Não conte nada ao plano

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— Jisoo

— Esqueci como é inconveniente conversar com advogados de cidade pequena — o investigador sorriu forçado, colocou os óculos novamente no rosto e prosseguiu com a conversa. — Jisoo, qual foi a última vez que viu Rosé com vida?

— A nossa cliente não tem obrigação de responder nenhuma das suas perguntas. — os advogados disseram em quase uníssono.

Jisoo preferiu permanecer calada.

— Então, não temos mais o que conversar... por enquanto. — Jackson a encarou uma última vez, era como se, com um olhar, deixasse claro que sabia de todos os seus segredos. — Volto mais tarde. — E saiu, fechando a porta em um estrondo.

A sala reinou no mais completo silêncio, como se estivesse vazia, até os advogados arrastarem a cadeira para que ficassem de frente para Jisoo. O ar de superioridade caiu por terra. O mais velho se apresentou como Eunhyuk e o mais novo como Heechul, assim, só com o primeiro nome, indicando a Jisoo que ela poderia confiar neles, que eram de alguma forma próximos.

— Criança, seus pais estão bastante preocupados com essa situação. Você precisa ser honesta conosco. — Eunhyuk disse.

— Se quer nos falar alguma coisa, agora é a hora. — Heechul  prosseguiu.

— Não... — Jisoo respirou fundo, buscando coragem para completar. — Eu não tenho nada para dizer, não tenho... não tenho envolvimento nenhum com o que estão me acusando. Rosé era minha melhor amiga, ela... — Encarou o chão, com medo da mentira ser visível em seus olhos.

— Você não foi vista em nenhum grupo de busca, as pessoas comentam... — Eunhyuk suspirou. — E onde está o carro? O chevette do seu pai?

— Não sei — Jisoo respondeu.

— Não sabe onde está o carro que você estava dirigindo no desaparecimento de Rosé? — Heechul parecia incrédulo.

— Eu emprestei a Rosé, depois nunca mais vi nenhum dos dois — justificou ela.

— Rosé disse para onde iria? — Eunhyuk se aproximou, esperançoso.

— Eu não perguntei.

— A sua pulseira... — Heechul apontou para o braço de Jisoo. — Onde está? Foi encontrada uma no pulso de Rosé, onde está o outro par? O seu par?

Jisoo engoliu o seco.

— Acho que joguei fora.

— Você "acha"? — Heechul  maneou a cabeça. — Olha, criança, vou ser sincero com você, a coisa tá feia, as únicas duas pessoas que podem confirmar o seu paradeiro durante a festa são suspeitas também, algumas pessoas viram você junto a Rosé e...

Eles continuaram a falar, mas as palavras não faziam sentido. Uma fadiga alcançava o corpo de Jisoo, era um cansaço aparente, estava cansada, cansada de parecer fraca e perdida, sempre precisando de ajuda, sempre se metendo em encrencas que não eram suas. Confiou em Rosé, esperou que ela apareceria e a tiraria dali, daquela cidade maldita, mas agora iria para a cadeia por isso. Por sempre esperar ser salva.

A melhor entre as piores escolhas pareceu a certa a se fazer naquele momento. Seria a sua própria salvadora. Estava decidida. Molhou os lábios secos de saliva.

— Eu prometo contar tudo o que eu sei, mas antes, quero conversar com uma pessoa.

Os advogados trocaram olhares confusos.

— E quem seria? — Eunhyuk perguntou.

— Kai — respondeu Jisoo, simplista.

— Kai Kim? O filho do prefeito? — Heechul  piscava várias vezes, talvez rezando para não ser quem achava que era. Mexer com gente importante não estava incluso no contrato.

Não conte nada a ninguémOnde histórias criam vida. Descubra agora