Na sombra do Onipotente

II

Tudo estava pronto e organizado e estava orgulhosa de mim, organizei tudo só com ajuda dos criados sem perguntar nada a mamãe ou a vovó. Agora só me restava que eles tivessem recebido o convite e viessem, minha avó Cat já estava aqui por perto, conversava alegre com sua ama mais chegada e de vez em quanto me olhava como se dissesse para mim que estava perto de mim e que tudo iria acabar bem.

Não foram fácil os anos que passei naquele lugar tudo que queria era esquecer, mas esconder dos meus pais a verdade tem me atormentado muito, é como se eu não fizesse parte daqui e estivesse os traindo. Hoje tudo vai em pratos limpos e não importa o quanto iremos chorar juntos ou meu pai ficar com raiva por não poder fazer nada, eu vou me libertar e deixar eles no claro em relação a mim. Só então passarei a viver.

- Olhe para trás discretamente Sofia, eles estão chegando. - Jade diz enquanto eu mais uma vez organizo a mesa que já está impecável.

Viro-me com suavidade e vejo minha família se aproximando, percebo o quanto os amo e como sou feliz em ter os conhecido, olho para o céu e agradeço a Deus por ter me dado essa oportunidade, minhas avós também estão se aproximando e ando em direção a eles para os receber no chá revelação.

- Fiquei surpresa com o convite. - mamãe diz me abraçando. - O que está planejando?

- Calma mãe tudo a seu tempo. - me solto dela indo abraçar meu pai.

- Minha pequena estou lisongeado com sua iniciativa. - ele sabe? Falou como se soubesse o teor do convite e talvez saiba, minha avó deve ter soltado algo. Não respondo me limito a sorrir e ir abraçar minhas avós que estão com aqueles olhares de admiração para a decoração que preparei.

- Será uma excelente anfitriã. - vovó Cat diz e a outra confirma me fazendo fazer uma careta que as levam a sorrir mais.

- Bom pessoal eu estou chamando esse evento de chá revelação. - digo olhando pra todos a minha frente com as mãos pousadas uma na outra em frente a minha barriga igual como mamãe faz quando está despachando algo importante. - Peço que aproveitem o chá e tudo que lhes preparei e que saiam daqui com suas dúvidas sanadas sobre meu passado. - Olho para minha avó que me sorri fraco. - Sabemos que nunca falamos o que vivemos fora de Marcóvia, mas hoje é o momento para nos ouvirem. Espero sinceramente que não sofram mais pois meu objetivo é por uma pedra em cima desse assunto e me libertar dos pesadelos que tenho constatemente. - abaixo minha vista sentindo minha coragem sumir, mas aperto firme a saia do meu vestido e ergo a cabeça encarando as pessoas mais importantes para mim.

- Estou com fome. - papai diz quebrando o silêncio. - Mas filha se não conseguir falar nós entendemos, desde que chegaram eu sempre procurei respeitar o silêncio de vocês e vejo que tem coisa muito forte por trás dele, caso lhe machuque eu respeito e entendo. - ele diz e sinto orgulho de ser sua filha.

- Não. - vovó fala firme vindo para perto de mim. - Não vamos mais guardar segredo, não estamos protegendo ninguém de tudo que aconteceu caladas, acredito que podemos juntos fazer algo para combater coisas desse tipo em nosso reino pelo menos.

- Então vamos sentar. - mamãe diz me olhando com aquele olhar que diz eu estou aqui com você e isso para mim é reconfortante.

- Sentem e comam o que quiserem fizemos com amor para vocês. - digo apontando seus lugares e me sinto melhor.

- Bom eu gostaria de que começasse a nos dizer da abordagem a carruagem real, como foram sequestradas, isso é uma dúvida que tenho. - papai diz e em seguida leva uma xícara de chá a boca.