XVIII

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RILEY DOTSON

08 de setembro de 1702, Tourin-Moyny.

- Olha nos meus olhos, e me fala que é pegadinha. - encaro minha melhor amiga na esperança que ela estivesse tirando uma com a minha cara.

- Riley, isso é sério. Eu não brincaria com uma coisa dessas. - ela coloca as mãos na cintura, o que a deixa fofa com seus 1,70 de altura.

- Brincaria sim. E você já reparou que é alta, mas, na verdade, é minúscula perto de mim?

- Não brincaria, não. - ela me olha dos pés à cabeça. - E quando mais nova eu era mais alta que você. - Eileen levanta o queixo, num gesto de superioridade e orgulho.

- Você me faz rir. Mas falando sério agora. O que faremos? - me sento na cama e coloco meus braços apoiados no meu joelho.

- Bem, sabemos que eles ainda não têm noção da aparência. Se eles soubessem, provavelmente estaríamos mortos.

- Que maravilha! Nós temos que sair daqui agora mesmo. Temos que chegar em Moyny antes deles... - torno a me levantar, eufórico.

- Desespero só vai atrapalhar a gente agora. - a ruiva coloca suas mãos em meus ombros e levemente me empurra até que eu esteja sentado na cama.

Passo a mão pelo cabelo, gesto esse que faço sempre que estou estressado ou meio "perdido". Olho para Leen, que parece estar pensando em algo para nos tirar dessa furada.

- Ir embora hoje só gerará suspeitas, e não precisamos disso agora. - ela continua a falar. - Vamos descansar, tomar um banho. Amanhã tomamos café, nos despedimos e saímos o mais rápido que conseguirmos.

- Certo. Vamos agir normalmente. Né, prima? - brinco para deixá-la menos tensa, que acaba dando uma risadinha.

- Vou tomar um banho, não estou aguentando mais ficar nessa roupa. Quero dormir... - resmunga entrando no banheiro, me deixando somente com meus pensamentos, torcendo para que tudo de certo e que nada de mal lhe aconteça.

CASSIDY EVANS

- Sério que vai entrar nesse assunto novamente, Cassidy? - Liam coça os olhos, irritado. - Você não desiste nunca?

- Maninho, eu não quero que você me convença de nada. Quero que você pare de mentir para si mesmo! - tento explicar enquanto vejo meu irmão se sentar na cama do quarto.

- Eu não estou! - ele aumenta o tom de voz, balançando os braços no ar.

- Está sim! - abaixo o tom ao voltar a falar e fico na sua frente - O papai e a mamãe juntaram você com aquela mulher só porque ela faz parte da famosa família Charlton. Agora que nós fomos deserdados, você continua com ela, e eu só queria saber o motivo! O dela eu já sei, qualquer um que vê sabe... Você sabe por que ela está com você? Pois ela sabe que, mesmo deserdados, nós ainda temos uma fortuna gigantesca juntos! O papai, a mamãe, a Alana, quem quer que seja, não sabem o que fazemos, o que nos tornamos. - deixo uma lágrima solitária cair e aperto o dedo indicador em seu peito - Mas de uma coisa eu tenho certeza, todos eles só trocarão ou ainda trocam palavras conosco por conta da nossa fortuna. São todos uns interesseiros, por isso nós saímos daquela casa. Abre seu olho e, se for mentir para mim, pelo menos não minta para si mesmo.

Liam olha para mim com uma cara de espanto. Ele sabe que estou certa e que, mesmo ele sendo sempre mais inteligente e maduro, eu observo muito as coisas, apesar de ser impulsiva.

A Ladra | Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora