Sonhos

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* Lembrança *

-- Me conte mais sobre sua infância.

A Dra.Eve se ajeitou na poltrona e pegou sua caderneta.

Era 3:47 da tarde.

Minhas mãos suavam , estava fazendo calor, mas eu sabia que não era por isso que elas estavam suando.

-- O que isso tem relação com meus surtos?- perguntei tentando fugir da resposta que vinha a minha mente.

Observei a prateleira atrás da psicóloga, havia uma coruja de olhos graúdos que me observava como se tivesse me julgando por tudo que vinha a minha cabeca.

-- Você está bem, querida?- perguntou ela, não mostrando preocupação.

Olhei para ela e decidi que se ela formou-se para ajudar as pessoas a entenderem elas mesmas eu precisava acreditar que podia falar.

-- Claro que não estou bem... Se eu contar sobre minha infância isso vai me ajudar de alguma forma? - olhei esperançosa para ela.

Ela afirmou com a cabeca.

Minha mente se inundou com lembranças, minha cabeça doía , meu coração pulsava mais forte enquanto lembranças invadiam minha cabeca.

-- Há uma lembrança apagada em minha mente, e eu sei que dessa lembrança há algo escondido pela minha família, eu tenho sonhos com isso ,mas não sei se é real.

Não tinha contato visual com ela, mas eu podia ouvir os seus rabiscos fortes no papel.

-- Que tipo de sonhos?

Ela não se importava ,então porque eu deveria responder? Eu só queria sair dali e continuar minha vida normalmente, como sempre foi, mas minha mãe insistiu que eu deveria ter ajuda para entender minha cabeça.

-- Eu vejo apenas flashs, imagens se misturam e eu anotei tudo, fiz uma ordem lógica e cheguei a um roteiro plausível. Tudo começa comigo, eu devia ter uns 5 anos, eu estava em um cemiterio carregando uma flor e deixei esta flor em um túmulo, não lembro o que tinha escrito na lápide, mas me recordo de uma palavra: " Christopher"...- minha cabeça rodou e perdi minha respiração por um segundo - eu...eu lembro de estar chorando e ver sombras na floresta, mas então quando eu repetia o nome Christopher as sombras sumiam e surgia uma silhueta alta andando até mim, mas eu não conseguia ver o seu rosto e ... - eu comecei a ficar ofegante e minhas mãos involutariamente apertavam o sofá que eu estava sentada.

Ela deixou a caderneta de lado e se levantou.

-- Calma,querida. Quer um copo d'água? - perguntou  a Dra. Eve já pegando uma jarra de água.

Afirmei que sim e ela veio até mim com a água.

-- Querida, acho que já está bom por hoje, fluimos muito e acho que chegaremos a raiz do problema. Acho melhor ir para casa, tudo bem? - ela forçou um sorriso e estendeu a mão

Peguei na mão da Dra. Eve e senti seus calos, me perguntava se ela trabalhava com outra coisa além de fingir que se importa com as pessoas.

-- Eu espero mesmo que tudo se resolva, adeus Dra. Eve.

Venha Até Mim (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora