Coragem

2.7K 337 62
                                    

*sons de ambulância*

-- Vai ficar tudo bem meu amor- mamãe disse com a voz engasgada.

A minha visão era turva, sentia os olhares julgantes a minha volta. Por que tinha que ser logo na escola?

Eu tinha tido um ataque, eu pulei encima de uma garota chamada Anna, gritei e agi feito uma louca. Como sempre. Então minha pressão caiu e eu desmaiei.

-- Por que você fez isso Maddy?!- a voz de Aaron ecoava longe

Senti o paramédico por uma máscara em meu rosto, estava deitada na maca, era mais fácil respirar agora. Tentei abrir os olhos o máximo que pude, vi ele olhar pra mim com preocupação, eu sorri e ele sorriu de volta. Que lindo.

-- Consegue me dizer seu nome?- me olhou curioso.

-- Madelein...

Ouvi minha mãe dizer algo, mas apaguei logo em seguida.

********
Dias atuais
********

Entrei na casa com o sangue fervendo, eu me sentia violada só pela presença infame dele.

--Como ele ousa vir até aqui? Porco! - grito sozinha enquanto ando de um lado para o outro no quarto.

Minha mãe aparece na porta e ceuza os braços.

--Você não devia ser tão rude

Olho incrédula para ela, pensando em como ela pode me pedir isso.

--E como você não é rude?! - encaro ela com todo o meu julgamento

Ela desvia como se sentisse culpa

-- Olha... É o seu aniversário, não deixe que ele estrague isso ok?- ela se aproxima e pega minhas mãos

Eu assenti com a cabeça, ela tinha razão. Não podia deixar ele estragar mais nada em minha vida.

-- Tudo bem, só peça para ele não chegar  perto de mim

Ela assentiu  e deu um sorriso doce.

Minha cabeça fervilhava tentando achar respostas para o aparecimento de Aaron.

-- Você pode me deixar sozinha por um instante ?

-- Tudo bem.

Ela saiu do quarto e o silêncio ensurdecedor do meu quarto consumiu meus pensamentos.

Sua dor é o meu alimento

Aquela voz da floresta surgiu em minha mente fazendo eu sobressaltar.

-- Que merd...-fui interrompida pelo homem de máscara a minha frente.

Meu corpo gelou, em plena luz do dia e sem explicação ele estava novamente ali comigo.

Ele segurava um machado, aquele que atravessou a janela do meu quaeto sem explicações, por algum motivo eu sentia mais raiva do que medo perto dele agora.

-- Se for me matar, mate. Mas pare de brincar comigo como se eu fosse uma presa que vai pagar de louca depois!

Ouvi um grunhido que pareceu um sorriso sarcástico.

-- Eu vim lhe dar parabéns- Sua voz abafada pela máscara aterrorizava.

Começou a andar lentamente pelo quarto, como se estivesse analisando cada detalhe. A cada passo se aproximava mais de mim, ele parou em frente à minha poltrona, havia uma blusa que havia usado pra dormir, ele a pegou e levou-a até o nariz.

-- Você tem um cheiro bom, Mad.- ele se virou para mim e curvou a cabeça para o lado, estava me provocando a responde-lo.

Era impossível desvendar cada passo dele, eu não sabia o porquê dele estar  fazendo isso, nem o que ele pretendia. Isso me angustiava num nível estrondoso.

-- Baunilha. - eu disse involuntariamente

Respirei fundo ao lembrar de Aaron cheirando meu cabelo.

Uma dor dilacerante consumiu meu peito, eu tava sofrendo por Aaron estar ali, por tudo que ele me fez passar, por esse homem de máscara  fazer toda dor se tornar ainda maior.

Perdida em meus pensamentos mal percebi o quanto ele estava perto de mim. Ele havia se aproximado lentamente em minha direção, seu calor agora pertencia ao meu, podia ouvir sua respiração lenta e concisa. Meus olhos agora cravavam a mascara de lobo cinza, o peso do seu olhar era muito maior do que aquela mascara podia suportar.

Ele abaixou sua cabeça para perto do meu ouvido, esse movimento fez meu corpo tensionar.

-- Não é baunilha, você tem cheiro de morte.

Meu coração disparou, como eu podia ter cheiro de morte se era ele o que queria matar toda a minha família.

--Mas que porra! Você é doente? - pus minhas mãos em seu peito e o empurrei para longe.

Ele começou a rir, rir desesperadamente como um maníaco.

--Oh Madeleine! A garota louca!- ele começou a girar o seu machado-  Será que você ainda não percebeu que você é a ruína da sua família? Você levará eles a morte, assim como eu fiz,  somos iguais, só você ainda percebeu. Mas não se preocupe, não vai demorar muito pra você vim até mim. - Ele andou até a minha estante e pegou um papel.

Demorei pra perceber o que era, mas reconheci. Era a foto dele, que eu tinha encontrado antes do machado, ele a segurou e sumiu, ele simplesmente sumiu. Meu corpo desabou no chão ,era como se eu estivesse carregando o peso de toda a minha coragem pra ficar em pé.

Ele disse que eu vou ser a ruína da família, assim como ele foi. O que isso quer dizer?O que ele fez? Como ele sumiu dessa forma?

Venha Até Mim (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora