Friedrich acordou sentindo-se estranho, com o peso de Loki sobre si, dormindo abraçado como um urso e roncando suavemente. Coçou os olhos para espantar a sonolência, sentindo uma fadiga anormal que o fez questionar-se se estava de ressaca, mesmo que não tivesse bebido mais que um copo de vinho na noite anterior. Remexeu-se na cama para sentar-se, sentindo uma fisgada esquisita que...
Oh Deus, ele se deu conta.
Percebeu por fim a pele do companheiro contra sua, da nudez dele por baixo dos cobertores, – ao contrário dele próprio que pelo menos tinha tido a decência de colocar os calções de volta – e ligando um ponto ao outro começou a relembrar da noite anterior e a completa perda de seus vinte oito anos de castidade.
Levou uma das mãos ao rosto, completamente atônito, começando a tingir-se de vermelho conforme passava as lembranças em sua mente, o coração palpitando ansioso e o ar se fazendo insuficiente nos pulmões. Sentimentos intensos corriam por suas veias e sua mente entrava quase em colapso com tanta novidade e descoberta, ficando entre a ansiedade e euforia.
Nunca mais, definitivamente nunca mais! Pensou num surto de vergonha e pavor, cobrindo o rosto com as duas mãos agora, não sabendo como lidar com tamanho embaraço conforme as memórias tomavam sua cabeça. Não demorou a sentir novamente aqueles arrepios libidinosos enquanto pensava sobre o que haviam feito, sentindo-se entre a cruz e a espada, onde queria se esconder por toda a eternidade e ao mesmo tempo querendo reviver tudo novamente. Se bem que... Minha nossa!
Olhou para Loki dormindo em seu peito, acalmando-se por um instante e se deixando apreciar a figura tranquila do druida. Acariciou por alguns minutos de serenidade os cabelos ruivos e o rosto do companheiro, deixando por fim um beijo no topo de sua cabeça. Por mais que sentia pena em interromper seu sono, retirou o abraço de Loki com o máximo de delicadeza possível, constrangendo-se devido ao estado que ele se encontrava. – percebendo que mesmo depois da noite anterior ele ainda não conseguia se livrar tão cedo de todo seu puritanismo. – Mas por mais cuidadoso que foi, acabou acordando Loki que resmungou insatisfeito.
– Hm... Não sou contra acordar cedo, mas por que tu sempre exageras tanto? – Murmurou sonolento, os olhos entreabertos brilhando com o verde do início do dia, enquanto se colocava de barriga par baixo e apoiava a cabeça nos braços. Sentado do outro lado, Friedrich ficou a admirar tal visão tentadora por longos segundos, quase esquecendo-se o que ia fazer, sendo notado pelo druida que lhe sorriu com malícia.
– É o costume. – Disse desviando o olhar sem jeito, logo sentindo Loki lhe abraçar por trás e beijando sua nuca, dando um arrepio em Friedrich que tentou não demonstrar tanto arrebatamento. – Eu levantava sempre às quatro no mosteiro.
– Imaginei que pelo menos hoje ficaria mais tempo aqui. – Loki sussurrou instigante em seu ouvido, recostando o queixo em seu ombro e fazendo cócegas com a barba e cabelo contra a pele de Friedrich, percebendo o rosto do companheiro tornando-se rubro enquanto ainda permanecia em silêncio e desviava os olhos com timidez. – Está tudo bem? Pode me dizer se estiver incomodado...
VOCÊ ESTÁ LENDO
Ode aos desafortunados
Ficción históricaDISPONÍVEL AGORA NO AMAZON KINDLE VENCEDOR DO WATTYS 2020 na categoria Ficção Histórica. Um andarilho pagão luta diariamente para sobreviver na Inglaterra do século XIV. Vivendo como um curandeiro e sempre escapando dos olhos do clero, nem mesmo as...