25. Seguir em frente

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Aquele apartamento era grande demais.

Park Chanyeol era engolido pela sala. Dragado pelos profundos pensamentos. Pela própria dor.

Estava sentado no chão, com as costas recostadas na parede gélida enquanto apenas a luz da lua o iluminava através daquelas enormes janelas.

Tentava, debilmente, impedir as lágrimas de deslizar pelas próprias bochechas, mas elas eram rebeldes demais para fazer tal coisa.

As batidas do coração eram fracas, doloridas. A mente, por sua vez, funcionava como um retroprojetor quebrado que tinha congelado na imagem de Baekhyun.

"Ei, Chanyeol-ah. Chanyeol-ah".

O eco da voz do menor era perpetuado nos próprios ouvidos.

A presença do ruivo ainda era latente. Não conseguia deixar de pensar na possibilidade de vê-lo adentrar o apartamento por aquela porta com um enorme sorriso na face e o andar desengonçado.

Queria poder sentir o calor daqueles braços mais uma vez, o gosto daqueles lábios...Ah...como doía.

Em um ato de frustração, deixou um suspiro escapar pelos próprios lábios, os dedos das mãos passar por entre os cabelos em um ato de desespero enquanto percebeu o som de algo escorregar e cair no chão.

O diário de Baekhyun...

Nem tinha sentido que estava agarrado à ele desde o funeral.

O dedo indicador foi deslizando pela superfície gélida do piso até pousar sobre a capa do caderno.

- Por quê? Por quê? – balbuciou.

O choro era tão intenso, tão profundo, que a lucidez do modelo parecia estar em sua última gota.

"O meu irmão te amou demais". A voz de Baekhyuna ecoou nos próprios pensamentos.

- Amou tanto que ele me deixou.

"Cuide disdo como se fosse o único resquício de Baekhyun".

E de fato era.

A única coisa que comprovava que o secretário ruivo algum dia existiu. Que nada foi um sonho.

Continuava a observar o diário.

E se ele o lesse? E se passeasse por aquelas palavras escritas pelo seu amor? Será que assim a necessidade, a urgência da presença desse iria se tranquilizar? Será que o Byun retornaria?

Chanyeol ansiava que sim.

Em uma reação instintiva, pegou o caderno, abriu-o e começou a passear por aquelas folhas cheias de palavras, adesivos e desenhos como se estivesse percorrendo, modelando, desenhando cada curva do corpo de Baekhyun.

***Música: Paper Cuts - EXO-CBX

Os ideogramas estavam escritos com detalhe, com tamanho capricho, que o presidente da K-Beauty conseguia senti-lo ali.

"Querido diário,

(...) Eu nunca pensei que o amor à primeira vista fosse ser real. Para mim, era apenas mais tópico apaixonante de filmes rom-com. Quando Baekhyuna me falava ou quando o papai me contava sobre como conheceu a mamãe, percebia que tal coisa nunca aconteceria comigo. Afinal, quem quer um alguém como eu?

Mas aconteceu.

Ele era alto, bonito, elegante e foi o único que me defendeu no meio daquela revista. Ainda consigo me lembrar de sua expressão sisuda ao mesmo tempo em que o tom de voz grave mandava os seguranças me soltarem.

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