IX

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WAYNE BURNS

04 de setembro de 1702, Gneeves.

Acordo cedo como de costume e logo troco minhas vestimentas de dormir por uma mais casual. Saio do meu quarto indo em direção às escadas observando minha casa com paredes esbranquiçadas com vários quadros e objetos comprados em leilões, porém quando chego ao meio delas escuto:

- Estamos falindo! Precisamos fazer algo para evitar isso! - exclama uma voz feminina que reconheço pertencer à minha mãe.

- Não podemos arriscar Edwin, ele é o herdeiro! E se alguma coisa acontecer? - diz meu pai com sua voz grossa e autoritária.

- Então, que mandemos Wayne. - sugere minha mãe e é nesse exato momento que entro na sala de estar.

- Ouvi meu nome? - pergunto entrando na sala e meus pais se olham.

A sala é a maior parte da minha casa, com grandes e luxuosos sofás, uma imensa lareira no centro, com quadros e vasos de plantas em todo seu redor; o tapete de pele no centro da sala chama muita atenção e é a coisa mais bela e macia desta casa e o candelabro suspenso no teto, centralizado em cima da pequena mesa, é decorado contendo dezenas de arranjos e complexos de vidro...

- Ok. Então será ele. Vou conversar com meu velho amigo, Hian. - dirige a palavra para minha mãe enquanto me olha. - Ele estava à procura de um herdeiro. - meu pai conclui e logo sai da sala.

- O que está acontecendo? O que vocês dois estão tramando? - questiono levemente alterado.

─ Nada meu filho, não se preocupe. Vamos tomar café? ─ minha mãe diz se dirigindo à cozinha.

"Eles pensam que me enganam! Quero só ver o que vão me pedir para fazer desta vez, já que Edwin ─ meu irmão mais velho e herdeiro das riquezas de minha família ─ é o filho favorito e nada pode acontecer com ele..."

Perco-me em meus pensamentos até que escuto a Duquesa Mary - minha mãe - me chamar para me sentar à mesa.

Tomamos nosso café na mesa da sala de estar tranquilamente como todas as manhãs.

Logo saio de casa indo de encontro com meus amigos, os quais passo boa parte da tarde fazendo coisas banais e matando tempo. Despeço-me deles após algumas horas e vou para a enorme biblioteca de minha casa, onde estudo algum tempo sem perceber as horas passarem.

O acervo da nossa biblioteca é composto por cerca de 24 000 documentos, compreendendo livros, periódicos, atlas, relatórios, monografias e projetos. No piso térreo da biblioteca, há um auditório para 80 pessoas onde meu pai faz reuniões com os membros de sua empresa.

Quando termino de ler e estudar, desço e vou ao segundo andar da casa e, quando passo ao lado do escritório de meu pai, escuto uma voz grave e rouca até então desconhecida:

- A minha proposta é essa.

Vou entrando no cômodo devagar para não chamar muito atenção e continuo escutando - seja lá sobre o que for - a conversa...

- Aceitamos. - escuto meus pais falando em uníssono.

- Aceitam o quê? - olho-os repreensivo.

Eles se mantêm uns bons minutos calados se entreolhando até que minha mãe se manifesta:

- É... Filho, senta aqui. - chama batendo sua mão no sofá ao lado da mesa principal. - Esse é o Hian Agar, dono das Exportações Agar. - minha mãe nos apresenta.

Observando Hian, reparo o quão alaranjados são seus cabelos e o tom chamativo de seus olhos verdes.

- Prazer Wayne, seus pais me falaram muito sobre você. - Hian cumprimenta me olhando fixamente.

- Olá. - digo curto e grosso desviando de seu olhar. - Mãe, a senhora não me respondeu... Aceitam o quê? - insisto curioso.

- Filho, acontece que nossa família está falindo, então fizemos um acordo com o Sr. Agar... - começa a explicar meu pai.

- E onde entro nisso? Vão direto ao ponto, por gentileza. - digo impaciente.

- O acordo é o seguinte, você deverá servir o Sr. Agar por um tempo, mais especificamente, até o dia em que você herdar a empresa dele. - meu pai faz uma pequena pausa. - Nossa família, como consequência, receberá 25% dos lucros da empresa enquanto Agar ainda estiver no comando, assim... - esclarece meu pai.

- Assim a família não ficará falida. - interrompo-o debochando.

- Aceita? - Agar se pronuncia pela primeira vez em minutos, com sua voz rouca e grossa.

- Se eu dissesse que não, adiantaria alguma coisa? - indago olhando para meus pais que balançam a cabeça, negando. - Tudo bem então! Eu aceito.

A Ladra | Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora