pequena Rose

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Uma raiva descomunal cresce no meu peito. Parecia estar tudo claro, aquela mensagem foi dita como verídica no meu coração. Como verdade absoluta.
Olho em busca de Aaron, o vejo abraçado com minha mãe.
Meu coração estala, como se uma agulha perfurasse lentamente o meu órgão.
Não...não pode ser
Mas não pude pensar muito, pois escuto galhos sendo quebrados na floresta, alguém estava se aproximando muito rápido. Meu instinto é gritar. Ele estava vindo.
--Vamos sair daqui! Entram! Rápido!- corro tentando puxar eles pra dentro de casa.
Eles me olhavam sem entender, mas os barulhos ficavam maiores, então começaram a me ouvir.
-- Mas que merda é essa Madeleine?! Nem pra sua fes...- a voz de Rose é interrompida pela flecha atravessada em sua cabeça.
Eu entro em choque, minhas pupilas dilatam enquanto Rose cai ao chão...sem vida.
Todos estavam paralisados, como se estivéssemos esperando o próximo movimento do atirador.
Meu corpo sai do transe e grita pra todos correrem.
-- Rose! - Max grita em direção ao corpo dela, mas pego o seu braço e o puxo contra a direção dele.
--Não, Max! Ela morreu, a gente precisa entrar!
Todos já estavam correndo a nossa frente, Max passa por mim com lágrimas nos olhos.
Rose estava morta. Morta. Como encarar isso com sanidade?
Meu instinto é virar pra trás, em busca dele. Vejo ele correr em minha direção, agora com um machado, a adrenalina sobe pelo sangue, corro o mais rápido que posso.
Consigo chegar até as escadas da entrada da casa, todos já estavam lá. Entro rapidamente e fecho a porta mais rápido ainda. Ele bate de frente com a porta e vejo sua máscara atrás das venezianas da porta. Nos encaramos, escuto vozes me pedindo pra se afastar da porta, mas outra vez sinto esse homem tomar conta da minha realidade. O tempo passa mais lentamente, eu só escuto o que ele quer que eu escute.
Sinto ele rir por debaixo da máscara, ele curva a cabeça para o lado e aponta em alguma direção atrás de mim. Tenho medo de olhar, viro lentamente minha cabeça em direção a onde ele apontava.
Sua foto estava encima da estante.
Corro em direção a foto e a rasgo.
--ACHEM AS FOTOS DELE E RASGUEM! ELE SE TRANSPORTA PELAS FOTOS!-entro em desespero e grito.
Corro para a cozinha, enquanto os outros, mesmo abalados, procuram em outros lugares.
Olho em volta ,uma busca frenética por algo relacionado a esse monstro.
Não acredito que isso tá acontecendo...
A gente não achou nada minha filha - minha mãe fala com voz de choro atrás de mim.
O luto recai sobre nós, a pequena Rose tinha morrido , assassinada.
Vejo Max se encostar na parede da sala, descendo às lágrimas. Meu coração dói ao ver ele assim. Vou até ele, me ajoelho para abraça -ló, sinto sua dor me consumindo.
Eu sinto muito, muito mesmo, deveria ter arrastado todos nós daqui.
Mas não digo nada, ele não precisa das minhas palavras, só precisa do meu amparo.
Estávamos encurralados, agora todo mundo sabe do perigo, precisávamos ser rápidos, ele estava a vários passos à frente.
Todos estavam calados, sentindo o seu luto individual, parecia não ter caído na real que tinha alguém querendo nos matar. Depois de muito tempo, minha avó fala.
— Minha netinha...o que esse homem quer Paul? Por que quer nos matar? - sua voz é acompanhada de dor e lágrimas
Meu avô nega com cabeça, ainda mais atordoado que nós
— Eu não faço ideia Lisa, isso nunca tinha acontecido por aqui... pelo menos não desde daquele incidente.
Minha mente clareia, já tinha ocorrido algo ruim por aqui, podia ter relação com o que estava acontecendo agora
— Que incidente? - pergunto
Ele levanta a cabeça em minha direção e em seguida olha pra minha mãe. Sinto o clima tensionar.
— Madeleine, você estava certa, tinha alguém na floresta que queria nos matar... eu sinto muito querida.- ele me olha com súplica.
Não era momento pra se vangloriar, eu realmente queria que estivesse delirando, dessa forma não estaríamos nessa situação.
--  Eu preferia estar errada...-viro Para Max, ele parou de chorar, agora parecia chateado.
--Esse filho da puta não vai sair dessa ileso! - ele levanta rapidamente e vai até a porta.
-- Max! Não importa o que fizer, ela não vai voltar! Mas você pode... você ainda tá vivo, continue assim...- olho pra ele implorando- por favor.
Ele respira fundo e caminha para o quarto dele.
Deixo ele ir, ele precisa de um tempo sozinho.
De repente meu olhar encontra o de Aaron, aquela pontada no coração acontece de novo.
Não pense nisso agora Madeleine, não deve ser sua preocupação agora.
Desvio o olhar, não quero mais um problema na minha cabeça.
Agora tínhamos que sobreviver a essa noite, o que parece ser um pesadelo.

Venha Até Mim (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora