4. Nunca aceite convites para beber, nunca

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Baekhyun já havia perdido a noção do tempo, esquecia-se de que passou longos minutos sentado sobre a tampa do vaso sanitário chorando em silêncio. Suas têmporas pulsavam. Seu corpo estava mole, era como se estivesse em um estado letárgico ou de piloto automático. De seus olhos nem mais saíam lágrimas, o rapaz apenas mantinha um brilho distante, um olhar desfocado indicando que sua mente estava longe.

Ele havia falhado, fracassado. Porém o seu fracasso maior foi não ter rebatido as palavras de seu próprio chefe. Se fosse qualquer outra pessoa no lugar de Chanyeol, Baekhyun teria respirado fundo e rebatido à altura. Entretanto com o modelo, tudo parecia ser diferente. Talvez fosse por que o secretário internamente, em seu inconsciente, parecia estar vivendo em um sonho adolescente em que Park Chanyeol seria o príncipe encantado que viria em um carro moderno e caro. Só que não.

Durante a bronca, a face de Baekhyun empalidecera, pois naquele momento o secretário se dava conta de que a imagem daquele príncipe encantado ruía bem diante de seus olhos, fazendo-o perceber que Park Chanyeol não passava nada mais, nem nada menos de um babaca superficial.

E aquilo era que parecia doer mais. Não o "fracasso" em si, nem as palavras duras, mas a verdade nua e crua que estapeava a sua cara.

Uma leve brisa ricocheteou em sua face, sabia que a porta da cabine tinha sido aberta. Tão logo a voz de sua irmã ecoou em seus ouvidos:

- Baekhyun? O que aconteceu? Por que está assim? – suas mãos agarravam os braços do maior para sacudi-lo.

- Baekhyuna...

A mulher possuía uma expressão preocupada, carinhosa e gentil em seu rosto. Sua mão esquerda pairou sobre o canto dos olhos de seu irmão para limpar as lágrimas que já haviam secado. Depois, seus dedos afagaram os cabelos emaranhados em uma singela demonstração de carinho.

- Quem o fez chorar? Pode me contar, estou aqui.

- Ainda está brava comigo? Me desculpa não ter contado logo de cara que o meu chefe era o Chanyeol, afinal, eu meio que quebrei parte da nossa aposta.

- Isso não importa agora. Quero saber o que aconteceu. Quem te fez chorar? Foi Chanyeol?

- Foi.

Um suspiro pesado escapava pelos lábios de Baekhyuna, aquilo de certa forma também a incomodava. Na verdade, incomodava a imagem imaculada que fizera do modelo em sua cabeça.

- O que ele fez?

- Tem certeza de que quer mesmo saber? Isso são coisas do meu trabalho, posso lidar com elas sozinho.

O par de olhos castanhos da mulher pareceu endurecer.

- Você precisa me dizer. Baekhyun, olhe para si, está chorando abraçado a um par de tênis sujo de lama. Isso não é uma questão normal de trabalho. E além do mais, já disse que ninguém faz o meu irmãozinho chorar.

- Baekhyuna, prometa-me uma coisa. – os lábios do rapaz estavam franzidos. Ele tinha um mau pressentimento.

- O que?

- Se eu te contar, por favor, não faça escândalo.

A garota fez um som com os lábios enquanto batia o ar com sua mão esquerda.

- Baekhyun, olhe bem para a minha cara.

- Estou olhando.

- Eu tenho cara de pessoa barraqueira? É claro que não, sou a tranquilidade em pessoa. Irei resolver isso na maior paz e tranquilidade o possível.

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