Presente de Grego

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Hoje é meu aniversário.
-- Parabéns pra você, nessa data querida...
Todos estavam a beira do colchão com um bolo e uma vela acesa, cantarolando meio desconfiados, como se eu fosse fazer mais uma cena como a de ontem.
Dei meio sorriso, era gostoso me sentir acolhida, mas nada me faria ficar melhor enquanto não saísse dali.

A música parou, assoprar a velinha era a melhor parte na minha infância, era o momento em que todos os meus sonhos podiam se realizar. Mas nunca se realizaram. Tirando a boneca veterinária.

-- Obrigada gente- sorri e peguei o bolo nas mãos.

-- Se arrume meu bem, tem uma surpresa lá fora.-minha avó tirou uma mecha de cabelo do meu rosto e sorriu.

Surpresa? O que será?

Saíram do quarto, inclusive Rose , que parece não ter perdoado o incidente de ontem.

La estava eu sentada com um bolo nas mãos. 18 anos. Suspiro em busca de forças pra encarar esse dia...se eu viver.

....
Estou vestindo meu vestido amarelo de verão, sandálias de miçangas e cabelo preso com fita preta. Todos estão cheios de mistérios.

Caminho até a sacada da cabana e não vejo nenhuma movimentação, a floresta é calma e convidativa. Bem diferente da noite anterior. O tempo agora é quente...me alegro com a notícia, corro em busca de Paul para irmos logo embora, quando vejo uma festa armada no quintal da casa, balões e toalhas de piquenique estão por toda parte.

--O que é isso?- pergunto confusa

A vó Lisa sorri, ela estava segurando uma cesta de pães.

-- Sua festinha bebê...quer dizer, você já tem 18 né- Sua fofura quase me desviou da tristeza, eu sabia que não íamos embora tão cedo.

Talvez fosse tudo ilusão, quanto mais tempo passava, mais tinha certeza que nada foi real. Talvez seria melhor curtir o que minha família fez, até porque ninguém vai acreditar enquanto não verem com os próprios olhos.

--Ahn... Obrigada- sorri desajeitada.

Escuto um barulho de carro se aproximando, meu coração fervilha.Sera que é ele ? Ele tem um carro? Quem viria para um fim de mundo?

Dessa vez não era ilusão, todos pararam para ver quem era, porque não é comum carros passarem por aqui e pela cara deles ninguém foi convidado.

Um carro esportivo entra na propriedade. Por que estou tão nervosa?.Quando um choque toma conta do meu corpo quando vejo ele sair do carro.

Aaron.

Meu queixo cai, não tem motivo algum dele estar aqui, quem disse que estaríamos aqui, QUE MERDA ELE TA FAZENDO AQUI?

Fecho os punhos, minha vontade é de socar a cara bonita dele até ele ficar feio. Viro o rosto em busca de paciência, porém é inútil.

-- Aaron? O que veio fazer aqui ? -a voz da minha mãe passa por mim enquanto caminha até ele.

Como ela pode ser tão calma com ele?

Tento evitar olha-lo, mas os olhos dele cravam nos meus. Consigo ver seu peito mexendo mais rápido. Ele está nervoso.

Ele rapidamente desvia para minha mãe e sorri calorosamente, tenho ânsia de vômito.

-- Maddy, vem pra cá, nem precisa respirar o mesmo ar que ele. - Max pega minha mão e me puxa pra longe, aperto ele em agradecimento

Não conseguia compreender como ele podia ousar vir aqui, justo no meu aniversário. Mesmo depois dele ter me abandonado quando mais precisei.

Eu via eles dois conversando como se fossem grandes amigos, a minha mãe sempre o defendeu. Tanto que as vezes eu pensava que ela estava me culpando por estar doente, isso me irritava muito.

-- Por que, Max? - olhei com súplica, tentando entender.

Ele me devolveu o mesmo olhar, de quem não compreendia nada.

Eles começam a andar em direção a nós , meu corpo fica tenso e não consigo disfarçar minha insatisfação.

--Que merda você faz aqui? -grito antes dele se aproximar.

Ele para e me olha profundamente , lembro daquele olhar...era de clemência, culpa...
Não importava, isso não apagava o passado, só realcava o covarde que ele era.

-- Eu sinto muito Madeleine, e vou sentir pra sempre, eu te trouxe um presente. - ele estendeu o pacote em minha direção.

Fiz questão de apressar o passo e usar toda a minha força pra jogar o pacote no chão. Ouço um riso irônico, que ele sempre dava quando se vangloriava de algo.

-- Eu sabia que faria isso, por isso comprei algo anti-maddy. - ele deu meio sorriso e pegou o pacote do chão.

-- Eu não quero nada seu, pega seu presente e enfia no cu- senti tanto prazer em falar aquilo, endireitei minha postura e caminhei pra dentro da cabana.

Senti meus passos confiantes afundarem o chão instável,  enquanto deixava ele e um presente pra trás.

Venha Até Mim (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora