13- O medo de Dan

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Um grito assustado saiu da minha garganta ao mesmo tempo em que meu coração batia rápido e forte como se procurasse um jeito de sair voando para não presenciar o acidente que com certeza aconteceria.

Quis fechar os olhos, mas parecia ter perdido o controle sobre o meu corpo. Assisti, impotente, o Dodge preto do pai de Dan ir de encontro ao carro branco.

Instintivamente Dan girou o volante com força e rodamos na estrada, batendo com um estrondo nas árvores laterais da pista. Os pássaros que estavam nas árvores próximas levantaram voo fazendo um estardalhaço, recortados como sombras contra o céu crepuscular.

Meu corpo foi jogado para frente e para trás com força. O airbag foi acionado com o impacto e perdi o ar. Doeu.

— Merda — Dan xingou. Ele soltou o cinto de segurança e se inclinou sobre mim, tocando minha testa com delicadeza, mas o rosto estava pálido feito osso e os seus olhos azuis arregalados em puro choque.

— Vocês estão bem? — perguntou para todo mundo, mas ainda tinhas as mãos, instáveis, em mim, apalpando todo o meu corpo onde estava ao seu alcance.

Toquei seu corpo em busca de ferimentos e suspirei quando percebi que ele parecia inteiro. Me deixei cair em seus braços, aliviada, e Dan me abraçou com força contra o peito. Ele tremia.

— Tudo bem por aqui — Lucas informou do banco de trás.

Virei o rosto para ver meus amigos. Mel aparentava estar tonta, mas não tinha ferimentos apesar de decididamente verde por baixo da pele pálida. Dani esfregava o ombro e também parecia bem. Queria dizer que não me importei com Kaíque, porém meus olhos correram por seu corpo e o meu ex me lançou um sorrisinho idiota. Me concentrei em Dan.

— E você? — murmurei ainda sem ar, procurando algum ferimento em seu rosto com a ponta dos dedos.

Ele assentiu, tirando o cabelo preto dos olhos com um gesto pra lá de irritado. Com os punhos cerrados, ele socou o volante proferindo uma série de xingamentos bastante criativos.

— Eu não vi aquele filho da puta — resmungou com ira assassina tomando conta dos olhos claros.

— Você reagiu bem — afirmei em um sussurro bem perto do seu ouvido, pegando a sua mão fria entre as minhas. — Ele devia estar bêbado, o covarde, por isso não parou para ajudar.

Uma porta de abriu no banco de trás e nos afastamos, um pouco constrangidos, quando Mel pulou para o lado de fora e vomitou no acostamento.

Merda.

Pulei para resgatar a minha amiga, mas Lucas já estava segurando a cabeleira ruiva enquanto ela botava os sanduíches para fora. Dani entregou uma garrafinha de água para Mel que agradeceu, lavando a boca.

Ela voltou para o carro e aproveitou para se sentar lá dentro com um sorrisinho de desculpas na minha direção, ainda mais pálida sob a luz amarelada do interior do veículo.

Dan também abriu a porta e saiu pisando duro.

— Não está muito ruim — Dani comentou iluminando a frente do carro com a lanterna do celular, ao lado dele. Seu ombro estava com um roxo feio que ela ignorava. — O tio não vai ficar muito puto com você. Só um pouco.

Havia um amassado mais ou menos do tamanho de uma melancia no meio do capô e alguns poucos arranhados na tinta preta. Fora isso, o Dodge parecia inteiro. Soltei o ar em uma expiração pesada.

Dan puxou um maço de cigarro e o inseparável isqueiro, também olhando para o amassado na parte frontal do veículo preto com bem menos preocupação que eu.

Mentira Perfeita [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora