Apenas um Imprevisível (Uncontrolled Guys Series Book 2)

Capítulo 31

Tristan olhou para Christopher, um pouco distante dele, sentado à beira da janela grande da casa de campo, vestido com um conjunto de moletom cinza, suas pernas uma sobre a outra, seu corpo aparentemente relaxado, seus olhos fixos naquele monte de papéis com mais de cinco páginas.

Ele estava lendo e revendo atentamente cada um deles, ao seu lado estava uma caneca grande com chocolate, que ele mesmo havia preparado para Christopher, mesmo sabendo que ele não tocaria naquilo, ele somente via seu primo olhar aquilo com especificidade e acomodando a cada minuto uma mecha de cabelo, atrás da orelha, que ousava ficar em frente à sua visão.

O convite para virem até a casa de campo da sua família, era afastar Christopher de toda aquela atmosfera sufocante que estava sobre ele e fazê-lo, pelo menos, ficar bem, mas não estava fazendo muito efeito esperado.

Bom, levando em consideração os dias dele, Tristan via todos os dias Christopher sair muito cedo de casa e chegar relativamente tarde, e passar o dia inteiro na sede das Indústrias Warris, ele podia tocar o cansaço de Christopher, mas ele não parecia se importar muito consigo mesmo, pois Tristan conseguia ver o quão impetrado em estar ali todos os dias ele estava. Tristan sabia que existiam muitas coisas a serem resolvidas, outras que precisavam diretamente do olhar de Christopher sobre elas, outras que precisavam dele mesmo para serem feitas, mas a assiduidade de Christopher estava um pouco fora do comum, ele parecia ligeiramente dependente daquilo, como se daquele momento em diante só existissem as Indústrias Warris e a necessidade dele sempre naquele lugar, como se não houvesse mais nada além daquilo.

Tristan esteve muito preocupado, mas ao mesmo tempo feliz por quão bem sucedido Christopher estava se saindo nos seus negócios.

Ele conseguiu lidar com o problema dos cabos soltos deixados por Michael, ele conseguiu reformular todos os negócios da corporação e estava sendo completamente controlado e paciente com suas manobras empresariais, o suficiente para completar todos os seus deveres como CEO das Indústrias Warris e conseguir manobrar todas as filiais dos outros países das quais ele era o maior responsável.

Apesar dos benefícios da entrega de Christopher aos seus negócios, Tristan sabia que não era só isso e talvez aquela dependência toda não fosse exatamente um mecanismo de resolução e sim de ocupação. E ele não falava nada. Se Tristan pudesse classificar qual era a situação de Christopher ali era que ele estava tentando esquecer algo, seu olhar parecia tão longe e sua expressão demonstrando algo tão frágil que chegava a incomodar vê-lo daquela forma e não saber exatamente o que fazer por ele, como da última vez.

Completava-se uma semana assim.

Não havia sido fácil para ele, sua mãe lhe contou, Christopher soube das coisas que sempre haviam sido escondidas dele, informações que continham todas as respostas pelas quais ele precisaria para entender muito bem o que ele estava vivendo, Tristan não podia negar o quão culpado e horrível ele estava se sentindo por ter escondido de Christopher as mesmas informações. Ele sempre soube dessa história, muita coisa ele havia acompanhado de perto, principalmente nas conversas dos seus pais. Foram tantas coisas caindo de paraquedas, tantas informações, tantas contradições e principalmente tanta verdade que fez Tristan ver que ele não conhecia ninguém mais forte que Christopher para suportá-las, ele ouvia tudo com frieza e impessoalidade, ele sorriu quando quis passar que estava bem, ele conversou normalmente depois, Tristan só não soube se tudo aquilo configurava-se como verdade ou era um completo mecanismo pela qual ele estava retirando os olhares de cima dele, Tristan esteve por alguns segundos no foco do olhar de Christopher quando ele soube de uma outra parte da verdade, Tristan podia sentir o olhar inquisitivo de Christopher quase perguntando a ele: Você sabia, não é mesmo? Aquilo havia apertado consideravelmente o coração num punho, ele não soube fazer nada, ele somente se sentia malditamente culpado e uma pessoa horrível com relação a alguém que ele realmente amava.