XVII

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EILEEN BERCKLEY

08 de setembro de 1702, Tourin-Moyny.

Já estávamos viajando por mais ou menos duas horas, jogando conversa fora, cantando umas cantigas e observando a linda paisagem de Ardatin. Passamos por campos extensos repletos de pedras, algumas ruínas e tudo quanto é paisagem nesse clima ameno do outono, onde as folhas estão reproduzindo belas paisagens com suas folhas em tons de dourado.

- Leen, você ficou brava comigo? - Riley para a carroça sem aviso prévio, fazendo com que eu tome um leve susto.

- Não, por que eu ficaria?

- Ah, não sei se achou ruim por eu ter ficado meio encantado com a Cerys e...

- Encantado? Está mais para apaixonado! - brinco para amenizar o clima que ficava levemente pesado.

- Já deu de me zoar! - falou dando gargalhadas. - É que eu nem prestei muita atenção na nossa missão sabe.

- Não tem problema nenhum, Ry. Você é o meu melhor amigo e sempre vou te apoiar, quero te ver feliz. Só que é como eu já avisei, não deixa essas novas emoções que estão surgindo nesse seu coraçãozinho atrapalharem seu trabalho. - falei dando uma cotovelada de brincadeira nele e fazendo uma cara séria logo após.

- Sim, senhora! - Ry ri, batendo continência.

Continuamos a viagem tranquilamente até que em um certo ponto avistamos uma carruagem à nossa frente, ainda um pouco distante.

- Você está pensando a mesma coisa que eu? - olho para o moreno com um sorriso maldoso e divertido no rosto.

- Vamos abordá-los de cara ou só furtá-los? - pergunta Riley.

- Com nossas identidades em perigo por causa do roubo ao casarão, melhor furtarmos sem que eles percebam. Antes, precisamos ultrapassar eles, pegue um atalho logo ai à esquerda. - aponto para o lado rapidamente. - Irei descer um pouco à frente deles e fingirei precisar de ajuda, assim, eles me levarão a uma hospedaria que, se não me engano, é há uns 30 minutos daqui. Espere-me lá.

- Leen, eu acho melhor você não fazer tudo sozinha. E se algo der errado? Não sabemos se as pessoas ali dentro são muito melhores que nós...

- Riley, você me conhece e sabe que não vai mudar minha cabeça quanto a isso. Eu sei me cuidar, e você sabe. Agradeço a preocupação. Você topa ou não?

- É claro que sim. Só... Tome cuidado! Ok?

Riley, então, muda a direção da carroça indo para uma estrada alternativa, escondida por algumas pedras. Avançamos bem rápido até que saímos do atalho e percebemos que estamos um pouco a frente da carruagem. Eu solto e bagunço o meu cabelo e tento sujar um pouco minhas roupas. Desço da nossa carroça e Riley, após lançar um olhar preocupado para mim por alguns longos minutos, segue seu caminho.

Vou para o meio da estrada e finjo um desmaio. Depois de alguns segundos escuto o cocheiro me abordar:

- Moça? Moça? Está tudo bem?

Não me movo, à espera que os ocupantes da carruagem desçam e torcendo para que eu esteja suja o suficiente para que eles não se lembrem de mim depois.

Ouço vozes de dentro da carruagem e de repente abro meus olhos com espanto.

"Não pode ser. Estou enganada, tenho que estar enganada! Quais são as chances de isso acontecer? É muita coincidência para ser verdade...".

A Ladra | Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora