Capítulo 8

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Christopher não era muito bom de esconder seu incômodo diante das situações que ele passava. Ele realmente não fazia, mas ele queria aprender, ainda que se perguntasse o que isso somaria em sua vida além de se tornar um baú completamente fechado para qualquer outra coisa aparentemente externa, ele já era bastante estranho e sabia mais que ninguém de tamanha característica, até porque sempre havia sido bom para admitir as coisas para ele mesmo quando estas concerniam exclusivamente à sua realidade pessoal. No entanto, as coisas estavam bastante difíceis para ele e não eram os efeitos da sua consciência pesada da noite no clube, aquilo havia sido amenizado com muito esforço por ele dentro da sua mente.

Recusava-se pensar naquilo e se sentir culpado pelo que havia acontecido, mesmo que tivesse admitido que era sua culpa, mas Christopher somente queria esquecer o acontecimento e seus contextos momentâneos e posteriores. Os momentâneos (que envolviam Troye e todo o momento tenso entre eles três, é claro, estava incluindo Richard no mesma categoria) e os posteriores (que envolviam ele e Richard somente) pareciam estar tão vívidos na mente de Christopher que pela primeira vez teve que organizar em categorias as coisas que fodiam sua mente depois de um grande burrada. Ele se recusou a pensar nos dois, mesmo depois de ter tipo trabalho de organizá-los para entender sua realidade e havia conseguido.

Não pensava tanto na confusão do clube, muito menos em Troye ou em toda a atenção assassina entre ele e Richard e estava orgulhoso consigo mesmo, visto que seu sentimento de culpa parecia enorme naquele momento mais que no outro. E estava tudo muito bem quando se dignou a colocar uma pedra também no que havia acontecido na casa de Richard, mesmo que não se configurasse como algo digno de ser esquecido. Havia sido algo legal e aparentemente agradável. Christopher conheceu um homem agradável e também um pouco próximo à ele, eles haviam conversando algo normalmente e conseguiu, pela primeira vez, não se sentir fodidamente estranho como pessoa. Richard sabia ouvi-lo, mesmo que fosse um pouco desconfortável estar com ele, mas ainda sim conseguia notar algo nele e gostando de tal coisa. Ele não sabia o que era, mas a presença de Richard e olhar dele fizeram com que seu sistema gostasse da situação e quisesse novamente conversar com ele.

Talvez fosse novamente aquela coisa legal e agradável fazendo efeito, mas depois, ele estava se sentindo incomodado e ignorado.

Christopher riu por dentro.

Não estava.

E os contextos ainda pareciam ter efeito.

Suspirou profundamente.

Ele estava se tornado alguém fodidamente aleatório e sem qualquer possibilidade de salvação, mas esse não era o ponto e Christopher demorou demais para descobri-lo. Somente havia se passado uma semana, ele havia visto Richard apenas um dia depois disso e foi como se eles não estivessem no mesmo lugar ou que não estivessem se visto e isso gerou uma certa insegurança em Christopher, talvez a mesma que fizesse sua mente formular que aquele homem provavelmente estava distante porque aparentemente aquela coisa agradável só foi um complexo de hospitalidade que ele teve para manter uma conversa.

Não era que Christopher quisesse novamente estar sob os olhos e a atenção de Richard; não era isso. Pelo menos ele quis acreditar que não, ele somente estava se perguntando porque em nenhum momento Richard notou que ele estava ali, eles haviam estado muito perto um do outro, seria quase uma questão de educação que Richard o cumprimentasse, mas ele não o fez. E Christopher conseguiu se ver incomodado por aquilo, até porque nunca havia acontecido com ele. Ele nunca havia dado ou feito algo para as pessoas lhe ignorarem, as pessoas gostavam dele, as pessoas sorriam para ele e falavam também. Ele nunca havia arrumado confusão. Ele não havia tratado mal ninguém. Aquilo lhe incomodava como o inferno.

Christopher sempre foi de se adaptar às pessoas e aos locais, sempre sendo agradável com todos, sempre conseguindo ser uma pessoa boa. Ele sempre gostou do sorriso das pessoas em sua direção e das palavras amigáveis e ele nunca havia sido ignorado como estava sendo, como se estivesse ainda sob o peso dos acontecimentos e tudo o que havia conversado com Richard fosse aparentemente apagado e estivesse somente ignorando o menino que havia aprontado na festa. Realmente estava acreditando que as coisas se voltariam mais naturais entre ele e Richard, ele queria que assim fosse e não havia nada de interesse a mais como a atração notável que ele sentia. É claro que Christopher sentia-se atraído por Richard, mas isso não compreendia como algo relevante, ele queria que Richard fosse como as outras pessoas com ele.

Apenas um Imprevisível (Uncontrolled Guys Series Book 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora