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Alfonso Herrera, Point of View

" Você vai casar hoje"

" Casamento"

" Igreja"

" Anahí "

" Casamento "

..

Podemos dizer que era meio insano o modo repetitivo que tais palavras ecoavam em minha mente, como se o facto de estar encarando o meu próprio reflexo no espelho, dentro daquele smoking preto, não fosse o suficiente para perceber tal acontecimento.

E porra! Eu estava ridiculamente nervoso.

E não é como se eu estivesse com medo de algo der totalmente errado, ou como se a minha noiva fosse fugir com um cara mais bonito, porque eu sabia que ela me amava e confiava naquele sentimento com a minha própria vida. O ponto era, faltando pouco menos de duas horas para o início da cerimónia que mudaria de algum modo a minha vida e à de todos ao meu redor, todas as lembranças de absolutamente tudo que vivemos para chegar até aqui, invadiam a minha mente me fazendo sorrir que nem um imbecil, porque apesar de tudo eu nunca achei que fosse viver àquele momento.

Porque vejamos bem:

Eu conhei a Diana, em uma fase em que quis assentar em algum lugar e viver algo sério com alguém que fosse do meu interesse ou agrado. E deixa dizer-vos que é horrível ouvir a sua mãe gritar no seu ouvido todos os dias, dizendo que você precisa arranjar uma mulher de verdade para crescer e construir uma família. Eu ouvia àquela mesma ladainha todos os santos dias saindo da boca da dona Krysten, até que chegou um momento que mesmo não concordando que era obrigatório um homem ter um lar e uma mulher para cozinhar para ele, porque eu me virava muito bem, eu comecei a fazer das palavras dela o meu desejo também. Foi por gravar todas àquelas coisas na minha cabeça que eu me aproximei da Diana e resolvi ter um relacionamento sério. Porque se dependesse de mim, nós teríamos um sexo casual e nada mais do que isso. E por mais que custe admitir, durante os primeiros meses e anos de relacionamento, ela foi uma pessoa maravilhosa. Era compreensiva, dava o meu espaço, me tratava com carinho e não como uma máquina que tinha a obrigação de satisfazê-la vinte e quatro horas por dia e sete dias por semana. E de algum modo, eu sei que as coisas começaram a mudar, desde o momento em que Susan, a mãe dela, resolveu dizer que uma mulher de família e que se dê ao respeito, não deve ficar ao lado de um homem durante anos apenas transando como se fosse uma qualquer. Podem imaginar o inferno que foi a partir daí?
Mas apesar de toda a dor de cabeça que àquele relacionamento me trouxe, eu realmente imaginava casar com ela e quem sabe ter filhos, isso claro depois que eu conseguisse um outro emprego. Porém, existia um ponto que fazia toda a diferença no meio de tanta coisa: eu não amava a Diana.

Na verdade, nunca cheguei a amar.

Existia carinho, atracção, química e o que fosse, mas amor nunca existiu.

E hoje, mesmo depois de anos, em minhas orações eu agradeço a Deus por ter aceitado acompanhar o meu irmão naquela livraria. Porque eu nunca poderia imaginar que fosse justamente conher a mulher da minha vida em um lugar em que pessoas normais iam para ler um bom livro ou quem sabe para relaxar.

Quando vi a Anahí dentro daquela roupa que marcava absolutamente tudo, foi como se uma lâmpada na minha cabeça tivesse dado o ar da graça, avisando que nada mais seria como antes. E realmente foi assim, com apenas um olhar e algumas trocas de palavras desagradáveis, a mulher ocupou todos os meus pensamentos fazendo-me ignorar a minha própria namorada na altura. E o pior, eu não me senti mal por ter sonhado com ela deitada na minha cama completamente sem roupa gemendo e chamando por mim. Era um sentimento novo que crescia alí, e com o passar do tempo, quando encontrei com ela naquela boate e a ouvi cantar de um jeito simplesmente perfeito, ou quando fui até a empresa dela para entregar o dinheiro de uma aposta que eu ridiculamente perdi, ou talvez quando ela ficou bêbada no aniversário da minha irmã e acabamos por transar no apartamento dela, ou quem sabe quando depois do acidente ela ficou mais carinhosa comigo e descobrimos que afinal já nos conhecíamos desde crianças, a certeza de que ela seria dona de tudo relacionado a mim só aumentava consideravelmente. Eu meio que passei a amar tudo nela: o sorriso, o jeito debochado, a irritação quando estivesse menstruada, a manha ao acordar, o nariz empinado, o modo como ela devorava qualquer doce, o olhar penetrante, o cheiro, e todo o resto. Eu amava àquela mulher sem tirar e nem pôr absolutamente nada.

For Now And For Love [ Concluída ]Onde histórias criam vida. Descubra agora