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Quando amamos muito alguém.

Ouçam, leiam e entendam bem as minhas palavras:

Quando amamos muito alguém, ao ponto de sentir a respiração ficar presa toda vez que vemos essa pessoa a poucos quilômetros de distância do nosso corpo.
Quando amamos muito alguém, ao ponto de perder os sentidos no momento em que se atinge um, dois ou talvez três orgasmos depois de um sexo sujo e muito, muito sacana.

Quando amamos muito...

Ok, chega!

Só queria fazer entender aqui, que quando amamos alguém de verdade, sobre todas as coisas, defeitos, maninhas e falhas. Sobre todos os erros e acertos. Sobre todas as carícias, abraços e beijos. Sobre todos os prós e contras. Quando amamos alguém assim, com toda força, com todo nosso ser, com toda nossa alma, nunca, mas nunca mesmo deixaremos de amar essa pessoa.

Passe o tempo que passar. Que viesse chuva, ou fizesse sol. Que as estações mudassem, a primavera dando lugar ao inverno por exemplo. Que a taxa de natalidade aumentasse e no seu encalço a de mortalidade também, não deixaríamos de amar essa pessoa. Nunca. Never. Mai. Niemals. Jamais.

Bom, Maite Herrera Rodriguez, era uma daquelas pessoas que não deixava nunca de amar. Houve briga, veio o divórcio, teve raiva no meio. Mas não adiantava. Nada, absolutamente nada, era capaz de fazê-la esquecer àquele que sinceramente, era o homem de toda sua vida.

As lembranças existiam. O cheiro dele continuava empregnado em cada canto daquele maldito apartamento. O riso dele ecoava por todos os cômodos toda vez que se encontrava sozinha, perdida em pensamentos. Ela até conseguia vê-lo descalço, vestindo apenas uma calça moletom enquanto preparava o jantar para os dois. Conseguia vê-lo arremetendo o pênis dentro de si com toda força no banheiro, na cama que durante anos fora deles. Na cozinha. No chão da sala. No tapete. No sofá. Na penteadeira. Eram tantos lugares que ela nem se lembrava mais. Eram lembranças que a atormentavam. Lhe tiravam o sono, e principalmente a vontade de querer seguir a vida ao lado de outro homem.

Apesar de estar atolada até ao pescoço com milhares de casos para resolver, Maite não conseguia tirar Mane do seu pensamento. Não naquele dia em que se ainda estivessem juntos, estariam comemorando mais um ano de casados. E acordar naquela manhã, sem uma bandeja com o seu café da manhã na cama, sem um beijo de bom dia e sem o sexo matinal deles, foi bastante doloroso. Foi como se alguém estivesse cutucando o coração dela com uma agulha. Como se o próprio corpo não quisesse lhe obedecer mais.

E àquilo era torturante.

As lembranças vinham à todo vapor. Enquanto ela em seu escritório escrevia um e-mail fervorosamente, imagens dos dois dizendo sim ao juiz de paz riscavam a cabeça dela. Lembranças dos dois transando na areia para celebrar o casamento invadinham a mente dela, fazendo a morena querer desejar morrer naquele momento.

Maite: Puta que pariu!.- Rosnou jogando uma pilha de papel no chão e em seguida esfregou as têmporas. Estava cansada sem ter trabalhado quase nada. A cabeça doía e tinha os olhos vermelhos, irritados pelas lágrimas que queriam sair, mas que ela não deixava. Ela caminhou até a enorme janela de vidro e por um momento se perdeu na imensidão de prédios que tinha diante de si. Olhava as pessoas que caminhavam despreocupadas. Algumas conversavam aos risos, e àquilo parecia ser um abuso já que ela estava na merda toda. Por um momento, Maite lembrou que ele, cujo nome preferia não mencionar, estava algures por aí, e se perguntou se o mesmo fora envolvido por todas àquelas lembranças.

E deixa dizer de antemão que ele estava vivendo a própria fossa: apartamento escuro, uma música  bem triste para piorar a amargura dele. Um romance bem água com açúcar e uma garrafa de vinho para afogar todas as mágoas e todas as lembranças. Mane estava simplesmente destroçado. Chorava como um bebê e não queria saber do mundo a fora.

For Now And For Love [ Concluída ]Onde histórias criam vida. Descubra agora