■ LIAM EVANS ■
17 de setembro de 1702, Gneeves.
- Ei, Cerejinha!
- Uau, já passamos para os apelidos carinhosos?!
A ruiva entra completamente no quarto, encostando a porta, e se aproxima alguns passos da cama.
- Eu não pude evitar! - dou uma risadinha dando de ombros.
- Então... venho do quarto da Cassidy e do Riley, queria desejar boa noite! - um sorriso fofo e tímido toma conta de sua face, me deixando levemente surpreso.
- Tenha uma boa noite, Eileen!
Acompanho-a com o olhar. Ela anda até a porta, mas hesita, e torna se virar para mim.
- Na verdade, eu queria te pedir uma coisa...
- Senta aqui. Eu ia me deitar, mas estou sem sono. Sou todo seu! - ela cora de repente, só então percebo o que disse - Perdão, foi inapropriado...
Ela me dá um sorriso de como quem diz "sem problemas" e ligeiramente se acomoda ao meu lado.
- Eu estava pensando... Sei que agora Riley e eu praticamente viveremos às suas custas, mas eu não posso aceitar tudo tão fácil assim, de mão beijada. Minha criação não foi assim, e bem, eu preciso fazer alguma coisa! Trabalhar, continuar roubando, que acabou se tornando algo que tenho até prazer em fazer... - Eileen olha profundamente em meus olhos, como se procurasse algum vestígio de... contrariedade, talvez.
- Sinto que não serei capaz de impedi-la, se é o que deseja. Sugiro que tome cuidado, as coisas por aqui são diferentes de Moyny. Guardas reais andando para lá e para cá não faltam nas ruas.
- Nossa! Uau! - a ruiva parecia bastante surpresa - Pensei que você diria outra coisa. - ela coça a nuca - O que você sugere?
- Me veio à mente que você poderia treinar comigo, e com a Cass, claro. Mas isso se você se interessar, não é algo que eu indicaria a alguém, chega a ser doloroso os treinos, cansativo, perigoso.
- Liam, eu quero ser corajosa. Quero me expor e me arriscar. Isso me faz querer viver, viver aventuras é o que me segura aqui, agora que meus pais... - sua voz some com a frase, mas sei bem o que ela diria - A adrenalina me mantém sã. Eu preciso me ocupar com alguma coisa, manter minha mente e meu corpo trabalhando.
- Certo. Vamos conversar amanhã com Cass e... hã... Definir uma rotina e treinar você. Pode chamar seu primo, se quiser. - Eileen exibia um sorriso brincalhão no rosto.
- Ele não é meu primo!
- Ele o quê?
- Ele não... Riley não é meu primo. - encaro-a boquiaberto - Desculpe não ter esclarecido isso antes, acabei me esquecendo. Inventamos isso naquele dia, pois eu já imaginava que vocês haviam sido contratados para nos matar. Fiquei assustada, confesso, mesmo sabendo que me salvaram aquela vez no beco. - ela esboça um sorriso "sem graça".
- Então quer dizer que tenho um concorrente? - sussurro para mim mesmo, porém escuto um riso de Eileen.
"O que estou pensando? Tem a Alana ainda... Ah! Deixa para lá...".
- Até amanhã, Evans!
Assim, com uma piscada de olho, sai do quarto, me deixando só, perdido em pensamentos sem sentido.
■ EILEEN BERCKLEY ■
18 de setembro de 1702, Gneeves.
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A Ladra | Livro 1
Teen FictionEbook disponibilizado na Amazon/Kindle Para adquirir o livro físico entrar em contato: - Insta: @giovanna.c.lemos - E-mail: giovanna.carvalho2004@hotmail.com No início do século XVIII, uma jovem é portadora de um passado misterioso desconhecido...