Os meus parentes que me olhavam com cara feia o dia inteiro agora tinham motivo. Sim, eu me tornei a ovelha negra da família depois do jantar de ontem e eu não ligo para isso. Minha mãe me deu uma lição de moral hoje mais cedo – pelo menos ela acha que deu, já que entrou tudo por um ouvido e saiu pelo outro – enfim, me obrigou a pedir desculpas para o meu avô e obviamente eu não fiz isso. Além disso tudo, o Félix me contou que a Bárbara também teve um desentendimento com o meu avô e depois foi embora. Ao menos eu não fui o único.
Hoje eu cheguei a decisão de que não aguento ficar mais nem um dia aqui, quem dirá uma semana junto com a minha mãe. Então, durante o sermão eu disse que iria embora e ela concordou, pois segundo ela seria bom eu passar um tempo com o meu pai.
Após estar tudo pronto, coloco o Zeus no carro e partiu casa.
Chego em frente ao meu prédio e estou exausto da viajem, tiro o Zeus do carro e os empregados fariam os resto. O porteiro me diz boa tarde e eu passo direto, clico no botão do elevador e logo ele chega. Entro com uma senhora e fico na frente para ela não puxar assunto comigo. Assim que chego ao último andar, liberto o Zeus da casinha. Ele corre para conhecer a casa nova. Escuto um grito e vou andando calmamente para saber o que aconteceu.
– O quê? Como você chegou aqui? – a Graça estava olhando para baixo falando com o Zeus.
– Esse é o meu dog! – ele vem correndo em minha direção, eu abaixo e faço carinho nele – Zeus!
– Seus pais deram permissão?
– Desde quando eu preciso da permissão de alguém? – ela dá de ombros – Cadê o meu pai?
– Está no escritório dele! – levanto e a encaro – Ele pediu para te informar que assim que você chegasse era para ir falar com ele. – arqueei a sobrancelha.
Dou a meia volta e não falo nada. Ao passar pela sala reparo que todas as minhas coisas já estão aqui, pelo menos o pessoal daqui é rápido. Vou em direção ao escritório do meu pai e esbarro com um empregado. Ordeno que ele pegue as minhas coisas e ponha no meu quarto.
Chego em frente ao escritório e abro a porta. Dois segundos depois me pergunto se devia ter batido, mas já é tarde demais. Ele está mexendo no notebook. Ele levanta assim que bate os olhos em mim. Eu entro e sento na cadeira à sua frente.
– O que o senhor quer comigo?
– Primeiramente, como você está? – ele pergunta sentando novamente.
– Exausto! – bufei – O que você quer?
– Eu queria te chamar para lanchar comigo hoje. – ele diz arrumando alguns papéis – Mas não será possível! Tive um imprevisto.
– Sempre! – reviro os olhos.
– Então, o que você acha de sairmos para jantar?
– Que seja! – dou de ombros.
– Ok. Esteja pronto as nove! – ele bate no meu ombro – Tenho que sair agora.
Ele saiu do escritório e fechou a porta. Eu levanto e saio logo em seguida. Vou procurar o Zeus e ele já estava dormindo no tapete da sala, vou na cozinha e aviso para os três empregados que iria dormir, e que caso o Zeus fique arranhando a minha porta é para abrir.
Deito na cama e apago logo em seguida.
Acordo com o despertador e o desligo. Viro para o outro lado e fecho os olhos de novo, eu sei que não posso voltar a dormir, porém é inevitável.
Acordo com algo subindo em mim e levo um susto. O afasto e logo Zeus começa a chiar. O puxo para mais perto e começo a fazer carinho.
O relógio apontava às oito e meia. Hora de levantar.
Não demorou muito para eu estar vestindo uma blusa preta, calça da mesma cor e o meu casaco preferido da Fila; escolho um tênis branco, coloco alguns acessórios, taco perfume e já estou pronto.
Pego o meu celular e havia uma mensagem do meu pai avisando que está vindo. Lembrei agora que esqueci completamente de comprar um presente para Isabela, então peço para que ele compre para mim e ele responde com um "Ok!".
Saio do meu quarto. Ao chegar na sala, vejo Graça ajoelhada no tapete limpando-o, com o Zeus ao seu lado. Pelo visto ele aprontou.
– Esse monstrinho fez xixi no tapete! – ela diz com um tom de raiva enquanto me encara.
– Legal! E o que você quer que eu faça?
– Ensine ele a fazer xixi no lugar certo. – eu ri.
– De um banho nele, ok! –digo ajeitando o meu relógio no pulso.
– Eu não sou paga para isso! – ela reclama.
– Você é paga para limpar o meu cu se eu quiser. Então, faça o que eu mando sem reclamar! – aumento o meu tom de voz e ela olha para baixo.
Recebo a mensagem do meu pai dizendo que já está lá embaixo, me despeço do Zeus e desço. Seu carro está parado em frente à entrada do prédio e eu entro. Não faço a mínima ideia para onde estamos indo e não tive a vontade de perguntar. Ligo o rádio e coloco em qualquer estação que não estivesse tocando funk, para que o silêncio não tomasse conta do lugar. Não demorou muito e chegamos a um restaurante. O recepcionista nos levou até a nossa mesa e nós fizemos o nosso pedido.
– Então quer dizer que você não sabe qual profissão seguir? – meu pai diz olhando nos meu olhos.
Eu só queria estar olhando para o celular, só para não ter que ver aqueles olhos cinza ameaçadores, parecia que ele iria me atacar a qualquer momento. E a única coisa que eu posso fazer é ser mais frio que ele.
– Você não me chamou aqui para me estressar com esse assunto sobre faculdade, right? – fecho a cara – Certo? – silêncio – Caso sim, eu vou embora agora.
– Não te trouxe aqui para te estressar, apenas quero conversar sobre o seu futuro.
– Por que você não se preocupa com o seu futuro? – pergunto apontando o dedo para ele – Deixa eu cuidar do meu!
– Você é o meu futuro. Você vai continuar com o legado da família. –disse seco e grosso.
– Que legado? – eu ri balançando a cabeça. – Use a Zara. Faça o que você quiser com ela e com o seu "legado", mas me deixe fora disso. Ok?
A comida chega e o garçom acaba interrompendo a nossa discussão. Esse negócio de discutir por causa de carreira mal começou e já estava me deixando maluco. O momento deles de planejar o meu futuro já passou, agora eu estou com ele em minhas mãos e ninguém vai tirá-lo de mim.
Quando eu estava prestes a pegar um pouco de comida, o meu pai tira uma foto minha. Ele nem tirou o flash para disfarçar melhor. Eu olho para a câmera e não faço ideia de como ficou. O encaro de cara fechada.
– Sua mãe pediu! – ele dá de ombros.
– Eu posso see it antes de você mandar, pelo menos?
– Você tem que parar de misturar as duas língua. – diz virando o celular para que eu visse a foto – Parece um idiota querendo aparecer.
– Até parece que eu faço de propósito. – reviro os olhos.
A foto está até que "Ok". Peço para ele me passar e começo a comer.
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O Novo Clássico
RomanceO novo clássico gira em torno da vida de três jovens adultos. Com suas vidas distintas, acabam descobrindo algo que jamais passaria pela cabeça de cada, fazendo assim com que suas vidas desse uma reviravolta.