Quando Christopher lia os romances em livros ou e-books ele sempre amava sentir aquele frio na barriga dominando suas sensações, aquele nervosismo sobre a situação, aquela ansiedade vindo devagar a cada capítulo e a intensidade pelas quais as coisas pareciam concorrer, e ele sempre havia esperado isso em todos os seus relacionamentos.
Seria uma piada infame se não fosse trágico.
Ele havia se decepcionado bastante quando soube que as coisas não funcionavam daquela forma e que ele era somente um menino iludido que acreditava que uma história pertencente a uma mente que ele não conhecia, aconteceria com ele e sentiria completamente feliz como o personagem que ele prezava em seus livros. Foram quatro relacionamentos que mostraram essa lição à ele, não havia aprendido tão rápido, seus pés foram colocados contra um solo espinhoso de forma muito impiedosa e em outros tempos ele havia agradecido bastante por isso porque sua queda livre até a realidade não havia sido exatamente agressiva.
Ian, seu primeiro namorado, não havia sido um homem completamente dedicado aos seus dias, eles mal se viram quando estavam juntos, Christopher nunca havia procurado ele exatamente para compensar as ausências sucessivas, mas ele havia feito muitos nos últimos meses do fim.
A explicação para a ação de Christopher?
Bom, ele estava lendo na época um romance gay na qual um menino parecia viver a mesma coisa que ele, o personagem havia engolido todo seu orgulho, todas as suas limitações psicológicas e todos os seus problemas para lutar pelo seu relacionamento, para que desse certo, para que ele conseguisse viver o amor épico com o homem que ele era um desastre longe. Ele havia procurado Ian e conversado bastante com ele, como o personagem havia feito, e colocado tudo para conversarem, ele havia sido sincero, ele queria que as coisas dessem certo com Ian. Christopher gostava muito de Ian, eles se entendiam, eles gostavam das mesmas coisas e eram do mesmo círculo social, ainda que Christopher fosse bem mais poderoso financeiramente que ele, conseguia ver motivos para fazê-lo. Christopher não havia quebrado a cara exatamente, mas ele havia constatado que ao contrário daquela história, Ian nunca havia gostado dele, nunca havia lutado por ele, muito menos havia dado motivos fortes para querer fazer as coisas darem certo, tudo havia sido apenas algo unilateral, uma via de mão única que Christopher era o manobrista. E ainda descobriu depois de alguns dias que havia sido apenas o menino gay apaixonado por um homem forte, musculoso e hétero que queria um emprego nas Indústrias Warris e não havia conseguido.
Com os outros três não havia sido diferente.
Quando Charles, o seu segundo namorado, chegou em sua vida havia sido como em uma cena de um outro romance que ele estava lendo, um aonde os personagens viviam em mundos completamente diferentes, mas algo tão forte entre eles havia sido florescido como em um estalo automático.
Charles era o típico homem que vivia nas festas, ele era amigo de um amigo de Tristan, eles haviam se conhecido por acaso em uma das noites no clube que frequentavam em comum, e para detalhe, Christopher estava tentado esquecer Ian, mas não esquecer querendo fazê-lo com outra pessoa, não era isso, ele queria ocupar a sua cabeça para não pensar nele. E na visão de Tristan, ir a uma festa à noite era o melhor remédio. As coisas haviam sido exatamente boas ali, ele não podia negar. Charles começou a fazer partes dos seus dias, ele começou a frequentar a casa de Tristan e principalmente até o orfanato que Christopher sempre estava indo. Eles viviam se vendo, ele sempre se falavam e Charles sempre estava no mesmo espaço de Christopher. Charles não tirava seus braços, suas mãos e seus olhares de Christopher, não importa aonde eles estivessem, ele era possessivo, ciumento e muito carinhoso, mesmo eles não tendo exatamente algo entre eles além da amizade. E como no livro, um dos personagens não havia aguentado o clima tão fodido e havia resolvido expor as coisas. Ok. Christopher não foi essa pessoa, mas Charles o fez, quando viu um outro homem aproximando-se demais do menino. Ele havia ficado tão com raiva de ver um outro homem tocando no menino que estava obcecado, ele havia fechado seu rosto e pedido para Christopher falar com ele. Christopher fez o que ele pediu e Charles havia beijado ele tão forte e ganancioso, dizendo logo depois que queria ele mais que tudo e que não aguentava mais aquela situação. Durou menos que um ano. Charles não era como o personagem do livro; o personagem do livro não conseguia se ver perto de ninguém que não fosse o menino que ele amava, Charles conseguia perfeitamente fazê-lo, o personagem não conseguia ficar longe do menino, Charles ignorava ele todos os dias, menos quando queria colocar seu pau em Christopher. E quando Christopher tentou recuperar o amor como o personagem havia feito, Charles já tinha engravidado uma mulher, provavelmente já estava com ela quando estavam juntos, ele provavelmente estava vivendo um triângulo amoroso e não sabia e havia aceitado o dinheiro do seu pai para ficar longe por um ano para disfarçar as investidas da mídia.
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Apenas um Imprevisível (Uncontrolled Guys Series Book 2)
RomanceChristopher Warris é o herdeiro de um império multimilionário governado sob punhos de ferro. Ele é um jovem sob controle que vive suprimido, sob os olhos e a sombra do pai, ele é alguém manipulado, ele sabe, mas ama seu pai. E para o seu desastre as...