■ THIERRY HENDRICK ■
04 de setembro de 1702, Moyny.
Já dentro da barraca, - montada há 5 minutos - sento-me no colchão improvisado e volto a anotar as informações obtidas hoje em meu caderno:
• Eileen mora junto aos pais, cujo levam agora os nomes de Murielle e Keegan Berckley.
• A casa é despretensiosa, humilde. É uma fazendinha um pouco afastada da cidade, com somente outras casas na vizinhança igualmente simples por perto.
• Eileen fará 20 anos logo.
• A garota se encontra constantemente com um garoto chamado Riley, cujo não tem moradia nem família.
• Ela é ruiva e tem uma mexa branca na parte detrás do cabelo (detalhe para diferenciá-la de outras).
• Eileen trabalha numa taberna a bons minutos de casa. O pai trabalha em casa cuidando da fazenda, assim como a mãe que é costureira e faz vestidos para muitas duquesas.
• A menina quase não para em casa, costuma sair de manhã e voltar entre às 10 da noite e 2 da madrugada.
• Eileen nunca anda sem um medalhão, que está sempre pendurado no pescoço.
Anoto mais algumas coisas e me deito para descansar, ficando alguns minutos pensando antes de cair no sono.
"Devo matá-la separadamente dos pais, ou tenho de eliminar todos de uma vez só? Qual o motivo de ele ter me pedido para matar essa família miserável? Apesar de que ele tem um passado bem recôndito...".
Acordo cedo no dia seguinte e não demoro muito para chegar até a casa dos Berckley. Mal me escondo atrás de um pequeno muro de pedras e os pais da garota saem de casa.
"Estranho a menina ainda não ter saído. Os pais provavelmente estão indo à feirinha no centro da cidade, a garota deveria estar indo também já que é uma ladrazinha - e das boas - e a feirinha estará cheia de objetos de valor...".
Sigo andando atrás do Senhor e da Sra. Berckley para observá-los um pouco mais e ver com quem se relacionam. Descubro que a vida do casal é incrivelmente entediante e sem graça, eles parecem querer passar despercebidos, como se não quisessem ser vistos nem chamar atenção. O homem cumprimentou algumas pessoas que pareciam ser fazendeiros, assim, não dei muita importância.
Ao contrário da filha, os pais estão sempre em casa e, ao saírem, nunca ficam por muito tempo fora. Sendo assim, não demorou que começassem a ir embora da feira com sacolas cheias de frutas, legumes e pães em suas mãos. Seguiram para a estrada de terra, desse modo demorariam a chegar em casa por ser o caminho mais longo.
Decidi ir pela floresta, onde terei de andar menos e correrei menos risco de pegar chuva, pelo dia estar nublado e as nuvens escuras desde esta manhã. Descobri esse caminho seguindo Eileen um dia desses.
Entro na mata e ando alguns minutos. Imprevisivelmente, encontro a menina andando por entre as árvores enormes e largas, com folhas já avermelhadas e amareladas por conta do outono estar chegando. A bolsa dependurada em seu ombro esquerdo parecia conter bens de alto valor, provavelmente roubados há poucos minutos na feira e que mais tarde provavelmente seriam penhorados para conseguir uma boa quantidade de auris.
"Ela até poderia penhorar o que quer que seja que ela tenha roubado, se ao menos chegasse em casa hoje... Seus minutos de vida acabaram, mocinha!"
De última hora, decido matá-la separadamente de sua família. Mas, por um descuido meu, ela me vê atrás de uma árvore e, presumivelmente, começa a correr. Vou atrás dela, sem dar tempo para que a mesma consiga chegar em casa. Os galhos dos arbustos começam a arranhar meu rosto, dificultando a perseguição.
"Os pais da menina devem estar a uns 10 minutos de casa ainda. Nós, que agora estamos correndo, devemos estar a 5-8 minutos. Devo alcançá-la antes disso, senão tudo irá por água abaixo."
Quando ela percebe que está sendo quase alcançada, começa a correr ainda mais rápido do que antes, conseguindo desviar da maioria dos arbustos e pedras no chão.
"Como é ágil. Pelo visto parece que não a observei o suficiente, uma pena que agora é tarde demais...".
Corro - tomando cuidado para que ela não veja meu rosto - ainda mais rápido que antes e, de repente, tropeço em uma enorme raiz por um descuido meu, o que me atrasa significativamente.
Uso toda a força de minhas pernas para correr o mais rápido que posso, chegando a apenas alguns centímetros de agarrá-la.
"Se ela for para o campo aberto, já era... Não posso levantar suspeitas da guarda local ou de sua família."
A menina olha para trás e diminui o ritmo da corrida, provavelmente já exausta da corrida.
"Pensei que sua resistência fosse maior. Pelo visto, eu estava errado...".
Quando estou quase a pegando, ela se agacha, perto de mais para que possa parar de correr a tempo. Pulo e rolo, tentando desviar da garota abaixada em minha frente, mas já era tarde demais, eu acabo tropeçando de novo e caindo com tudo no chão.
Ela se levanta e me observa por poucos instantes. Olho em seus olhos verdes, mais parecidos com duas esmeraldas, e percebo o motivo de ele querer matá-la. "Como não havia percebido antes!". Ela volta sua corrida, ainda mais rápida que antes.
"Ela me enganou. Fingiu que estava cansada somente para diminuir o ritmo e dar o golpe. Como foi que eu caí numa ridícula estratégia de uma garota! Parece que ela ainda tem muitas cartas na manga...".
Assisto-a correr para o campo aberto enquanto me levanto e percebo que, para meu azar, ela chegará viva em casa. Hoje.
"Aguarde-me, garotinha. Seus dias, e os das pessoas que você mais ama, estão contados...".
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A Ladra | Livro 1
Teen FictionEbook disponibilizado na Amazon/Kindle Para adquirir o livro físico entrar em contato: - Insta: @giovanna.c.lemos - E-mail: giovanna.carvalho2004@hotmail.com No início do século XVIII, uma jovem é portadora de um passado misterioso desconhecido...