observava a expressão tímida e desapontada de seu filho.
- Eu disse para ele não usar essa gravata horrível. – Baekhyuna intervia na conversa. – Aquela não era uma revista de moda qualquer, era a K-Beauty. Acha que iriam aceitar um troço desses? – completava arrancando a gravata.
- Ei, por que não seguiu o conselho da sua irmã? Aish!
- Pai, a questão não é a gravata. Eu não estou dentro dos padrões exigidos por aquela empresa. 
- Que padrões? – o homem franzia as sobrancelhas em curiosidade. 
- Ah pai, o senhor sabe. Beleza, ser magro, estar na moda, esse tipo de coisa.
- Eu não dei a melhor educação para o meu filho para  que o rejeitassem pela sua aparência. Inteligência e um bom currículo conta muito mais do que o externo.
- É isso mesmo. – sua irmã concordava com seu pai. – Além do mais, vamos fazer uma aposta.
- Que tipo de aposta. – o espírito competitivo de Baekhyun começava a aparecer.
- Se em até cinco minutos você receber uma ligação da K-Beauty dizendo que foi aceito, você me levará a um desfile de moda em que Park Chanyeol participará. Se a resposta for negativa, você pode escolher o que quer ganhar. 
- Por que Park Chanyeol? – Baekhyun fazia um biquinho em resposta. Ele nem mesmo sabia quem era esse modelo direito.
- Porque ele é o modelo mais gato de todos os tempos e eu quero conquistar o coração desse homem ou pelo menos beijar aqueles lábios carnudos. – os olhos de Baekhyuna chegavam a brilhar com as cenas que criava em sua mente. A mulher era uma grande fã do modelo e tinha uma queda por esse. – E então? Aceita? – completou estendendo a mão no ar.
A proposta de pedir qualquer coisa para a sua irmã lhe era muito tentadora. Baekhyun sorria discretamente pelo canto dos lábios enquanto pensava no que poderia pedir, havia tantas coisas. Porém, ele já ficava feliz com um caderno novo de desenho e claro, Baekhyun faria sua irmã afirmar por um dia que detestava esse tal de Park Chanyeol, já que nunca foi chegado a modelos, por estes incutirem e reforçarem ainda mais a ideia de um padrão.
- Aceito. – sua mão apertou a de Baekhyuna. – Você verá o que eu irei pedir.
- Está tão confiante assim de que irá ser rejeitado?
- Só quero ganhar a aposta para ver a sua reação com o que irei pedir.
- Byun Baekhyun, o que está tramando?
- Segredo. – uma gargalhada escapava por seus lábios.
- Baekhyun. – a voz da mulher saía em um rosnado.
- Ei, parem com isso. – o mais velho se colocava entre os dois.
Nesse curto período de tempo, o telefone celular de Baekhyun começou a tocar. De forma estranha, seus lábios ficaram secos, um aperto tomou conta de seu peito e ele sentia vontade de ir ao banheiro. Esses sintomas eram da tão famigerada ansiedade. Ele queria ganhar a aposta, mas também queria perdê-la. Era uma antítese sem fim.
Sua mão esquerda pegou o aparelho no bolso de sua calça, fazendo com que o rapaz percebesse que se tratava de uma ligação feita por um número privado. As batidas de seu coração ficaram cada vez mais aceleradas.
- Alô? – o seu tom de voz tremulou um pouco quando atendeu a ligação.
- Senhor Byun Baekhyun? – a voz de uma mulher soou em seus ouvidos.
- Ele mesmo. – agora o rapaz fitava o rosto de seu pai e de sua irmã. Eles pareciam tão ansiosos quanto o próprio.
- Boa tarde senhor Byun. Chamo-me Shin Min Na, sou do RH da revista K-Beauty e estou ligando para informar que o seu currículo foi selecionado. Parabéns, você é o mais novo funcionário dessa revista de sucesso.
Baekhyun sentia suas pernas fraquejar e seu coração parar de bater por poucos segundos. Era como se o tempo tivesse parado, depois de muito tempo a procura de um emprego o rapaz finalmente conseguira um. O moreno se encontrava em um estado de êxtase tão grande que nem sequer conseguia sorrir, ele só conseguia fazer uma careta. Coisa que deixava o seu pai e a sua irmã ainda mais ansiosos.
- Senhor Byun? Ainda está na linha? Alô? – a voz da mulher tornava a chegar em seus ouvidos fazendo com que retornasse a realidade.
Baekhyun não estava sonhando. Ele havia mesmo conseguido.
- Er...sim. Me desculpe.
- Precisamos que o senhor comece amanhã mesmo. Por favor, chegue aqui às nove horas que lhe informaremos a sua função.
- Ok. Eu irei.
- Até amanhã. 
- Até.
A ligação foi encerrada.
- É melhor falar logo o que está acontecendo, porque nós não estamos nos aguentando de curiosidade aqui. – corrigindo, Baekhyuna que não conseguia controlar a sua curiosidade. – E então? Quem era?
Baekhyun piscou algumas vezes em resposta, passou a mão por entre os cabelos e disse: 
- Você ganhou a aposta. Consegui o emprego.
- ISSO! Eu sabia que o destino está conspirando ao meu favor para que Park Chanyeol seja meu. – ela dava pulinhos de comemoração.
- Espera, não está feliz por mim? Eu finalmente irei trabalhar. – o rapaz estava um pouco irritado com a reação de sua irmã.
- Ah, claro, claro. Parabéns pelo emprego novo. – ela olhava para seu irmão de canto de olho enquanto gesticulava com as mãos. – Eu irei conhecer Park Chanyeol! E você irá me levar a qualquer desfile que ele estiver. Se não o fizer, pode se considerar um homem morto. – seu olhar se tornou afiado em meio a ameaça.
- Aish! Sua punk.
- Que tal comemorarmos? – Goong Bae sempre dava um jeito de amenizar o clima tenso entre os gêmeos. – Uah, meu filho estará trabalhando em uma empresa influente. Sua mãe estaria feliz se estivesse aqui agora. – completava dando um abraço no jovem.
- Pai, por favor, nada de chorar. – ele já sentia a sua camisa ser molhada pelas lágrimas.
- Chorar? Eu não estou chorando. – o tom de voz já era trêmulo.
- Aham. Acreditamos pai. – os gêmeos falaram em uníssono.
- Aish! Seus ingratos. – Goong Bae se soltava de Baekhyun revelando seus olhos vermelhos. – Hoje teremos frango frito por minha conta. Vamos comemorar a conquista de Baekhyun. 
- Na verdade é mais para comemorar a minha conquista do que a do meu irmão. Afinal, eu ganhei a aposta.
- Aish! Tomara que esse tal de Park Chanyeol lhe rejeite. – o rapaz dizia irritado.
- Você não disse isso. – Baekhyuna direcionava um olhar  mortal para o irmão 
- Disse sim. E repito, você não vai conseguir ficar com ele. – Baekhyun dava a língua para a sua irmã enquanto começava a correr pela loja em meio aos poucos clientes que ali estavam.
- Aish! Seu bastardo! Volte aqui! Irei matá-lo. – a mulher saiu correndo atrás de seu irmão.
Tudo o que Goong Bae fez foi gargalhar. Ele ainda não conseguia acreditar que mesmo seus filhos tendo vinte e sete anos ainda pareciam duas crianças. Seu olhar possuía um brilho nostálgico enquanto observava os gêmeos quase se atracarem no meio do restaurante e seus lábios sussurraram algo que fez o seu coração se aquecer.
- Sun Hee, você estaria orgulhosa dos nossos filhos agora. Não nesse exato momento, quero dizer. Mas ficaria feliz de ver o tipo de homem e mulher que Baekhyun e Baekhyuna se tornaram.
- Peça desculpas! – a mulher gritava ao mesmo tempo que puxava uma mecha de cabelos de Baekhyun.
-Aish! Vocês dois, parem já com isso. – o mais velho afirmava indo apartar aquela briga. 
É, seus filhos eram eternas crianças, pensava gargalhando em sua mente. 
°°°°°°°°°°°
Baekhyun não conseguiu dormir direito por conta da sua ansiedade. Ele rolou em sua cama a noite inteira enquanto pensava no que poderia acontecer em seu primeiro dia de trabalho.
Dito isto, exatamente às oito e cinquenta e cinco minutos da manhã ele estava parado em frente ao prédio da K-Beauty. 
O rapaz havia colocado a sua melhor roupa que consistia em uma calça social cinza, seu all star preto de cano longo, uma camisa de meia manga branca por debaixo do suéter amarelo sem mangas. Desta vez Baekhyun seguiu o conselho da sua irmã e não usou gravata. Havia um relógio de pulso em seu braço esquerdo, uma bolsa de couro transpassada em seu corpo, seus cabelos estavam um pouco bagunçados e os óculos deixavam seu olhar com um aspecto muito mais intimidado do que estaria se estivesse sem eles.
Baekhyun respirou fundo ainda olhando para aquele prédio quando disse baixinho:
- Vamos lá Baekhyun. Você consegue.
Foi nesse mantra interno que o rapaz começou a andar e antes de conseguir entrar no prédio foi atropelado por alguém que esbarrou com força em seu corpo fazendo com que caísse de joelhos no chão. 
- Aish! Vê se olha por onde anda! – praguejava irritado ao se levantar.
O rapaz alto, de cabelos platinados, rosto longo, olhos pequenos e puxados, lábios finos e rosados, apenas fitou Baekhyun por sua visão periférica enquanto virava um pouco o rosto para observar quem tinha dito aquilo. O canto de seus lábios se contorceram em um sorriso. Oh Sehun achava que o desconhecido parecia um daqueles personagens fofos de anime com aqueles óculos fundo de garrafa, as roupas, assim como não poderia deixar de achar um tanto engraçada a expressão raivosa no rosto deste.
- Foi mal. – ele se desculpava erguendo uma de suas mãos enquanto se virava e continuava a correr em direção ao prédio.
Baekhyun percebeu que um dos fones havia caído de seus ouvidos e ali, ouviu ao longe a música Shangai Romance do Orange Caramel tocar no fone caído. Uah, quem ele pensava que era para sair daquele jeito? Pensava o garoto ainda irritado.
Não havia outra escolha a não ser se levantar e continuar a caminhar com a cabeça erguida fingindo que ninguém o vira cair. E Baekhyun fez exatamente isso. Segurando a alça de sua bolsa com muito mais força do que antes, seus passos eram pesados e rápidos em sua caminhada em direção ao prédio.
Ao entrar no edifício, ele sentiu olhares sobre si. Algumas pessoas até cochichavam, entretanto o rapaz procurava não se importar muito e seguia o se caminho. Ele entrou no elevador indo até o andar em que estava mencionado na mensagem.
O percurso durou pouquíssimos minutos, logo que as portas do elevador se abriram, Baekhyun se deparou com um enorme balcão e ali estava sentado um secretário chamado Kim Heechul, pelo o que se conseguia ler em seu crachá.
Baekhyun se aproximava de forma tímida e disse baixo: 
- Bom dia. Eu estou procurando a Shin Min Ah do RH.
- Senhor Jesus Cristo, o que é isso?  - Heechul disse em um impulso quando se assustou ao ver a figura do rapaz a sua frente. – Ela está lá dentro. – apontava com a lixa de unha fitando Baekhyun com nojo, como se ele fosse de outro mundo.
- Obrigado. – saiu andando.
Seus olhos permaneceram hipnotizados por alguns segundos enquanto via aquelas pessoas atarefadas andando de um lado para o outro com portfólio de fotos, amostras de tecidos, versão teste da edição que seria lançada em breve nas bancas, os telefones não paravam  tocar um minuto sequer. Os funcionários não pareciam ter tempo para respirar. E o lugar era elegante com seu lustre, escada, telões, computadores de última geração.
Baekhyun se sentia como um peixinho no meio dos tubarões.
- Ei, quem é você? – uma mulher de voz anasalada indagou a Baekhyun.
Ele olhava a figura feminina que se aproximava de si. Ela se encaixava em todos os estereótipos daquela empresa. Apelava para a aparência vestindo-se bem e com roupas decotadas, um batom vermelho pintava seus lábios, seus cabelos eram longos e ondulados, os olhos possuíam um brilho soberbo como todos os outros.
- Estou esperando a Shin Min Ha do RH. Ela disse que se encontraria comigo aqui. Desculpe-me ter esquecido de me apresentar, sou Byun Baekhyun, o mais novo empregado desta revista.
- O que? Só pode estar mentindo não é mesmo? Quem contrataria você?
- Tenho uma mensagem do RH em meu celular. Posso lhe mostrar se quiser.
A mulher explodiu em gargalhadas de deboche.
- Só pode estar de brincadeira não é mesmo? O que ganharia dizendo que trabalha aqui? A K-Beauty não dá esmolas a mendigos como você.
- Ei, retire o que disse. – o rapaz começava a se irritar.
Baekhyun conseguia ler no crachá daquela mulher o nome Nam Ron Sae escritos nos ideogramas em hangul. Seus olhos se estreitavam e o rapaz já começava a detestar aquela mulher por inteiro.
- Quem você acha que eu sou?
- Ninguém que me interessa. – o jovem a fuzilava com o olhar. – Agora, se me der licença, irei me encontrar com a mulher do RH.
- Não vai não. Seguranças, podem levá-lo. – ela chamava os dois armários, vulgo homens, que estavam do outro lado da porta. 
- Eu não irei sair daqui! – dessa vez Baekhyun berrava. – Sua maluca! O que pensa que está fazendo? – completou se debatendo quando sentiu ser agarrado pelos seus braços.
- Você é apenas um aproveitador que acha que trabalha aqui. 
- O que?! Me soltem! Eu não irei embora daqui!
Antes que mais alguém pudesse falar alguma coisa, uma voz masculina soou como um trovão no meio daquele lugar fazendo todos se calarem.
- O que está acontecendo aqui?!
Foi então que Baekhyun o viu. Aquele a sua frente era Park Chanyeol. Ele só sabia por conta de uma foto que sua irmã havia lhe mostrado no dia anterior. 
O modelo tinha uma postura ereta, ar de superioridade, os cabelos pretos estavam arrumados e alinhados. Os olhos grandes e castanhos eram tão ameaçadores quanto os de um felino sobre a sua caça. Os lábios cheios e vermelhos estavam entreabertos. Baekhyun nem mesmo havia notado as orelhas um pouco grandes do modelo que lhe davam um ar sexy. Chnayeol vestia um terno preto riscado de linho branco, gravata preta e calçava sapatos sociais.
Os olhos do menor brilhavam, seu coração acelerava e suas mãos começavam a transpirar. Ele era muito mais bonito pessoalmente.
- Não é nada presidente. Apenas esse rapaz acha que trabalha aqui. – Ron Sae baixava o olhar.
Chanyeol olhou para Baekhyun ainda com altivez e franziu as sobrancelhas em desaprovação àquele visual. O rapaz era horrível, isso era inegável para o presidente.
- Solte-o. – ordenava aos seguranças.
- Mas presidente...
- Solte-o. Quem dá as ordens aqui sou eu, você é só mais uma empregada qualquer. – a mulher se encolhia com aquele olhar duro. – E você? O que veio fazer aqui? – se direcionava ao rapaz.
Baekhyun perdia o fôlego, ele estava inebriado com aquela visão, com a voz grossa, ele se sentia nas nuvens observando Chnayeol. Era como se o modelo tivesse arrebatado o rapaz. 
Seu coração batia tão rápido que poderia saltar pela sua boca, ele sentia borboletas em seu estômago e de alguma forma Park Chanyeol parecia atrair Byun Baekhyun para o seu polo magnético.
- Ei, estou falando com você? O que veio fazer aqui? – o modelo repetia a pergunta mais incisivo.
- Olha só que incrível. Vejo que já conheceu o seu mais novo secretário. – o pai de Chanyeol disse atrás de si com um sorriso no rosto. 
- O quê?! – a expressão de surpresa tomava conta da face do moreno. – Ele? O meu secretário? – completou olhando para o seu pai que tinha um sorriso no rosto que dizia: achou que eu fosse deixar barato pelo escândalo nos jornais?
Alheio a tudo isso, a única coisa que Baekhyun conseguia pensar era: acho que estou apaixonado.

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