Adeus

2.5K 299 264
                                    

Musica recomendada para o capítulo: "Iris", cover.

Não sei ao certo, mas a presença de Aaron me incomodou. Apertei as mãos na borda banheira e encarei a água vermelha. Os dois saíram do cômodo e eu pude respirar normalmente.

Eu saí da banheira e entrei na ducha, esperei todo vestígio de sangue sair do meu corpo pra poder me secar.

Escolho uma calça preta e uma blusa da mesma cor.
Busco uma jaqueta grossa e a amarro na cintura.

Caminho pelo corredor parcialmente iluminado em direção ao quarto da minha mãe. Passo pela cozinha e vejo a sala de jantar, ontem estava um caos. Agora parecia um cenário de apocalipse, as janelas bloqueadas com pedaços de madeira.
Caminho hesitante ao passar por ali, meus pés afundam nos estilhaços de vidro no chão.

O silêncio na casa era assustador. Eu podia imaginar Christopher surgindo e enfiando uma faca em mim, encerrando aquele pesadelo. Mas a calmaria era mais torturante, portanto mais empolgante pra ele.

Bato na porta do quarto duas vezes. Digo meu nome e ouço sussurros vindo de dentro.

A porta se abre e Aaron olha por cima do meu ombro e faz um sinal pra eu entrar.
Meus olhos percorrem o cômodo, a avó lisa estava deitada na cama, ao seu lado minha mãe mexia nos cabelos grisalhos da vovó. Perto da janela Alex estava com olhar longe, mas quando notou minha presença me olhou e sorriu levemente.
Max estava sentado no chão com a perna machucada estirada, ele riu aliviado em me ver.

— O que foi na sua mão?- Aaron pergunta ao analisar minha mão machucada.

— Eu tentei me defender dele, mas me empolguei e me machuquei com um pedaço de vidro.- digo calmamente, como se fosse a coisa mais normal do mundo.

Ele olha curioso e pergunta:

—Ele apareceu pra você,mas ainda está viva?

Ninguém realmente tinha se interessado na minha relação estranha com Christopher até Aaron falar isso em voz alta. Os olhares curiosos pairavam sobre nós, esperando a minha resposta.

— Não sei exatamente o que ele quer,mas parece que me matar não é o objetivo dele. Já o vi diversas vezes, além dele ter tido vários oportunidades de me matar, ele apenas parece querer me torturar com tudo isso... - olho pra minha mãe e ela anda em direção a mim.

— Querida... você esteve em perigo...não posso nem pensar em te perder.- ela, choramingando, me abraça com ternura.

Mergulho naquele abraço como se fosse o último, era extremamente necessário pra mim sentir aquele apoio, aquele amor, ela era minha mãe e naquela situação só isso importava. Só queria que ficássemos vivos, são nesses momentos que damos valor a vida, eu preferia ter sido traída um milhão de vezes a ter que passar por aquilo.
Fecho os olhos e sinto uma lágrima cair pelo meu rosto, respiro fundo e sinto o cheiro ardente de Aaron no ombro dela. Suspiro e me afasto lentamente.

— Preciso que me conte tudo que sabe.- falo segurando as mãos dela.

Ela assente com a cabeça e pede que eu me sente.

— O seu avô comprou essa casa a muitos anos atrás, muito tempo antes de você e o seu irmão nascerem, aqui era bem mais populoso, mais bonito. Porém, aconteceu um acidente quando você era muito pequena. Havia uma família no terreno vizinho, um casal que tinha três filhos, eles eram uma família estranha, não gostávamos muito de nos relacionar com eles, o filho caçula era deficiente, ele tinha um retardo mental.- ela pareceu incomodada e enxugou as mãos suadas na roupa.- Um dia, aconteceu um incêndio na casa dessa família, nesse dia estávamos aqui de férias, quando papai soube ele quis ir ajudar a cessar o jogo, na pressa ele apenas saiu com o carro e não viu que o menino caçula da família estava atrás do carro enquanto ele dava ré. Então o menino morreu atropelado.

Venha Até Mim (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora