Na sombra do Onipotente

XX

Na manhã após o baile não quis descer para tomar café com todos, fiz minha refeição no quarto mesmo e mandei avisar que estava indisposta, minha indisposição tinha um nome e um motivo, Pierre estaria partindo com Lucas para as terras inimigas e meu coração ficava cada vez menor só de imaginar que ele pudesse não voltar. Ouço as reclamações de Jady ao dizer que não aguentava mais Maxon falar de mim para ela enquanto dançavam, realmente eu queria ter visto a cara de paisagem dela na hora, mas não tinha clima nem para rir.

Ouvimos após o almoço batidas na porta e quando Jady foi abrir viu um bilhete e lendo-o em voz alta era um convite para que eu fosse até o jardim da primavera conversar um pouco. Já sabíamos de quem se tratava e não precisava ela dizer, meu coração acelerou e as pernas ficaram trêmulas na mesma hora, só fiz um jeito no cabelo e desci rumo ao meu destino.

- Cheguei até pensar que não viria, não saiu do quarto até agora. - ele diz ao me ouvir chegar ainda sem se virar para mim.

- Eu sei que quer se despedir. - digo olhando para seu rosto ao vê-lo se virar. - Queria evitar esse momento.

- Eu volto em cinco dias, terá esse tempo para preparar a festa de noivado. - ele diz e eu o olho surpresa. - Conversei com nossos pais e quero agilizar as coisas, sei que me pediu paciência, mas eu não quero ir para a guerra sem estar pelo menos noivo. - Ele fala chegando perto de mim e passando a mão em meu rosto.

- Tenho medo. - suspiro encostando a cabeça em seu peito e sentindo os batimentos do seu coração.

- Não tenha! - ele beija meus cabelos e alisa minhas costas.

Ficamos ali calados naquela posição deixando o silêncio falar por nós dois, até que Lucas se aproxima e diz que está na hora de partirem, se despede de mim e leva o homem da minha vida para longe. Antes de se afastar ele me entrega uma flor do campo e eu fico ali deixando minhas lágrimas banharem a pequena flor em minhas mãos já sentindo sua falta.

- Filha? - mamãe me chama e ao olhar ela está bem próximo a mim com Antony no colo, vou em sua direção e pego o pacotinho lindo em minhas mãos. - Como está?

- Sobrevivendo mãe, despedidas sempre são bem tristes. - digo e ela concorda.

- Ele falou conosco, todos estamos radiantes pois é isso que querem, Suzie vai casar com Chin e temos outro caso para resolver chamado Maxon.

- O que é dessa vez?

- Ao que parece a minha filha linda derrete os corações de todos os garotos. - ela rir e eu faço uma careta lhe entregando Antony que se agita nos meus braços. - O seu pai mandou um telegrama essa manhã pedindo para ele ficar uma temporada aqui, a mãe dele está doente e querem evitar ele ver a mãe tendo ataques.

- Onde eu me encaixo nesse problema?

- Ele ontem falou com seu pai para lhe cortejar, com ele aqui no palácio temos medo que ele seja um empecilho para você, não quero dizer que ele venha te tomar de Pierre, mas que venha causar problemas.

- Tudo bem mãe, problema resolvido, eu gostei do jeito dele ficaremos amigos e ele entenderá que o que sinto por Pierre é mais forte que tudo.

- Eu invejo sua sabedoria minha filha, desejo que seu irmão seja igual você. - ela diz me abraçando e Antony reclama nos fazendo rir.

Quando chego no meu quarto Jady está muito empolgada pois com a permanência de Maxon no castelo sua guarda também ficará e ela achou um dos guardas muito lindo, eu tenho um trabalho terrível para lhe dizer que mantenha compostura e que papai tem planos de a casar com algum príncipe.

- Eu não quero me casar para manter negócios no país. - ela diz emburrada e começo a rir na hora que Suzie entra e nos questiona o que é o motivo dos meus risos. - Ela agora quer que eu me sacrifique como você e ela faz. - ela diz revirando os olhos.

- Casar com Chin não vai ser sacrifício nenhum Jady ele é lindo e muito educado. Me tratou como uma verdadeira princesa.

- Que bom amiga, fico tão feliz com sua felicidade. - digo indo lhe abraçar.

- Maxon é o pretendente de Jady? - Suzie pergunta e a outra grita se levantando.

- Nunca! - grita ela. - Não vou me casar com um paspalho que não diz duas palavras que três não seja sobre minha meia irmã malvada. - nós duas jogamos almofadas nela.

- Não será ele não Suzie, mas papai me disse que vovó viu ela conversando bem animada com o príncipe Mateus Magno da Itália, ele é o filho caçula do rei Magno e será o seu sucessor já que o seu irmão fugiu com uma dama de companhia a alguns anos. - digo e ela fica me olhando como quem vai me furar os olhos.

- Mais vocês gostam de uma fofoca não é? - ela diz. - Eu troquei duas palavras com ele, claro que ele é lindo, mas não é meu tipo. - ela desdenha e nós rimos.

- Tudo bem então é ele ou o Maxon, escolha. - digo piscando para Suzie. - Por falar nele já sabem que ficará no palácio por tempo indeterminado?

- Sim os corredores não falam em outra coisa, afinal todos o acham um deus grego. - Suzie diz e é minha hora de revirar os olhos.

Eu não podia negar a beleza de Maxon, mas meu coração batia por outro bonito também e mesmo Maxon sendo mais bonito que ele eu não posso começar a pensar em dois em vésperas de ficar noiva.

- E o noivado? - Jady diz. - Outro assunto dos bastidores do castelo.

- Será em cinco dias e temos que organizar uma festa simples e discreta, não quero chamar atenção.

- Que tal começar com o vestido? - Suzie pergunta e eu concordo, então vamos para o ateliê de Indiara fazer nossos pedidos.