Apenas um Imprevisível (Uncontrolled Guys Series Book 2)

Capítulo 19

Richard não evitou olhar em direção à Christopher.

O garoto estava sentado lendo alguns papéis com devida atenção, ele parecia rígido e completamente ignorado aonde estava, tinha algo na expressão dele que fez Richard sentir-se incomodado, algo parecido a decepção e mágoa. A verdade seja dita, Michael nunca havia dado um lugar de destaque para Christopher em todas as suas reuniões, ele sempre estava as margens, em uma cadeira encostada na parede segurando alguns papéis e levantando para entregá-los somente quando era necessário. Ele parecia uma pessoa qualquer, um simples estagiário a livre vontade. Richard nunca havia se incomodado antes com aquilo, conseguia parecer perfeitamente normal para ele quando havia chegado e notado a mesma coisa quando entrou naquele escritório e viu Christopher ali, e também nunca havia notado a expressão do garoto, muito menos havia dedicado a atenção em ver as coisas descritas nos mínimos detalhes. Christopher não era tão fácil de ler rapidamente, ele raramente deixava as coisas a livre interpretação, talvez por isso todos haviam dito que era introspectivo, mas ele conseguiu notar tanta decepção no rosto dele sentado naquela cadeira, enquanto seu pai discursava sobre o planejamento mensal dos carregamentos de ferro para Austrália, e quando seus olhares se encontraram, depois de Richard passar metade da reunião inteira observando ele, ele podia ver tristeza ali também.

Seu estômago apertou-se em um nó.

Ela sempre havia estado ali ou pela primeira vez ele olhou o garoto além do que ele representava?

Christopher deu um sorriso fraco, sua expressão envergonhada pela situação que ele estava, e Richard não conseguiu retribui-lo. Ele nunca conseguia fazer, mas como um bom observador que era, ele viu tanto esforço do garoto por fazê-lo, o que fez sua bile ficar presa na garganta.

Ele podia dizer que o garoto somente estava tentando disfarçar a sua insignificância ali com um sorriso para ele. Podia ir bem mais além conhecendo Christopher, o garoto havia percebido que ele o estava analisando e provavelmente em referência à sua situação naquela ocasião.

Uma coisa que Richard havia descoberto sobre Christopher era que o garoto não era bobo, muito menos insignificante, o garoto era inteligente, visionário e tinha competências suficientes para entender aonde ele estava trabalhando e pela primeira vez, Richard deixou de subestimá-lo como sempre estava fazendo, a concepção de que era apenas um garoto com a cabeça presa nas nuvens havia ido muito rapidamente. Christopher sabia o que as pessoas pensavam com relação à ele, principalmente suas opiniões e comentários, eles haviam conversado muito sobre isso e Richard entendeu que a pessoa que ele tinha ao lado era um adulto nas mais estáveis hipóteses.

Durante meses, as mesmas reuniões eram convocadas, Christopher sempre estava ali, sentado, quieto e submisso como uma porra de um escravo à espera de ordens, olhando tão fixamente para seu pai como se não existisse ninguém além dele naquela sala. Richard teve que apertar várias vezes sua mandíbula e seus punhos para aquilo querendo afundar seus punhos na cara de Michael e deixa-la irreconhecível. E Richard viu mais, os olhos de Christopher brilhavam em direção ao pai, ele podia tocar a admiração do garoto por aquele homem sujo. Ele não conseguia entender aquela imagem e para seu maior desgosto odiava aquela imagem, seu estômago revirava e seu ódio crescia por ele, aquele garoto não sabia de nada, aquele garoto mal conhecia os planos do pai com ele e nada envolvia sucessão empresarial, a última coisa que ele deveria fazer era admirar o homem que fazia dele um completo insignificante, mas ele poderia culpar mais Christopher e seu desejo de agradar as pessoas, principalmente seu pai, e se Richard realmente fosse um homem bom ele diria a Christopher que ele não precisava agradar ninguém, pois as pessoas não mereciam ser agradadas, mas depois de tudo, talvez querer a aprovação de todos não era uma simples obsessão do garoto ou uma doença e sim uma alternativa de se sentir importante e não descartável por alguém.