Otto

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Abigail me mandou mensagem dizendo que está com vontade de dar uma voltinha na orla da praia e eu estou me arrumando para ir de encontro com ela. Visto uma blusa branca, uma bermuda preta e um tênis preto. Uso o meu perfume preferido do Ralph Lauren; ajeito o meu cabelo e vou escovar os dentes. Após secar a boca e a mão saio do meu quarto e o Zeus vai me acompanhando até a sala. Aparentemente não tem ninguém em casa. Meu pai está no trabalho; minha mãe deve ter saído para um chá comunitário e a Zara saiu com alguém que eu não faço questão de saber quem é. Me despeço do Zeus com um carinho e o elevador logo chegar. Aviso a Abigail que eu estou descendo e ela apenas visualiza.

Chego na frente do seu prédio e ela logo sai. Ela está bem arrumada, como sempre e com um perfume doce, mas não é forte nem enjoativo é apenas a cara dela. Nos abraçamos e nossos lábios se encontraram para um beijo.

– Olha, pensei que hoje podemos fazer coisas que os pobres fazem. – ela diz me encarando com esses olhos que são quase intimidadores.

– Ham? – franzi o cenho – Tipo o quê?

– É, tipo beber água de coco e comer batata frita em um Qui... Quio... – ela não sabe a palavra, o que é engraçado.

– Quiosque. – ela assentiu e eu ri – Eu não como batata frita.

– Nem eu! – ela deu de ombros – Isso foi apenas uma ideia, quero dizer, você também pode dar suggestions... sugestões, certo? – assenti.

Nós atravessamos a rua e fomos discutindo as opções enquanto olhávamos para os quiosques, acho que estamos procurando pelo mais apresentável. Decidimos parar em um Quiosque e pedir duas águas de coco por hora, pegamos uma mesa que está mais afastada do pessoal que está por aqui.

– Tem planos para amanhã? – Abigail perguntou  dando um gole em sua água de coco.

– Sim! – assenti. – Vou sair com a Zara, fazer uma sessão de fotos.

– Sessão de fotos? – deu um gole na sua água de coco e me encarou – Você quer ser modelo? Eu não sabia disso.

– Nós não contamos para ninguém, preferimos...

– Se você está me contando agora, significa que eu sou alguém para você? – sorriu de lado – Not so fast! – ajeitou o cabelo – Você nem me pediu em namoro ainda.

Quase engasguei com a minha própria saliva. Namoro?
Continue encarando-a e nós dois ficamos em um silêncio nem tão constrangedor assim. Pela sua feição não da para saber se ela está brincando ou falando sério. Se isso for um joguinho dela, eu tenho que dar a volta por cima.

– Eu não preciso te pedir em namoro. Você é minha e pronto! – digo relaxando na cadeira e encarando-a de lado. Ela mordeu o lábio inferior e logo deu um sorrisinho.

– Vamos pedir? – pergunta puxando o cardápio.

Ela mudou de assunto. Um ponto para mim!

Após tanto analisar o cardápio nós pedimos alguns frutos do mar; uma caipirinha de maracujá para mim e um drink para a Abby.
Começamos a conversar sobre essa história de modelo enquanto a comida não chegava e segundo ela eu vou me dar muito bem nesse mundo. E assim eu espero, pois só estou fazendo isso pelo dinheiro e para ver se o meu pai dá um tempo sobre a história de faculdade.
Quando a comida chega, nós dois chegamos a um consenso de que seria melhor ter ido a um restaurante mais sofisticado. A comida não é horrível, porém nós já comemos coisas melhores e isso meio que mudou o nosso paladar. Digo, nós crescemos comendo apenas coisas boas, então...

Quando acabamos, eu tive a ideia de tomar açaí, mas a Abigail disse que era horrível, então esqueci essa ideia. Levantamos, eu paguei e nós voltamos a caminhar na orla.

Nós andamos de mãos dadas o que é engraçado, pois eu não estou me incomodando com isso.

– Nunca mais invento essa ideia de ser pobre! – ela diz rindo e negando com a cabeça – Eu vou ser sortuda se não tiver uma infecção alimentar.

– Para onde vamos na próxima vez?

– La Pergola; Roma. – ela diz com confiança.

– Então vai demorar um pouco para o nosso próximo encontro.

– Baby, nós temos dinheiro o suficiente para viajar por toda Itália na hora que quisermos. – ela piscou de um olho.

Nós paramos, nos encaramos e eu a beijei. Depois segurei o seu queixo com os meus dedos para admirá-la. Ela tira os meus dedos, pega na minha mão e continuamos andando. Eu pensei que ela me levaria para algum outro lugar, mas depois eu percebi que estávamos voltando para casa. Esse foi o encontro mais rápido que eu tive.
Paramos na frente do prédio dela.

– Eu poderia te convidar para subir, mas os meus pais não são seus maiores fãs. – eu ri de lado.

– Eu não tenho fãs, apenas haters. – sorri passando a mão no rosto dela.

– Então é aqui que nos despedimos! – ela fica na posta dos pés para me beijar – Esse foi o pior encontro que eu já tive! – diz baixinho no meu ouvido e me da um beijo rápido. Ela se vira para entrar no prédio.

– O mesmo! – eu digo um pouco mais alto, para ela ouvir.

Ela virou o seu corpo para mim mandando dedo do meio com as duas mãos e sorrindo. Eu ri e também mandei dedo.

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