Capítulo 3: Um beijo do tatame

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Depois das temidas flexões, fizemos mais alguns exercícios. Ava foi treinar na sala dos computadores, já falei que ela é uma gênio? E Adam foi treinar com algum dos outros garotos em outro tatame. Noah nem sempre passa exercícios em equipe para nós três, na maior parte do tempo sim, mas, segundo ele, para termos uma equipe realmente boa, temos que ter indivíduos realmente bons. E, afinal, de vez em quando tínhamos missões solos, por assim dizer.

No momento, um dos motivos para os meninos não estarem comigo era que periodicamente Noah gostava de nos treinar sozinhos, poder avaliar nossos defeitos em uma luta mano a mano, e nessa última que eu havia tido com ele, com certeza eu não havia tido o melhor dos meus desempenhos.

— Como você acha que estar? — perguntou meu professor quando eu levantei do chão que foi onde eu me encontrava no final da luta. Ele gostava de desenvolver autoconhecimento em seus alunos, assim, eles mesmos podiam se diagnosticar e melhorar mesmo sem a presença de um mestre.

— Acho que estou mais lenta do que o normal. — falei sinceramente.

— É, também achei. Vou fazer uma pergunta e não quero rodeios. — falou me olhando nos olhos, e eu apenas concordei com a cabeça, um pouco cansada. — Qual foi sua média de sono neste último mês? — eu automaticamente desviei o olhar.

Neste último mês quase inteiro, minha agenda estava realmente lotada. Foram missões atrás de missões. Tanto que eu não tinha conseguido vir para casa. De escolta de políticos na Nigéria, desarmamento de bombas na Europa e, por último, Niue, com Don Millo. O resultado disso era que minha rotina de sono neste mês havia sido, digamos... escassa. Eu nunca conseguia dormir muito em missões. Minha mente borbulhava com os planos e fatores importantes de cada situação, e eu não dormia quase nada, ficava as noites procurando pistas e minúsculos detalhes. Segundo Noah e meu pai, eu me dedicava tanto que isso me prejudicava. Eles falavam que era normal um agente se esforçar, mas eu estava fora do nível aceitável. Isso sempre me provocava um sorriso no canto da boca, pois era verdade, eu sempre me dedicava ao que eu fazia.

— De duas a três horas? — falei sorrindo. É engraçado como às vezes sorrir melhora as situações.

— Susana! — falou ele, em um sério tom de desaprovação. É, desta vez o sorriso não me ajudou. — Não é mistério o motivo de você estar mais lenta. Isso se chama cansaço, mocinha! Tente descansar um pouco, viu? — voltei meu olhar novamente para ele. Eu sabia que Noah estava certo, apesar de tudo. Não descansar era uma coisa que podia me prejudicar em campo, e o pior, não apenas eu, mas também quem estivesse comigo. Entretanto, não ia ser fácil, pois minha mente não gostava de ficar quieta para descansar um pouco. Então simplesmente fiquei calada. — Agora pode ir para sala dos computadores, formulei algo para você. Depois que acabar, está liberada. Ah, e diga a Ava para voltar, agora vai ser a vez dela.

— Pode deixar, Noah. — eu disse e, sem perder tempo, fui atrás de Ava.

— E é para descansar! Não quero nenhum dos meus alunos desmaiando por cansaço nas minhas aulas. Além do mais, você vai precisar estar bem descansada para o treino de amanhã. — proferiu Noah quando eu já estava a caminho da sala.

— Sim, senhor. — eu me virei ao responder com um sorriso. Aquele era o jeito de Noah, ele sempre se preocupava. Mas isto de maneira nenhuma quer dizer que facilitava.

Continuei a caminho da sala de computadores, entrei e avisei Ava. Sentei na mesma cadeira que ela, depois de a mesma ter ido embora, entrei com minha senha no computador, e lá estava minha atividade. Ela se iniciava com um relato de um caso antigo da AIDEM, que havia sido resolvido após anos quando um agente reabriu o caso ao encontrar novas provas. Uma perseguição de um assassino profissional. Ele, pelo que interpretei, era, infelizmente, muito bom. Os agentes de nossa agência estavam há algumas semanas no seu encalço, mas, de repente, ele desaparecera e só depois de alguns dias apareceu morto em um cais em Nova Orleans. Noah havia deletado algumas informações do caso, e meu dever era desvendá-lo novamente.

Depois de algum tempo, eu consegui fazê-lo. Na verdade, não foi tão difícil assim. Se você usasse as informações corretamente, um pouco de lógica e senso analítico, você conseguiria perceber o que havia acontecido com o assassino. No caso, quem o havia matado fora o pai de uma vítima passada do mesmo.

Aquilo era triste, o fato de como pessoas buscavam curar suas dores na vingança. E, então, me veio à mente Romanos 12:19, que dizia: "Não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira, porque está escrito: Minha é a vingança; eu recompensarei, diz o Senhor". Fiquei pensando em como nossa vingança não produz nada além de destruição, mas, quando esperamos no Senhor, o resultado é diferente.

Após eu meditar um pouco mais sobre isso, vi que havia terminado a minha atividade bem antes do que Noah havia delimitado como tempo máximo. Eu já estava me preparando para ir embora, estava desligando o computador, porém, como um vislumbre, Don Millo me veio à cabeça, e, dessa forma, tive uma ideia.

Alguma coisa me dizia que poderia existir a possibilidade de que Millo não surtou, simplesmente. Ele podia ter visto alguma coisa, afinal. Assim, me apegando a isso, entrei no sistema de câmeras do aeroporto, procurando o vídeo de gravação de hoje de manhã. Talvez eu conseguisse achar alguma coisa. Foram vário minutos procurando algo pelas lentes da câmera da sala de segurança e nada, apenas Don Millo sentado e relaxado em uma cadeira. E, então, simplesmente ele olha pela janela e começa a ficar estranho, até que foge. É, talvez ele simplesmente surtou, mesmo assim alguma coisa não parecia encaixar...

Foi com esse pensamento que Ava e Adam me encontraram.

— Oi, Susanna. Por que demorou tanto? Ainda não acabou? — minha amiga perguntou e eu olhei no relógio. Só naquela brincadeira eu havia passado mais tempo do que eu pensava.

— Já acabei, sim. Eu estava apenas olhando uma coisinha. — respondi.

— Não me diga que você estava procurando alguma coisa relacionada a Don Millo? — indagou Adam, como se lesse meus pensamentos. Eu já havia contado para eles sobre o caso e minhas suspeitas, visto que não havia nenhum problema, afinal, eles eram agentes de alto escalão, e o caso de Millo não era informação confidencial.

— Eu pensei que podia achar alguma coisa nas filmagens. — respondi.

— Pensei que Noah havia pedido que descansasse. — falou Ava, protetora.

— É mesmo. — Adam concordou com a sobrancelha arqueada.

— Mas... você achou alguma coisa? — Ava não aguentou e perguntou, seu lado curioso havia prevalecido.

Fiquei pensando em como eles sabiam que Noah havia me mandado descansar, mas abandonei a pergunta. Noah deve ter contado para eles, e realmente não havia nenhum problema nisto pois eles eram meus amigos.

— Quanto a ordem de Noah, não se preocupem eu vou descansar. Estava apenas matando a curiosidade. — falei, meio frustrada. — Quanto a Millo, não, nada.

— Não importa, Millo está preso agora. E o que eu acho, é que nós três precisamos de um hambúrguer do Joe — falou Adam, animando meu estômago.

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Oi ,meu queridos agentes da AIDEM!

Tudo bem com vocês?

Vou repassar uma pequena mensagem que a Susanna mandou para vocês.

Bjs!

'' Olá, a Tefa, falou comigo que o Noah está treinando vocês. Bem... só vim passar aqui para perguntar como vocês estão. Sei que nos primeiros dias com o Noah de treinador não são faceis, mas depois melhora, não que ele pegue mais leve, mas vocês vão se acostumar, que dizer... eu espero😂😂😂. Brincadeira, vai dar tudo certo

Vou contar um segredo para vocês, o Noah só pega no pé de quem vê potencial . É uma daquelas pessoas que se preocupa com você, mas não demonstra sempre. Acredite, se vocês não tivessem talento não estariam aqui, então relaxa. Mas lembre-se isso é um segredo, se ele me pegar falando isso já era pra mim😂😂😂😂.

Já vou ter que ir, a Ava tá me chamando.

Tchau😉''



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