VIII

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EILEEN BERCKLEY

04 de setembro de 1702, Moyny.

- Filha! Querida... Acorda!

- O que... Ah! Que dor de cabeça! - murmurei ainda sonolenta com minhas mãos pressionando minha testa.

- Eu e seu pai vamos à feirinha agora, precisamos comprar alguns legumes e materiais para a fazenda. Como você acordou agora e parece que não está passando bem, vai ficar aqui em casa. Ok? Riley está lá em baixo preparando o feno, qualquer coisa que precisar chame-o e fale com ele. Não iremos demorar muito, logo voltaremos para o almoço.

- Ok. - resmunguei em meio a um bocejo.

Alguns minutos após minha mãe sair do meu quarto, escuto meus pais despedindo-se de mim do primeiro andar.

"Bom, pelo menos agora estou sozinha com o Riley e será mais fácil arquitetarmos um plano de como roubar o joalheiro novo no horário da feirinha... A FEIRINHA! Ela já começou! E agora? Por que eu fui me meter naquela confusão ontem? Ainda bem que o Liam e a Cassidy estavam lá...".

Balanço a cabeça para tentar esquecer aquilo.

"Foco, Eileen! Aquele momento já passou, o que importa agora é que estou bem! Tenho que me arrumar e depois me encontrar com Riley lá em baixo para discutirmos o plano. Apesar de que vai ser fácil roubar o joalheiro por ele ser inexperiente."

Observo que vestia a mesma roupa de ontem. "Ainda bem que não havia sujado de sangue, se não estaria com sérios problemas agora..." Troco por uma bata verde e uma calça cor caramelo e rapidamente desço as escadas, me deparando com Riley encostado na porta da cozinha, me encarando.

- Bom dia, flor do dia! - gritou com um sorriso contagiante.

- Não grite! Minha cabeça está explodindo. Bom dia, palhaço! - digo com as mãos nas têmporas.

Nós dois demos algumas risadinhas ao mesmo tempo, só não sei por quê. Gosto muito de passar o tempo com ele. Afinal, somos melhores amigos, quase irmãos...

"Espero que somente irmãos, nada mais."

Creio que devemos dar um valor extra aos pequenos momentos, pois os simples gestos os transformam em grandes lembranças. Nada é para sempre, por isso devemos eternizar os bons momentos.

Eu já iria continuar a falar, mas Riley se adianta e diz:

- Agora vamos falar sério. Como eu te conheço, imagino que deve estar surtando por perceber que a feirinha já começou e ainda não fizemos um plano...

"Uau, ele é bom com suposições...".

Soltei um leve sorriso com o canto dos lábios por ele me conhecer tão bem.

- Mas fiquemos calmos, nós conseguimos! Além do mais, o joalheiro é novo na cidade e ele não faz ideia que há ladrões assim aqui em Moyny. Eu passei lá ontem a noite depois que todos haviam terminado de arrumar suas barracas e a dele não é "aquelas coisas", se é que me entende.

- Entendo sim. Mas ainda precisamos de um plano, pois sem planejamento tudo pode dar errado e...

- Leen! Relaxa. Faremos um plano agora mesmo. E um simples. Você é uma ladra muito boa, acalme-se, você nunca foi desesperada assim. Eu que sou. - interrompe-me, tentando me tranquilizar.

Inspiro e expiro algumas vezes.

- Tudo bem. Estou calma agora. - digo.

- Vamos começar? O que tem em mente, moça-dos-planos-incríveis?

A Ladra | Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora