22- Ironia

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Me encolhi dentro do casulo reconfortante dos braços de Dan enquanto encarava Kaíque. Seu sorriso brilhante vacilou por um segundo, deixando sua raiva transparecer, mas ele logo voltou.

— Estava te procurando — repetiu me olhando.

— Epor quê? — Dan quis saber.

— A Alicia me pediu para ir te buscar — meu ex explicou para mim, ignorando Dan completamente. — Para as fotos do pré-jogo.

Minha alma quase saiu do corpo com o susto.

As fotos! Levei a mão à testa.

— Ai, merda — xinguei baixinho e puxei o celular. Eu estava cinco minutos atrasada. — Merda.

Kaíque sorriu, imperturbável, e estendeu um braço para mim. — Então, vamos?

Naquele estado mental perturbado, completamente fora de mim por ter feito uma bagunça gigante com o meu horário na minha primeira cobertura pelo jornal da escola, eu sequer pensei no que estava fazendo.

Assenti, completamente perdida e dei um passo na direção do meu ex com um sentimento muito ruim revirando a boca do estômago.

Dan segurou a minha mão, entrelaçando os dedos nos meus.

— Eu vou com vocês — disse soando quase agressivo e ergui o olhar para ele.

Seus olhos azuis estavam cravados em Kaíque, queimando de raiva. Aparentemente Dan não tinha esquecido os acontecimentos de quarta-feira, nem o que quer que seu pai tenha lhe dito que fez com que ele secasse uma garrafa de uísque sozinho.

O sorriso de modelo do meu ex ficou ainda maior.

— Claro, cara. — Kaíque passou a língua pelo lábio inferior de um jeito muito semelhante ao que Dan fazia e isso dissipou um pouco da minha confusão.

Uma sobrancelha de Dan subiu e ele e ergueu uma mão com a palma voltada para cima como se perguntasse "Que diabo é isso?". Eu também queria saber a resposta.

— Infelizmente — Kaíque continuou e seu sorriso era tão grande quanto o do gato da Alice no País das Maravilhas — , só o pessoal do jornal e do time estão convidados e você não faz parte de nenhum dos dois.

A expressão de Dan não se alterou. Ele estreitou os olhos.

— Sabe o dia que eu vou deixar você ficar sozinho com a Sofia? — chiou dando um passo para perto do meu ex com cada músculo do corpo rígido. Agarrei sua mão com ainda mais força, puxando Dan como se para conter a fúria que saia do seu corpo em ondas. —  No dia que o inferno congelar.

— Então é melhor o capeta comprar um casaco de pele — Kaíque respondeu, sem se abalar.

— Kaíque, você achou a.... — Alicia parou de falar os olhos claros dela estavam fixos no confronto evidente e ela sorriu cheia de malícia. — Ora, ora... O que temos aqui? Um furo de reportagem? Astro em ascensão do time contra o bad boy que se apaixonou?

Minhas bochechas esquentaram e lancei um olhar furioso para a Barbie jornalista.

— Não é nada, Alicia — respondi. Troquei um olhar com Dan. "Está tudo bem", fiz com os lábios. Alicia não me deixaria sozinha com Kaíque. Ela gostava demais de ser o centro das atenções para isso.

— Hum... — murmurou, não parecendo nem um pouco convencida. Ela deu dois tapinhas no queixo. — Bom, precisamos correr com as fotos para não atrasar o jogo. O doutor Ricci vai arrancar o couro do professor Gabriel se atrasarmos alguma coisa e ele vai arrancar o meu couro.

Mentira Perfeita [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora