3. Do amor ao ódio em menos de um segundo

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O abraço entre Chanyeol e He Ra durou poucos segundos. Logo assim que a mulher se separou de seu noivo, ela se deparou com Baekhyun parado na porta, com uma expressão constrangida em seu rosto, e se assustou com a figura do rapaz.
- Quem é ele? – ela esboçava a mesma cara de repúdio das outras pessoas.
O presidente pigarreou antes de dizer:
- Ele é Byun Baekhyun, o meu secretário.
- Seu o quê? – havia incredulidade em sua voz.
- Secretário. – o menor fazia questão de responder com um sorriso no rosto.
- Ah. – Megan falava com um sorriso que mais parecia uma careta enquanto voltava a fitá-lo com nojo da cabeça aos pés. – É um prazer em conhecê-lo. – não era nada.
- Senhor presidente, se me der licença, voltarei ao meu trabalho. – Baekhyun fazia uma pequena reverência.
- Er...claro. – ele parecia estar voltando a si.
Quando se encontraram sozinhos, Megan se afastou de Chanyeol, soltou uma gargalhada de escárnio e apontou para a porta.
- Aquilo é o seu secretário? Não pode ser. 
- É. A ficha ainda não caiu para mim também. – um sorriso cansado tomava conta de sua face. – Meu pai e seus castigos malucos. – completava em um pensamento alto.
- Seu pai não acha que você já está grandinho para fazer esse tipo de coisa?
- He Ra, você sabe como o meu pai é. – Chanyeol sabia que não poderia remar contra a maré por mais que tentasse.
- E além do mais, onde ele achou aquele bagulho?
- O que veio fazer aqui He Ra? – Chanyeol já estava cansado de ouvir sobre como o seu secretário era desengonçado, esquisito e feio. Ele já sabia de tudo isso.
A mulher se surpreendeu com a forma que seu noivo se esquivou daquele assunto, como se quisesse dar aquilo por morto e encerrado. Ela observava também que ele passava os dedos de sua mão em sua nuca, suas sobrancelhas estavam franzidas indicando que estava pensativo.
E de fato o modelo estava. Chanyeol por breves momentos parou para pensar na situação que acabara de acontecer finalmente tomando ciência de que estava devendo algo a Baekhyun. Com o rapaz funcionava assim, se alguém o ajudasse a sair de uma situação extrema, ele retribuiria com algo em troca, só que o modelo detestava dever algo para alguém, principalmente se esse alguém for o seu secretário.
- Aish! Por que isso foi acontecer? – sussurrava baixinho para que somente ele ouvisse suas lamentações.
- O que disse? – Megan começava a perceber o clima estranho que pairava naquela sala.
- Hã? – seu olhar ia para o rosto da mulher com uma expressão curiosa. – Nada. E então? O que veio fazer aqui?
- Vim almoçar com o meu noivo. Não posso? – ela se jogava nos braços de Chanyeol enlaçando os seus no pescoço do presidente.
- Claro. – um sorriso amarelo surgia em seus lábios.
- Podemos ir? – Megan depositou um selinho naqueles lábios carnudos.
O presidente apenas acenou de forma positiva com sua cabeça e assim saíram de seu escritório. Nos corredores todos os encaravam. Megan como sempre estava com sua expressão altiva e o braço entrelaçado no do modelo, enquanto que Chanyeol mantinha sua expressão sisuda. Para os funcionários aquele era o casal perfeito.
Yoo Ra fechou a cara, fez um bico e sussurrou ao ver a expressão plácida no rosto de Megan:
- Vaca.
Chanyeol continuava a caminhar tranquilamente, até que ele percebeu que Baekhyun estava a lhe fitar. Uma expressão triste, talvez, pairava em seu rosto, mas logo assim que percebeu a retribuição do olhar logo tratou de colocar um sorriso, mostrando todos os seus dentes, em seu rosto e acenou de forma discreta para o presidente.
Chanyeol sentiu seu estômago revirar, seu rosto parecia ficar verde. Eu estou devendo um favor para ele...irei ter de fazer o que Baekhyun me pedir, ele pensava já sentindo vontade de vomitar com aquela ideia.
- Você está bem? – Megan sussurrava em seu ouvido quando entraram no elevador.
- Acho que comi algo de manhã que me deixou indisposto.
Baekhyun continuou sorrindo e acenando até as portas do elevador se fechar. Quando tudo que o modelo conseguia ver eram as portas de metal daquele elevador, um suspiro pesado escapou por seus lábios. No que eu fui me meter? Ele pensava em martírio.
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Baekhyun não conseguia tirar da cabeça aquela cena de seu chefe quase sem camisa e despenteado. Assim como aquele olhar que mais parecia um pedido de socorro silencioso enquanto desfilava pelos corredores da empresa também não saía de sua mente.
- Aish! O que eu irei fazer? – seus dedos bagunçavam ainda mais seus cabelos.
Ele detestava se sentir incomodado daquele jeito. O secretário parecia tomar as dores de Chanyeol para si. Na verdade, o rapaz parecia respirar Park Chanyeol. Por mais que isso possa soar obsessivo, não é nem um pouco.
O que Baekhyun não consegue compreender é o fato de aquele presidente, que mais parece um galã de dorama, não sair de seus pensamentos por um segundo sequer do dia, sejam estes em admiração ou não, assim como suspirava ao vê-lo, sentia seu coração bater mais forte, suas mãos transpiravam, e ele parecia um adolescente de dezessete anos que estava tendo a sua primeira paixão.
Paixão. Essa palavra estalou como uma pipoca em sua mente, ela surgiu em um rompante e pareceu fincar raízes ali mesmo. Seus olhos se arregalaram ao mesmo tempo em que parecia analisar todos os fatos, todas as suas mudanças comportamentais e até mesmo a forma como agia igual a um idiota quando estava perto dele, de Park Chanyeol.
- Não pode ser. – apoiava os cotovelos sobre a mesa, deslizando seus dedos por entre seus cabelos. – Não pode ser. Será que é isso mesmo? Eu não estou enlouquecendo?
- Enlouquecendo eu não sei, mas você está esquisito falando sozinho. – Sehun voltava para a mesa do secretário.
- Você não tem trabalho para fazer?
- Ter eu até tenho. Mas posso deixar para depois. – Sehun sorria com os lábios e os olhos.
- Nossa. – um bico surgia nos lábios de Baekhyun. – Você é um dos melhores exemplos de funcionário, para não dizer o contrário.
- Não sei se eu fico feliz ou ofendido por ouvir isso sr. Risadinhas.
- É para ficar ofendido mesmo, shangai boy.
- Aigoo, a sua língua é tão afiada assim? – o platinado fez uma expressão de que realmente se sentia ofendido, porém era tudo atuação de sua parte.
E Baekhyun acreditou.
- Me desculpa. Estou com a cabeça cheia e tem algumas coisas que...argh! Estão me matando.
- Eu disse que ele está apaixonado. Park Chanyeol é irrestível. Iupi! – Heechul disse enquanto estava sentado em sua cadeira de escritório com rodinhas deslizando-a por aí.
- Heechul... – Sehun gargalhava baixo.
- Ai meu deus, o que eu faço? – ele enterrava cada vez mais seus dedos por entre os cabelos castanhos.
- Ei! Recomponha-se! – Sehun sacolejava os ombros do secretário.
- Desculpa. – um biquinho surgia naqueles lábios finos.
- Vixi, essa paixonite já está indo para o estágio avançado. – Heechul dizia enquanto passava com a cadeira voltando para o seu lugar.
Baekhyun apenas o acompanhava com o olhar baixando os ombros e soltando um suspiro que o denunciava, fazia com que o rapaz se desse por vencido.
- Heechul está certo...
- Você realmente vai acreditar nas baboseiras que aquele cara lá fala? – apontava para o terceiro.
- Eu...
- Baekhyun! Byun Baekhyun! – uma das organizadoras de ensaios fotográficos dizia correndo na direção do secretário.
A mulher parecia ter uma expressão ansiosa em seu rosto. Ela cambaleava segurando em seus dois braços duas provas de tecido, ambos tinham estampas diferentes. A primeira estampa era algo mais clean, sutil, na cor prata, enquanto que a segunda era algo um pouco exagerado com sua estampa de onça.
Sehun se afastou para dar espaço para a mulher que tampou completamente Baekhyun com o seu corpo.
- Eu preciso da sua ajuda. – tornava a dizer.
- Er...claro. O que eu preciso fazer?
- Bem...Chanyeol saiu e mais tarde teremos um ensaio fotográfico. Essas duas provas de tecido chegaram para que o presidente pudesse escolher qual cairia melhor com a proposta do ensaio do exemplar desse mês. Como ele não está aqui pensei que poderia pedir a você para me ajudar nesta escolha já que é o secretário do presidente.
Baekhyun começou a transpirar. Ele estava nervoso, detestava ter de escolher entre duas coisas quando estas se relacionavam a moda, porque não tinha o mínimo de conhecimento, por não se interessar em nada do tipo. Nesse momento o rapaz pareceu se arrepender de ter se candidatado a essa vaga de emprego, mas esse arrependimento foi embora do mesmo jeito que chegou. Rápido.
- Er... – seus olhos se arregalavam de forma discreta, um nó surgia em sua garganta, suas mãos transpiravam ainda mais.
- Eu preciso da resposta rápido. A minha chefe está quase me matando pela demora.
Aquilo era ainda mais pressão sobre Baekhyun. Tudo o que ele queria fazer no momento era ir para um canto, sentar abraçado ao joelho e chorar como uma criança. Entretanto, seu senso o dizia que ele devia dar uma resposta, sanar aquela dúvida. E bem, ele iria fazer isso, afinal, estava naquele emprego para isso mesmo.
- Er... – ele erguia o dedo indicador para apontar para uma das amostras. – Bem...eu acho que...essa...não, não...a outra...eu...
- Decida logo! – a mulher berrou.
- A de oncinha! – a resposta saiu como um cuspe.
- A de onça? – a mulher franzia as sobrancelhas. – Tem certeza? Seria o tipo de estampa que Chanyeol escolheria?
- Claaaro. – ele prolongava o ‘a’. – Chanyeol aprovaria de boas.- o rapaz ainda erguia o dedão como um sinal de ok,
Um sorriso iluminou a face da mulher.
- Ah, se é assim...então será essa estampa mesmo. – olhava mais uma vez para aquele tecido em tons variantes de marrom com estampa de onça. – Muito obrigada. – completou saindo dali.
- Ai meu deus, espero que eu não tenha feito nenhuma besteira. –suas mãos iam para seus cabelos.
- Se o ensaio fotográfico tiver tema de zoológico então está tudo bem. – Sehun soltou uma gargalhada em zombaria.
- Aish! Você quer morrer? – Baekhyun se irritava facilmente.
- Eu quero tomar soju com você. Hein? O que acha? Só nós dois, eu. E. Você. Soju. Bom não é?
O secretário olhava para a expressão pervertida no rosto do platinado com certo distanciamento e estranheza.
- Você é esquisito. – seus lábios estalavam em um tsc.
- Eu disse que ele queria se aproveitar de você. – Heechul se aproximava deslizando em sua cadeira de escritório.
- Kim Heechul! – a voz de Chanyeol soou como um trovão nos ouvidos dos três rapazes, que se assustaram, e atraiu olhares de alguns outros funcionários. – Isso aqui não é um parquinho de diversões para sair rodopiando assim em sua cadeira de escritório! Está me entendendo? – a expressão em seu rosto era de irritação.
- Sim, senhor presidente. – Heechul baixava o olhar em constrangimento.
- E você, Taec Pyun, venha para a minha sala agora. – apontou em direção à porta de vidro enquanto saía dali.
Baekhyun apenas ignorou o fato de que pela segunda vez naquele dia Chanyeol havia errado o seu nome e o seguiu para a sua sala feito um cachorrinho adestrado.
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Chanyeol estava se sentindo cansado mentalmente. Almoçar com Megan era sufocante em sua maior parte do tempo. Na verdade, era sufocante estar com ela na maior parte do tempo. O modelo nem sabia o motivo de ainda continuarem juntos. Talvez fosse por que formava um lindo par para as câmeras e ela satisfazia os seus desejos na cama algumas vezes.
Tirando isso, estar com aquela mulher era praticamente insuportável. Ele já pegava o vidrinho de aspirinas na primeira gaveta de sua mesa para ingerir pelo menos três comprimidos daquele medicamento. Suas têmporas pulsavam e o seu humor oscilava muito rápido. Chanyeol precisava encontrar alguma distração o mais rápido o possível.
- Se me der licença, senhor presidente. – o timbre de voz tímido do seu secretário ecoou em seus ouvidos.
Ah, ainda havia o seu secretário. Ele queria morrer.
- Pode entrar. – disse recostando-se nas costas de sua enorme cadeira.
Baekhyun ficou a lhe encarar com aqueles olhos grandes, que não paravam de piscar. Era como se ele sugasse cada átomo do seu ser, da sua vida como se fosse um feiticeiro. Aquilo deixava Chanyeol agoniado, tanto que seu olhar não conseguia se manter por muito tempo sobre a figura de seu secretário.
- Taec Pyun...
- Baekhyun. – o rapaz o interrompeu.
- O que disse? – suas sobrancelhas já começavam a se unir em um gesto de irritação.
- Des...desculpe-me. É que o senhor me chamou de Taec Pyun, mas o meu nome é Baekhyun. Byun Baekhyun.
Aish, que audácia desse tribufu, pensava o presidente. Tudo o que ele fez foi pigarrear em resposta.
- Bem...eu o chamei aqui, porque quero que faça algumas coisas para mim.
- Sim.
- Como bem sabe ou já deve ter ouvido pelos corredores, hoje será realizado um ensaio fotográfico aqui na empresa. Para que isso aconteça conforme o planejado, preciso que vá a rua para mim, buscar algumas coisas. Por agora quero que vá buscar umas amostras de pulseiras, cordões e brincos da marca de joias que estamos promovendo. Irei ligar para o seu telefone quando estiver na rua para informar quais são as outras coisas que tem de fazer.
- Sim.
Chanyeol passou a encarar o monitor de seu computador, que continha janelas abertas sobre a programação do ensaio fotográfico e de outros trabalhos que viriam para a K-Beauty. O moreno achava que Baekhyun teria o mínimo de senso e sairia logo após o seu pedido, mas ele continuava ali como um carrapato insistente com aqueles olhos grandes a lhe fitar. Era como se seu secretário quisesse pedir algo.
- Por que ainda não foi fazer o que eu lhe pedi, Baekhyun? – seu tom de voz saía arrastado, mas ao mesmo tempo firme. Seus olhos não desgrudavam do monitor. Para o presidente era muito mais agradável nem que seja olhar para a área de trabalho do seu computador do que olhar seu secretário.
- Er...senhor presidente...queria pedir algo. – ele estava sem jeito, era perceptível pelas suas bochechas coradas. Mas Chanyeol pouco se importava com aquilo.
- O que quer pedir? – como se fosse fazer algo para aquele rapaz, pensava de má vontade.
- Bem, eu tenho uma irmã gêmea e...
- Espera um pouco. – Chanyeol estava de olhos fechados e com o dedo indicador erguido. – Você tem uma irmã gêmea?
- Sim. – Baekhyun sorria em felicidade ao falar de sua irmã. Por mais que brigassem em alguma parte do tempo, ele tinha orgulho dela. – O nome dela é Baekhyuna e...você está bem, senhor presidente? O seu rosto ficou um pouco pálido de repente.
O modelo ainda estava de olhos fechados. Seu estômago começou a revirar, ele sentia náuseas e vontade de vomitar justamente por ter pensado em Baekhyuna. Aquela ideia de irmã gêmea não era muito bem digerida por ele. Era como se o presidente fizesse a associação de que a menina seria praticamente um Baekhyun só que de saia. Ou seja, um tribufu.
- Não é nada. Estou bem e que bom que você tem uma irmã gêmea. – um sorriso amarelo surgia em seus lábios.
- Sim. – Baekhyun estava empolgado como uma criança que iria ganhar doces. – Ela é uma grande fã sua e quando descobriu que o senhor é o meu chefe, Baekhyuna ficou chateada comigo. Ela acha que eu a traí, mas eu não escolhi ter o senhor como o meu chefe...
Assim como eu não o escolhi para ser o meu secretário, Chanyeol completava em pensamento.
- E para me desculpar com ela, pensei que o senhor pudesse gravar um pequeno vídeo mandando uma mensagem para ela. Pode ser um simples oi, Baekhyuna vai surtar de qualquer jeito e não ocupa muito do seu precioso tempo.
Precioso mesmo, o modelo não tinha papas em seus pensamentos.
- Ela é uma grande fã minha desse jeito? – Chanyeol mentia e atuava tão bem que ele poderia ser escalado para o elenco de um dorama.
- É sim.
- Se esse é o caso. Eu posso gravar esse vídeo. Pode ser depois do ensaio fotográfico?
Baekhyun estava com os olhos arregalados e brilhantes. O rapaz não conseguia esconder o sorriso que teimava em surgir em seus lábios. Ele estava tão incrédulo com o fato de seu chefe ter aceitado tão prontamente aquele pedido, que aquilo mais parecia um sonho.
- Claro. Muito obrigado, senhor presidente. Serei eternamente grato ao senhor.
- Agora você pode fazer o que eu te pedi? – havia uma ligeira rispidez no tom de voz.
- O quê? – Baekhyun levou um baque com tal frieza. – Ah sim...claro. Estou indo. – completou com uma breve reverência para sair da sala logo em seguida.
Ao se ver sozinho, Chanyeol afundou ainda mais em sua cadeira, soltou um suspiro pesado, enfiou o dedo em sua boca como se simulasse um vômito forçado, rolou os olhos e disse mexendo em seu computador.
- Ninguém merece ter de aturar uma coisa dessas. Gravar vídeo para um tribufu dois? Nem que me paguem eu faço tamanha coisa para me ridicularizar. Meu nome é Byun Baekhyun. – tentava imitar o tom de voz do secretário no final. – Eu não me importo! Sou o seu chefe e o chamo do que eu quiser! Aish, ele está me dando dor de cabeça. Preciso de aspirinas. – completou tomando mais dois comprimidos.
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Baekhyuna acabava de colocar um produto capilar em uma de suas clientes, quando sentiu seu celular vibrar em seu bolso. Era uma mensagem provavelmente. A sua primeira reação, de forma instantânea, foi pegar o aparelho, olhar para o visor e logo em seguida torcer os seus lábios ao ver que se tratava de uma mensagem de seu irmão.
Ela suspirou. Ainda estava chateada por ele ter escondido que trabalhava com Chanyeol. Baekhyun sabia muito bem da aposta realizada entre ambos, assim como sabia muito bem que se ele conseguisse aquele emprego a levaria para conhecer o modelo. Só que Baekhyuna havia dito que queria conhecê-lo em um desfile de moda, logo Baekhyun não estava tão errado assim.
- Aish! – esbravejava.
- O que foi Hyuna? –Chae Ri perguntava se aproximando da mulher. – Brigou com Baekhyun mais uma vez.
- Não...eu... – tentava mudar o assunto.
- Aigoo, você e seu irmão ficam iguaizinhos quando querem mudar de assunto. Sabe que não pode me esconder nada Hyuna, somos amigas desde o ensino médio.
- Tudo bem. – rolava os olhos em resposta. – Eu briguei com o Baek. Agora ele me mandou uma mensagem, mas não quero ler.
- Sempre se fazendo de difícil. – o tom de voz era repreendedor. – Por que não vê? Me dá isso aqui. – completou tirando o celular da mão da amiga e sócia.
- Ei! Devolve o meu celular!
- Espera um pouco. – afastava Baekhyuna com um de seus braços. – Baekhyuna, mais tarde lhe entregarei um presente do qual irá gostar muito. Xoxoxo Baekhyun. Ui, que chique, qual será esse presente.
O coração da gêmea começou a bater mais rápido.
- Chanyeol. – dizia baixinho.
- Chanyeol? O modelo Park Chanyeol? – Chae Rin mantinha uma expressão desgostosa em seu rosto. – Aish! Ainda está encanada nele? Quantas vezes já disse que ele não é esse príncipe que você vê.
- Chae Ri-ah...
- Ainda vai descobrir isso da pior forma. – jogou o celular no ar para que Baekhyuna pudesse pegá-lo logo em seguida com uma expressão chateada em seu rosto.
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Minseok suspirou aliviado, relaxou seus músculos e abriu um pequeno sorriso quando se encontrou sozinho com seu celular ligado nas corridas de cavalos. Em sua maior parte do tempo o rapaz gostava de ver, entretanto gostava de apostar, por mais que seus lances fossem baixos.
- Ahhh...isso...isso. Eu finalmente vou conseguir tirar o meu intestino da miséria. Senhor intestino, faça um bom trabalho ok? – falava para a sua barriga enquanto estava sentado no vaso sanitário.
Aquela prisão de ventre o incomodava durante dias. Agora, finalmente encontrava o alívio que tanto procurava. Tudo estava caminhando em sua mais perfeita ordem, quando seu telefone começou a tocar desconcentrando-o.
- Que merda? Quem está conspirando contra mim? – olhava para a tela do aparelho. – Baekhyun! Você me paga! Alô. – completou atendendo a ligação com o tom de voz calmo com um cordeiro.
- Minseok-ah, preciso da sua ajuda. – o rapaz parecia estar preocupado do outro lado da linha.
- Por que agora? Por quê?! – esbravejava.
- Você estava ocupado? Me desculpa, não queria atrapalhar. Ligo outra hora.
- Já atrapalhou, Baekhyun. Fale o que quer.
- Eu...eu esqueci.
- O quê?! – parecia que ia sair raio lasers pelos olhos de Minseok. – Pode falando, não admito isso.
- Você disse que estava ocupado, então eu acabei esquecendo o que iria falar para pedir desculpas.
- Baekhyun.
- O que foi?
- Encerra logo esta ligação antes que eu te bata via telefone!
- Desculpa.
-Adiós!. – ele foi mais rápido. – Aish! A pessoa não pode nem fazer o que quer, tem sempre alguém para atrapalhar. Onde estávamos mesmo, senhor intestino?
A sua barriga roncou em resposta.
- Ahhh, isso mesmo. – abria um sorriso em sua face. – Será que era sério o que Baekhyun iria me falar? Aish, detesto ficar curioso. 
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Baekhyun andava pelas ruas de Seul todo atrapalhado. Suas mãos carregavam as bolsas com as jóias, mais algumas provas de roupas, maquiagem, enfeites para cabelo etc. Seu corpo chegava até mesmo a tombar para um lado por conta do peso. 
A expressão em seu rosto era de pura aflição e nervosismo. Sua mente pensava de cinco em cinco segundos que ele não iria aguentar e iria acabar caindo no chão por estar carregando várias coisas ao mesmo tempo. Isso fez até com que o secretário colocasse o fone em seus ouvidos, pois Chanyeol ligou várias vezes e não tinha como atendê-lo usando suas mãos.
Seus passos eram apressados. Baekhyun tentava correr contra o tempo. Ele queria ser eficiente o máximo possível, já que não queria perder aquele emprego.
No meio de seus pensamentos, percebeu que seu celular estava a tocar. Era o presidente.
- Senhor presidente. – atendia a ligação. 
- Baekhyun, preciso que faça mais duas coisas para mim antes que volte para a revista.
- Claro. O que tenho de fazer?
- Passe na lavanderia e pegue o terno que deixei lá, já deve estar pronto. Tome muito cuidado, porque é um Armani. Depois de pegar o meu terno, vá a um Starbucks mais próximo e compre um caramel machiatto. 
- Tudo bem. – Baekhyun afirmou, mas Chanyeol já havia encerrado a ligação. – Aish! Como vou continuar carregando todas essas coisas? Foco Baekhyun, você consegue. – completou para si mesmo.
Assim ele o fez, do jeito que Chanyeol pedira. O terno estava guardado em uma capa sobre seus ombros e o café estava em sua mão esquerda. Um sorriso triunfante iluminava a sua face ao mesmo tempo em que o secretário pensava que as coisas não poderiam piorar, mas poderiam. Porque logo após surgir esse pensamento em sua mente, começou a chover.
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Chanyeol adentrava o espaço que estava sendo realizado o ensaio fotográfico com uma expressão cansada em sua face. Aquele dia em particular havia sido mais cansativo do que os outros. Na verdade, era sempre cansativo o processo de criação de um novo exemplar de uma revista. Seus olhos se ergueram para poder observar a situação que se encontrava o processo das fotos e sua cara só faltou ir no chão com o que via.
Respira...Respira....Respira Park Chanyeol, ele tentava internalizar aquilo como mantra.
O que ele estava vendo?! O cenário era completamente clean, em tons de branco, prata e um azul bem claro, mas as modelos estavam vestido roupas com estampas de onça, estavam com uma maquiagem exacerbada, penteados extravagantes, tudo estava um caos.
- O que está acontecendo aqui?! – gritou assustando todos naquele lugar.
Chanyeol estava irado. Quem havia feito aquilo?! Quem estragou a sessão de fotos?! Suas bochechas já começavam a ficar vermelhas pela raiva que crescia em seu peito e disseminava em seu corpo. Os funcionários lhe encaravam com expressões assustadas, constrangidas, outras até tímidas. Entretanto ninguém lhe respondia e o modelo precisava de uma explicação naquele exato momento.
- Andem! Respondam-me! Que porcaria está acontecendo aqui?! Quem mandou as modelos vestirem roupas com estampa de onça?!
A mesma mulher que foi pedir ajuda a Baekhyun se aproximou com os olhos baixos, como se soubesse que tinha feito a decisão errada e disse:
- Foi o seu secretário, presidente. – seu tom de voz era baixo, quase sussurrado. – Foi ele que escolheu a estampa das roupas e disse que o senhor certamente aprovaria a escolha feita por ele.
- O quê?! – Chanyeol soltava fogo pelas ventas. – Aquele...Argh! Taec Pyun me paga ou é hoje que eu não me chamo Park Chanyeol!
Foi só falar no secretário que ele apareceu. Baekhyun vinha cambaleando por conta da quantidade de coisas que tinha de carregar, o rapaz estava ensopado por conta da chuva que pegou e seus tênis estavam cheios de lama.
Todos olhavam para ele, principalmente o presidente que o fulminava com o olhar enquanto que Baekhyun caminhava apressado deixando as mostras das joias e das roupas sobre uma mesa que havia ali para sair correndo em direção ao seu chefe com o café o terno que esse pedira.
- Senhor presidente. – sua voz saía por entre os respiros por conta de ter vindo correndo e estar ofegante. – Trouxe o que me pediu. As mostras de roupas e das joias. Ah, aqui está o seu café e o terno. Não se preocupe, por mais que tenha me molhado na chuva o seu terno está são e salvo dentro da capa. – completava entregando os pertences para Chanyeol que os pegava com ódio no olhar.
- Byun Baekhyun, saia daqui! – vociferou bem em frente ao rosto do secretário.
Naquele momento o coração do rapaz pareceu se despedaçar com os gritos. Seus olhos se arregalaram enquanto seu corpo pareceu petrificar e diminuir vendo a figura do presidente crescer para cima de si. O que ele tinha feito? O que estava acontecendo? O secretário queria tentar entender.
- O...o...que? – o tom de voz falhava.
- Saia da área de tirar fotos com esses pés imundos! Não está vendo que está sujando tudo aqui?!
Seus olhos baixaram fazendo com que conseguisse perceber então as pegadas de lama no chão branco. Baekhyun sentia todos aqueles olhares sobre si, inclusive os das modelos que estavam mais próximas. Isso fazia com que suas bochechas corassem em vergonha, mas o que machucava mais eram as palavras rígidas e a expressão irada no rosto de seu chefe. O secretário sentia vontade de chorar.
- Desculpe-me eu... – já começava a tirar os sapatos deixando suas meias de cachorrinhos à mostra. Chanyeol sentiu ainda mais vontade de vomitar depois de ver aquilo. – Senhor presidente...
- Fique calado! – o modelo parecia se irritar cada vez mais com aquele par de olhos gigantescos e brilhantes como os de um cachorrinho prestes a chorar a lhe fitar. – Você arruinou a sessão de fotos! Olhe bem para a estampa daquelas roupas e para o cenário, olhe bem! Acha que elas combinam? É claro que não! O ensaio era para ser clean e não para parecer que onças fugiram do zoológico! Você, Baekhyun, ainda teve a audácia de escolher e dizer que eu apoiaria aquela porcaria ali!
As lágrimas já estavam quase deslizando por suas bochechas. Baekhyun sabia que ele não poderia falar nada, pois tinha plena consciência de que estava errado, de que havia escolhido aquela estampa por pura pressão e nervosismo. Só que o rapaz era forte o suficiente para segurar o choro na frente de seu chefe.
- Acha mesmo que eu teria o mau gosto de escolher uma porcaria como aquela?! Isso é coisa sua que não tem senso nenhum de moda, veste-se de uma forma péssima e ainda é um tribufu! Saía da minha frente, não quero olhar na sua cara hoje! Porque a vontade que tenho agora é de te demitir!
O secretário sentiu sua face empalidecer e seu coração parar de bater por alguns segundos. O que era aquilo? Por que estava doendo tanto? As palavras amargas de Chanyeol tinham um efeito agonizante sobre si. Doía demais, era como se Baekhyun estivesse sendo decepcionado.
- Está surdo? Não ouviu o que eu disse? Saía daqui! – Chanyeol vociferou mais uma vez com seus olhos arregalados e vermelhos de ódio.
Assim o secretário o fez. Saiu em retirada como um rato que foge da ratoeira. Baekhyun nem ao menos se importava com o fato de que corria com suas meias de cachorrinho, o par de tênis sujo de lama em suas mãos e o olhar de todos os funcionários sobre si.
Eles o encaravam como se fosse alguma espécie de maluco, entretanto o menor sequer reparava. A sua visão estava bloqueada pelas lágrimas que escorriam por seu rosto. Em seu interior, Baekhyun tinha a sensação de ouvir algo se partir, romper-se, como se aquela visão endeusada que ele tinha de Park Chanyeol estivesse indo por água abaixo. O rapaz também não poderia negar que claro, ainda se sentia atraído por seu chefe, mas agora um pouco menos, porque aquele sermão foi como se tivessem lhe dado um banho de água fria.
Sem nem mesmo perceber, entrou em um banheiro masculino mais próximo, isolando-se em uma das cabines com vaso sanitário. Ali, seu choro pareceu aumentar ainda mais. Uma das razões se devia por Chanyeol, mas a outra era por conta de que ele havia fracassado, decepcionado os outros funcionários. Baekhyun não havia sido eficiente ao ponto de fazer um excelente trabalho. Sua mente repetia em um círculo vicioso o momento em que seu chefe disse que a sua vontade era demiti-lo.
- Por que você sempre dá um jeito de estragar tudo, Baekhyun? – dizia para si.
Nessa fração de segundo, seu telefone celular, que estava no bolso de sua calça começou a tocar e como ele estava com o fone em um de seus ouvidos, a ligação foi atendida quase como que de modo automático.
- Baekhyun? – era a sua irmã. – O que quis dizer com: mais tarde lhe darei um presente do qual irá gostar?
Foi então que ele havia se lembrado. O vídeo. O secretário queria fazer uma surpresa para Baekhyuna, para se desculpar com essa, porém até isso ele havia estragado. Suas lágrimas caíram mais ainda e o seu choro ficou mais alto chegando aos ouvidos de sua irmã do outro lado da ligação.
- Está chorando? – seu tom de voz indicava preocupação.
O rapaz não conseguiu responder.
- Baekhyun? – a mulher o chamou mais uma vez, porém com um tom mais incisivo.
- Desculpa... – afirmava entre choros. – Chanyeol...ele...
- Não precisa dizer mais nada. Ninguém faz o meu irmãozinho chorar. Estou indo para aí.

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