Capítulo 5

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Rafa

Antes mesmo de abrir os olhos sinto todo o meu corpo reclamar de dor, tudo doe...
Fico ali de olhos fechados e acabo me lembrando do motivo de estar assim, me pergunto porque essas coisas sempre acontecem comigo, realmente deve ser castigo por não gostar de meninas, e sem esperar sinto um aperto em meu peito, uma angústia tão grande que me sufoca... tento puxar o ar e não consigo... parece que estou sufocando... começo a tremer... um baralho começa a ser disparado do meu lado e levo minhas mãos ao peito... sei que preciso me acalmar mas não consigo... dói... tudo dói... Porque? Por que? O que fiz para merecer tanto desprezo? Abro os olhos e deixo as lágrimas descerem e sinto raiva de mim mesmo por estar chorando... não adianta...  por que por mais que eu peça... implore... meu pai ou aqueles homens que me espancaram na rua não pararam, continuavam me batendo. E ontem se eu não tivesse fugidos em um momentos de distração deles, eles teriam me estrupado ou até mesmo me matado a essa hora. Deixo os soluços sairem e as lágrimas descerem cada vez mais, o barulho continua apitando e respirar se torna cada vez mais difícil, mas não consigo controlar o choro, logo a porta é aberta e por ela passa o cara de ontem... Lucas... que corre para mim, me puxando para seus braços...

_.Senhor afaste-se por favor, ele está tendo uma crise de pânico. _ ouço alguém dizer e no fundo ouço o choro e meu nome ser chamado por minha irmã... sinto meu corpo tremer e mais uma onda de choro me invade ao perceber o quão infeliz estou deixando Clara. Ela não merecia esse fardo pra carregar... não merecia...

_ Shii... acalme-se... estou aqui... _ sussura com a voz forte e rouca e ali nos braços de um desconhecido sinto meu corpo se acalmando e uma tranquilidade passar por mim. _ Estou aqui. _ diz e por incrível que pareça eu acredito nesse desconhecido.
_ Estou aqui... _ ouço sua voz dizer fazendo meu corpo relaxar e com tanto estresse deixo sono me levar.

.....
Acordo mais calmo olho ao redor e vejo que estou no mesmo quarto. Sinto um peso em minha mão e ao baixar o olhar encontro Lucas dormindo, enquanto segura minha mão num aperto firme e por incrível que pareça não sinto medo de seu toque, muito pelo contrário sinto uma imensa vontade de tocar em seus cabelos negros e mesmo com medo dele acordar me solto de sua mão e passo a ponta dos dedos em seus grossos fios negros.

Fico ali pensando o por quê dele ainda estar aqui. Outras pessoas ao me ver correndo desesperado fizeram de conta que não me viram... mas ele me socorreu e está até agora aqui, comigo...

_ Bom dia! _ ouço sua voz e levo um pequeno susto por estar distraído, e sinto minhas bochechas quentes por ser pego com mão em seus cabelos.

_ D-desculpe... _ sussurro me sentindo envergonhado por ser pego e estúpido por gaguejar.

_ Ei, olhe pra mim _ diz tocando em meu rosto me fazendo olha-lo nos olhos _ e não precisa ficar com vergonha, esta tudo bem agora... e afinal você precisa se acostumar...

_ Como assim?

_ Depois. Tudo bem? _ fala e assinto.

_ Obrigado! Não gosto de pensar o que teria acontecido comigo se você não tivesse aparecido.

_ Infelizmente não consegue parar o carro a tempo de te socorrer, quando o ve correndo machucado e fui parar para te ajudar você entrou na frente do carro e acabei te acertando. _ diz e posso ver o quão contrariado está, mas logo falo que não teve culpa de nada e que sim, ele me salvou.

_ Quer me falar o que houve? Você conhece aqueles caras? _ Lucas pergunta tentando demonstrar tranquilidade, mas sinto um toque de escuridão em sua voz e sinceramente não sei o que pensar dele...

_ E-eu... _ tento falar mais tudo que sinto é um medo ao lembrar da sura e de tudo que me falaram.

_ Ei, esta tudo bem agora.

Lucas - Irmãos MarchOnde histórias criam vida. Descubra agora