E p í l o g o

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EILEEN BERCKLEY

05 de fevereiro de 1703, Gneeves.

Durante o longo percurso na carruagem, sem nenhuma abertura ou luz natural, fiquei imaginando se me levariam à forca ou à cadeia. Mas de qualquer jeito, isso já não importava mais. Sentia-me vazia, insignificante e miserável. Recolho-me ao canto do veículo e começo a choramingar.

- Ah, que peninha! A criminosa repugnante está triste porque foi pega? - alguém de repente fala em um tom sarcástico.

Olho em direção à pessoa, que inicialmente nem sabia que estava ali também. Ele então olha para mim, fazendo um biquinho e depois sorrindo maleficamente.

- Vai se catar. Você não me conhece.

- É claro que eu conheço a famosa Phoenix de Gneeves. A maior ladra de toda Ardatin! Que tolice. - murmura a última frase - Você que não me conhece, senhorita.

- E nem estou a fim de conhecer. Não gaste seu tempo...

- Já que você insiste, meu nome é Harper Maive. - diz cínico - Quatro dias é muito tempo para ficar sem falar com ninguém. Não me deixe morrer de tédio aqui.

"Quatro dias?! Provavelmente vão nos levar a Erris então, prisão de segurança máxima. Não sei o que é pior, a forca ou isso."

- Vamos lá, docinho. Diga-me como a senhorita veio parar aqui.

No mesmo instante, reviro os olhos e fecho a cara. Odeio que me chamem desse jeito, ainda mais um estranho!

- Nunca mais me chame assim. Eu não quero conversar com você.

- Bom, já que você perguntou, eu vou contar como eu fui pego. Eu estava bem tranquilo roubando algumas casas, sabe? Estava no meu canto, sem causar mal, só alguns prejuízos aqui e ali. Suave. Dai um pestinha me viu e correu para chamar seu pai que, para minha alegria, era um guarda real. E aqui estou eu. Agora você poderia me contar, docinho?

- Eu estava roubando.

- Uau, grande descoberta. Conte-me o resto da história.

- Não é da sua conta.

- Tudo bem, então! Vou contar então minha infância. Eu nasci em um lar muito amável e familiar. Uma família de criminosos, um amor não acha? Enfim, cresci tendo uma ótima influência e tive que aprender desde cedo como me virar nas ruas. Recebi vários "incentivos" do meu pai e minha mãe. Dai, chegou minha adolescência. Eu era um rei, namorei centenas de damas.

- Exagerado. - murmuro.

- A primeira foi a Ashley, ela era bonita, mas eu era muita areia para o caminhão dela. Namoramos por mais ou menos três dias. A segunda foi Rebeca, era inteligente demais e, às vezes, enchia meu saco, namoramos mais ou menos umas cinco horas. A terceira foi a...

- CHEGA! Eu te conto o que quiser! Só cala a boca!

- Se você quiser, docinho. Vá em frente.

- Um tempo atrás eu fiquei órfã e então me mudei para Gneeves. Continuei minha carreira de roubo aqui, descobri que meu pai biológico é um escroto, planejei roubar algo valioso e fui presa. Agora estou aqui, com você me perturbando. Agradável, não acha?

- Você sabe resumir bem. Parabéns. Agora, me explique... De onde surgiu isso de você ficou conhecida como "Phoenix"?

- De onde surgiu o apelido não te interessa, mas eu simplesmente espalhei uns boatos por aí e, propositalmente, o apelido pegou...

A Ladra | Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora