26- Desentendimento

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A Harley-Davidson parou na frente do prédio exatamente às seis e meia. Dan ainda estava de cara fechada, mas sorriu quando eu o beijei e soltei um suspiro.

— Você deveria ter me dito que o que a minha mãe falou te magoou — foi a primeira coisa que eu disse olhando no fundo dos olhos claros e Dan passou os dedos pelo cabelo.

— Eu já tinha imaginado que eu não sou bem o que ela tinha em mente para você — Dan riu, sem humor algum. — Não sou exatamente um príncipe encantado no cavalo branco.

Passei os braços ao redor do seu pescoço, deixando meu rosto bem perto do seu.

— Não, você é o meu bad boy na moto preta — sussurrei quase tocando seus lábios com os meus. A proximidade fez o meu coração desembestar, me deixando sem ar e fechei os olhos. — E eu amo você.

Dan entrelaçou os dedos nos meus cabelos antes de me puxar para um beijo, colando o corpo ao meu, como se precisasse de reafirmação de que eu o amava. Talvez Dan não seja tão confiante quanto aparenta, pensei comigo mesma.

Eu aprofundei o beijo e a exploração dos meus dedos sob a sua camiseta, buscando responder qualquer dúvida que ele pudesse ter quanto aos meus sentimentos. Cravei as unhas de uma mão na pele clara da sua lombar e a outra explorou o cabelo e o pescoço tatuado.

Um carro buzinou na rua e nos afastamos, constrangidos.

— Eu amo você, Sofia — sussurrou no meu ouvido antes de colocar o capacete na minha cabeça e depois o dele. Dan me ajudou a subir na motocicleta e partimos para a escola.

Me abracei  à sua cintura com mais força que a estritamente necessária enquanto tomávamos as ruas já conhecidas para a Firenze.

Foi meio que um alívio ver Dani e Lucas esperando por nós perto do lugar onde Dan sempre estacionava a Harley. Apesar disso, nosso amigo não parecia nem um pouco à vontade e não manteve o olhar parado nem por um segundo, inquieto demais.

Ele passou os dedos pelos cabelos antes de começar a bater o pé no chão.

Ergui uma sobrancelha para o garoto e ele sacudiu a cabeça. Claro, esse comportamento não era nem um pouco estranho.

— E aí, pombinhos — Dani começou com um sorriso imenso, falando antes que eu perguntasse se Lucas estava bem. — Como foi o casamento? O Lucas ficou mudando de assunto e não falou nada com nada.

— Não falei porque não tinha o que falar — respondeu, emburrado.

Lancei um olhar comprido para o garoto. Ele tinha olheiras sob os olhos escuros e seu uniforme parecia um pouco desalinhado, mas talvez eu estivesse vendo o que queria ver.

— Foi lindo — respondi para Dani, dando de ombros.

Ergui uma sobrancelha para Dan, esperando que ele fizesse algum comentário sobre não ter sido tão bonito quanto ele, mas meu namorado estava olhando para o melhor amigo com as sobrancelhas franzidas.

Sem cerimônias, Dan pegou o outro garoto pelo braço e o arrastou para longe.

— Ei! — Daniela berrou, indo atrás. Seus All-Star pretos fizeram um som oco quando ela correu pelo caminho ladrilhado, indo atrás dos dois.

— Coisa de homem! — Dan respondeu no mesmo tom, indo para trás do bloco do oitavo ano com Lucas a tiracolo e algumas meninas desse bloco deram risadinhas bobas, encarando as costas dos dois rapazes.

Revirei os olhos. Eu não tinha ciúmes de Dan com elas, mas era ridículo a forma como elas se comportavam perto dos dois garotos. Era quase como se nunca tivessem visto meninos bonitos na vida.

Mentira Perfeita [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora