Capítulo 33

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Richard olhou para longe sem ver.

Ele levou o copo com whisky que ele tinha em sua mão até a boca, engolindo de uma só vez aquele líquido, não sentindo nada, era como se ele estivesse bebendo água, mas se ele fosse honesto com sua observação, o whisky era o único líquido que ele estava bebendo durante todos esses seis meses fodidos que ele estava vivendo. Richard nunca havia sido alguém que realmente se condicionava a beber como um desesperado, como se aquilo fosse uma saída para a sua vida de merda, mas se considerasse sua real situação, ele não tinha muita coisa para fazer a não ser afogar-se no álcool e encontrar talvez algo que fizesse ele se sentir bem mais na merda do que ele já tinha consciência do que já estava.

Ele somente queria saber se tinha alguém no mundo mais fodido que ele.

Richard estava um desastre, um completo desastre que não conseguia fazer as coisas direito em meio a tantos cabos soltos que ele devia resolver na sua vida. Ele não fez literalmente nada. Richard não ligou para nada além dele, muito menos seus compromissos empresariais, ele somente viu ligações, mensagens e compromissos chegarem até ele e deixou que as coisas fossem resolvidas sozinhas, ele não ligava mais, ele não ligava para nada dos seus negócios, ele não ligava para as pessoas que estavam ao redor dele, ele não ligava para as pessoas que trabalhavam para ele, ele não ligava para sua corporação, ele não ligava para seus compromissos oficiais, ele não ligava pra sua vida e Richard disse para si mesmo que seria dessa forma durante muito tempo, pois ele não tinha motivos nenhum para ser um homem completamente firme como sempre havia sido.

Naquela altura do campeonato, Richard nem sabia se aquela pessoa que ele foi um dia existia, talvez havia sido apenas uma grande piada, uma grande máscara feita para disfarçar o idiota e homem de merda que ele era desde que nasceu. Durante toda a sua vida, Richard interpretou um homem firme, uma imagem de autoridade e respeito, um homem perfeito para ele mesmo e para as pessoas, mas nele não havia nada de perfeito, não havia nada que as pessoas invejassem, e ele foi honesto consigo mesmo para admitir que o que ele tinha era somente para despertar a pena das pessoas, na sua forma mais humilhante, a mesma pena que faria dele um completo doente que não tivesse jeito e a única alternativa seria jogá-lo no lixo mais próximo.

Richard sentiu-se completamente fodido e não conseguia pensar quando havia sido o real momento que ele havia diagnosticado que ele era um idiota doente que não tinha nada além de um bando de defeitos e que não era a pessoa que ele sempre jurou crer que era, ele sabia que não era somente naquele real momento, pelo contrário, havia sido bem antes, muito antes dele constatar com bastante precisão, ele havia estado tão cego que os resquícios do aspecto podre dele pareciam coisas perfeitas induzindo-o a crer que estava ligeiramente impetrado a ser o homem mais bem sucedido e importante de Londres.

Suas alternativas pareciam tão objetivas, que pela primeira vez, Richard as viu com clareza, ele tinha que ficar distante de tudo o que ele achava que havia sido completamente bom e então ele isolou-se em sua casa, tendo com mantimento principal duas garrafas, uma de whisky e vodka, alternando-as para que até a sua situação de merda não mostrasse que ele não sabia nem fazer aquilo direito, como também comprou vários tipos de cigarros deixando-os espalhados pelo seu campo de visão, talvez ele tivesse muitas alternativas para se afundar, ou talvez ele tivesse muitas alternativas para saber que ele era o mais fodido de Londres e mais, tivesse alternativas para ser o quão mal amado era. Richard reafirmou tudo o que ele tinha na cabeça ao beber e fumar ao mesmo tempo, era como se a verdade da sua vida fosse acordada pelo álcool e a nicotina, as coisas vinham esclarecidas, as coisas vinham golpeando o seu juízo a ponto das imagens serem tão nítidas, os fatos tão claros e a verdade amarga dando fodidos socos telepáticos nele. Ele olhou firme somente num canto da parede, era como se estivesse passando uma apresentação de slides lá, com todos os momentos que comprovavam que ele era um idiota doente, todos os que estavam ali tinham uma pessoa comum, Christopher, ele era a pessoa comum a todos os seus momentos mais idiotas, como se ele conseguisse mostrar para Richard as coisas que ele esquecia dentro dele.

Apenas um Imprevisível (Uncontrolled Guys Series Book 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora