XXI

69 13 10
                                    

THIERRY HENDRICK

12 de setembro de 1702, Gneeves.

- Os quatro estão mortos. Não precisa se preocupar. Todos foram embora com o fogo. - retiro calmamente o objeto que permanecia guardado no bolso da minha calça - E aqui está o que o senhor pediu. Achei-o em meio aos escombros que restaram da casa.

- Perfeito. Um ótimo trabalho, como sempre. Aqui o resto do pagamento. - estendo a mão, agarrando o bolo de notas de auris e dando-lhe o colar. - Até o próximo trabalho.

- Infelizmente, senhor, sinto dizer que não haverá um próximo trabalho. Tomei a decisão de não trabalhar mais na sua empresa.

"Não aguento mais olhar para esse cara. Babaca. Acha que manda em tudo e todos, infelizmente ─ ou felizmente ─ não é assim que funciona...".

- E o que te faz pensar que sairá da minha empresa assim? Sem mais nem menos? - sentado em sua cadeira, ele cruza os braços e levanta uma sobrancelha.

- Oras, eu simplesmente não vou. E, com todo respeito, não é o senhor quem vai me impedir de sair daqui. - me levanto brevemente e, com um aceno de cabeça leve, despeço-me - Passar bem.

Sem que eu possa prever, uma dor me atinge no abdômen. Segundos depois, o sangue já manchava minhas roupas e o chão impecavelmente polido do gabinete pessoal dele. Caio de joelhos, sabendo que é minha hora de partir e aceitando-a, mesmo que por motivos errados. Olho para frente, onde ele se posiciona morosamente na minha frente.

- Sabe, Thierry, seus dias acabaram antes que o previsto. Eu ainda tinha muito a lhe pedir, porém, não posso arriscar que você saia e conte meus planos a outros.

- Te vejo no inferno então. - dito isso, com um chute no peito, caio no chão.

EILEEN BERCKLEY

13 de setembro de 1702, Moyny.

Escuto vozes. Elas parecem tão distantes, mas tão perto ao mesmo tempo.

Com esforço, abro meus olhos devagar, mas uma luz forte me cega e eu rapidamente torno a fecha-los.

- Eileen? - "Liam? O que...?".

- Acho que ela está acordando. - reconheço ser a voz do Riley.

Lentamente me sento, sentindo uma mão me amparando e me ajudando a levantar pelas costas. Abro os olhos novamente, já me acostumando com a claridade. Olho para meus braços, cheio de ataduras, subindo a cabeça logo em seguida. Meu olhar cai diretamente no Liam que, igual a mim, também está coberto de...

"Queimaduras...".

Diversos flashbacks se passam rapidamente na minha cabeça. Eu chegando e vendo a casa pegar fogo, eu desesperada procurando meus pais, eles ficando e o Liam me tirando de lá.

Minha respiração começa a falhar, e meu peito começa a doer insuportavelmente. Olho para os rostos me direcionando olhares preocupados, até que um som escapa da minha boca.

"Eu acabei de soluçar?"

Então sinto as lágrimas descerem quentes pelo meu rosto.

- Por... - minha voz falha, então me esforço - Por favor, vão embora.

- Eileen, mas... - Ry começa, mas o impeço de continuar.

- Por favor, saiam daqui. - evito olhar para eles - Vão embora!

A Ladra | Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora