-- Madeleine?
Um som reconfortante adentrava meus ouvidos, meu nome soava como um clamor apaixonado de um amante para sua amada, meus lábios involuntariamente brotaram um pequeno sorriso mesmo ainda estando em transe.
-- Que bom que está bem... mas esse é um péssimo lugar para tirar um cochilo.- um risinho irônico pairou no ar.
Meus olhos não conseguiam abrir, meu corpo estava pesado e tudo que eu queria era ficar deitada ali, pela ironia sabia que era Max, mas a voz era tão leve e sedutora que era difícil imagina-lo assim. Meu corpo estremeceu ao lembrar de onde eu estava, tudo estava tão confuso que eu não sabia organizar meus pensamentos.
--Não vai levantar? Ou isso é apenas um pretesto para não andar?
Forcei minha boca para abrir, mas nada aconteceu, eu estava tão imóvel quanto uma pedra. Um silêncio consumiu o ar em minha volta, senti calafrios e conseguir mexer minhas mãos em busca de algo.
-- O que está procurando ?
Um lapso nervoso aconteceu quando um toque gelado se encostou em minhas mãos, dedos brincavam em meu braço, subindo até chegar em meu rosto. Seu toque era rígido , porém havia um cuidado delicado em cada toque. Senti um ar quente coçar meu nariz, meu maior desejo naquele momento era abrir os olhos , mesmo sem ver senti o peso de seu olhar sobre mim. Sua mão envoltou meus cabelos e senti aquele ar quente perto da minha orelha e um sussurro calmo e sexy ecoou.
-- Acorde.
Foi aí que a coisa mais estranha aconteceu.
Meus olhos abriram e um telhado de madeira familiar estava acima de mim. Fiquei tentando raciocinar quanto a veracidade de tudo que vivi naquelas últimas horas, meu maior medo é de que tudo tinha sido invenção da minha mente, um grande e horrível sonho...tão realista que me recusava a achar que fosse tudo mentira.
-- Finalmente, Bela Adormecida.
Me assustei com a presença de Max ao meu lado, olhei para ele piscando algumas vezes verificando se ainda era um sonho. Sentei na beira da cama com dificuldade, minhas pernas doíam como se eu tivesse andado uma maratona.
-- Como cheguei aqui?- minha mão involutariamente foi até minha testa.
Ele estendeu a mão para tirar um fio de cabelo do meu rosto e sorriu com minha pergunta.
-- Andando, oras! - ele puxou uma cadeira rosa e pequena para se sentar.
-- Eu vim com vocês? - quanto mais eu tentava lembrar de como cheguei no meu quarto mais minha cabeça doía.
Ele me olhava como se eu tivesse perguntando algo óbvio.
-- Claro! Quer dizer...você foi embora sozinha, me deixou naquela situação horrível com a Rose, mas eu ja resolvi isso, depois disso fomos embora e acabamos encontrando você no meio do caminho. - suas mãos balançavam freneticamente enquanto falava .
Pelo menos uma parte foi real, eu realmente tinha entrado na floresta sozinha, mas eu não estava na trilha quando apaguei.
-- Como assim me encontrou? Eu estava...-- tentei achar a palavra certa para que ele não pensasse que eu estivesse tendo alucinações-- normal?
Ele riu.
-- Defina normal.
Naquele momento minha paciência esgotou, era evidente que minha mente havia brincado comigo , então resolvi que se era para vivenciar tudo aquilo... que fosse apenas para mim.
-- Deixa pra la , Max!...O que você está fazendo aqui?- achei estranho o fato dele estar comigo quando apaguei e quando acordei.
O sorriso reluzente se apagou do seu rosto, que enrubesceu rapidamente.
-- Queria conversar sobre o que aconteceu na Cachoeira.- seus olhos evitavam os meus.
Tente se lembrar a última vez que ouviu a frase " Precisamos conversar", se você nunca namorou ou se relacionou com alguém não deve saber o que essa maldita frase significa . Max não mencionou ela literalmente, mas ainda tinha o mesmo significado , porém em palavras diferentes.
-- Max, não seja tão previsível. Foi um beijo, muito bom por sinal, mas você está com a Rose e não quero estragar nada disso que vocês têm.- senti minha garganta vibrar e minhas mãos cairam sobre meu colo-- eu entendo você, eu entendo ela, mas por mais que eu tente não vou me entender, então... me deixe sozinha, por favor?
Seus olhos já não eram mais azuis, um tom esverdeado tomou conta de suas pupilas, ele deu um meio sorriso e piscou para mim se levantando da cadeira.
-- Sei que odeia que eu seja previsivel, então lá vai: "o problema é você, não eu"- sua voz não era irônica , mas sim tristonha, porque era verdade. Eu sempre seria o problema.
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Venha Até Mim (Concluído)
Misterio / SuspensoLIVRO 1 O que o passado pode esconder? Essa é uma pergunta que rodeia os mais obscuros pensamentos da jovem Madeleine. Uma garota que junto da sua família vai passar o final de semana em uma casa na floresta, da pequena cidade de Bosque Livre. Des...