XXXIV

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RILEY DOTSON

05 de fevereiro de 1703, Gneeves.

- Pronto para descer? - Eileen me pergunta, seu olhar cravado na sala embaixo de nossos pés.

Concordo com a cabeça, vendo-a terminar de amarrar a corda num tubo enquanto amarro na cintura, e pulo. Tento pisar o mais silenciosamente possível no piso polido antes de me soltar e olhar ao redor. Dezenas, não, centenas, de pedras preciosas se encontravam em prateleiras e mesas por toda a extensão do cômodo. Não demoro a encontrar o que viemos pegar. A ruiva desce graciosamente pela corda, tropeçando logo quando encontra o chão. Ela tapa a boca com a mão, evitando qualquer ruido, e se põe de pé rapidamente. Rodeamos a joia de cor azulada destacada de todas as outras por estar no centro da sala, coberta por uma proteção de vidro.

"Está fácil demais...".

Toco levemente no vidro, puxando-o para cima devagar, e posiciono-o no chão ao meu lado. Pego a pequena bolsinha, antes no meu casaco, e apanho o mineral, guardando-o novamente. Olho para trás, buscando Leen com o olhar, e a encontro admirando outras duas pedras que estavam em sua mão.

- Eileen! - sussurro alto o suficiente para que apenas ela me ouça, mas a sardenta acaba se assustando.

As duas pedras acabam indo ao chão, se estraçalhando em milhares de pedacinhos. Seus olhos assustados encontram o meu e vejo a culpa em seu olhar. Sinto minha pulsação cada vez mais rápida e agarro a mão de Eileen, puxando-a em direção a corda que caía do buraco no teto. Ela sobe rapidamente, a adrenalina correndo em nossas veias, e me chama desesperada. Assim que agarro a corda, a porta é aberta bruscamente, revelando dezenas de guardas brutamontes correndo em nossa direção.

- Vem, Riley! Sobe!

- Não vai dar, sai daqui. ─ solto a corda gradualmente, olhando em seus olhos aflitos.

"Espero que possa me perdoar algum dia."

EILEEN BERCKLEY

Seus olhos, vazios, se encontram com os meus novamente.

"Não, não, não, não. Não!"

- Não ouse. - balbucio, as lágrimas enchendo os olhos.

- Eu te amo. - entendo quando ele diz somente mexendo a boca, sem emitir som - Agora, vá! - ameaço descer a corda novamente, mas um dos guardas já o alcançou.

"Isso não pode estar acontecendo...".

Olho assustada enquanto ele derruba um ou dois dos brutamontes, antes de um deles o jogar no chão e enfiar a espada em sua barriga. Coloco as duas mãos sobre a boca, evitando gritar. Seu olhar encontra o meu por um segundo, e vi a luz se esvaindo dele. Observo eles retirarem a lâmina de sua cintura e apalpá-lo, retirando a joia preciosa de seus bolsos. Agarram seus pés e, indiferentemente, o arrastam para fora da sala, deixando um rastro de vermelho por onde passam. Trêmula, solto a respiração de uma vez, e soluço, deixando o choro tomar conta.

Tento digerir o que aconteceu. A cena fica se repassando na minha mente sem parar. Sinto náusea e enjoo quando puxo a corda para cima antes que alguém volte e me encontre desolada aqui em cima, observando a poça de sangue e a mancha que se segue. Com lágrimas embaçando a visão e todo o corpo tremendo, engatinho pelo tubo até chegar aos túneis. Com a respiração desregulada e com a mão na barriga, sigo quase me arrastando pelo chão de terra, me mantendo apenas de pé com o apoio da parede de pedras ao lado.

A Ladra | Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora