Guarda-chuva e macarons

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O homem pombo atacou novamente hoje. Eu acho que ele talvez precise de ajuda psicológica e ele concordou quando sugeri isso. Mas ainda assim, acho que depois desses 2 anos, eu não tinha o enfrentando sem Chat e isso agora é estranho. Eu e Alya somos uma ótima dupla, talvez ate porque conhecemos a identidade uma da outra e quem sabe isso não foi um erro? Ter escondido tanto tempo? Se ele voltar, talvez eu me revele.
- Ei amiga, mandamos bem. Zerou!
- Hã? Ah, sim! Z-zerou... - Batemos os punhos, mas aquilo ainda também era estranho pra mim. A questão é que eu já me acostumara com a falta dele, mas ainda era estranho ter coisas do nosso cotidiano com outra pessoa. - Vamos voltar pra aula, ainda faltam 10 minutos pra acabar.
- Você quem manda ladynette!
- Shhhhhh, ninguém pode saber! - tapei sua boca. Ladynette era um apelido muito arriscado para ser usado em público
- Ok, ok. Mas vamos tirar a foto pro Ladyblog antes, com a Alya e Marinette - e me lançou uma piscada de olho, fazendo assim duas ilusões de nós mesmas aparecerem. - É ótimo porque isso além de tudo afasta suspeitas. Tenho pensado em criar uma ilusão de chat nas batalhas, sabe, pra conter todas os rumores. Eu também confio que ele vá voltar de verdade, mas não queremos que ele volte com a imagem queimada, né?
- Sim... talvez seja uma boa ideia... - não conseguia responder animada com a ideia pois eu acreditava que aquilo faria eu sentir falta dele novamente. Muita falta.
Voltamos para a aula e acompanhamos até o fim, logo após cada um seguiu para sua respectiva casa e decidi passar pela mansão dos Agreste.
Eu sabia que Adrien não estaria lá, ele estava com Kagami... no Japão... mas ainda assim, passar por ali e observar me causava um certo alivio. Era nostálgico.
Naquele momento, gotas de chuva começaram a pingar e eu tinha esquecido o guarda chuva e aquilo me remeteu ao dia que conheci Adrien... ele parecia tão idiota e eu passei o dia o esnobando... mas ele era totalmente o contrario daquilo e me doía nunca ter conseguido lhe dizer o quão incrível ele era. O quão doce, amigável, prestativo, presente ele se conseguia fazer.
Segui o caminho na chuva quando ouvi alguém me chamando e correndo atrás de mim. No momento em que virei para ver quem era, bati de cara no peito do sujeito e a chuva parou
- Você vai ficar doente! Eu te levo até em casa, me desculpa, você se assustou? - Me perguntou lançando um sorriso gentil, como de costume.
- Lu... LUKA! - corei de imediato - ME PERDOA! NÃO! Não me assustei! Eu só não... não esperava. Não precisa, eu posso ir sozinha... sua casa não é tão perto assim - ri nervosa
- Ta tudo bem. Eu ia comprar alguns macarons com seu pai. Vamos lá, Marinette. - ele sorriu mais uma vez, afagando minha cabeça e se pondo ao meu lado segurando um guarda chuva azul. Sim, Luka também é uma das pessoas mais gentis, incríveis e amigáveis que já conheci. Me arrisco a dizer que mais presente. Além disso, eu conseguia conversar com ele mesmo que ficasse nervosa. Era fácil estar junto dele.
- Qual o seu preferido? - perguntei e ele me olhou confuso - Macaron. Você disse que ia comprar macarons.
- Ah... pessoalmente eu gosto muito do de amora. Mas eu vou comprar pra minha mãe, então no caso, ela pediu o clássico.
- Entendi... tudo bem.
Chegamos na padaria dos meus pais que pareciam estar preocupados, já que eu havia demorado mais do que o normal por causa da minha volta pela casa dos Agreste que parecia tão triste e vazia... logo, se mostraram aliviados pela presença de Luka. Não só aliviados, como mantiveram a mesma inconveniência de sempre de supor que todo garoto que aparece junto de mim é meu namorado. Luka não parece ter ficado desconfortável com isso, nem constrangido.
- Espera ai! - falei correndo para o estoque de macarons antes que ele fosse embora, já em direção à porta. Embrulhei um macaron de amora em um pequeno pacote e o entreguei - esse é por minha conta. Por ter me trazido ate aqui de guarda chuva. - Que desculpa idiota para dar um presente?
- Obrigado Mari. - Luka pegou o pacote e me deu um beijo na testa, seguindo ate a porta e indo embora. Não tive tempo para reação, e mesmo se tivesse tempo, não teria reação. Meus pais olhavam com aquele olhar típico de como se dissessem "sabemos o que está acontecendo, esse é seu novo namorado!"
- Não é nada disso! Ele é só um bom amigo!
- Sim, sim, eu e seu pai éramos bons amigos. Mas tudo bem querida, tudo ao seu tempo - minha mãe sorriu me dando um abraço de boas vindas, já que ate então não tínhamos nos cumprimentado adequadamente.
Em seguida cumprimentei meu pai e subi para o quarto, me atirando na cama encarando o teto. As fotos de Adrien... acho que deveria tirar todas daqui... em respeito à minha amiga pelo menos. Isso vai ser tão difícil... vou apenas guardar em um baú. Acho que assim vou me sentir menos culpada.
*Adorei o macaron! Obrigado, Mari.*
Luka me mandou mensagem.
*De nada! Pode aparecer quando quiser, tem bastante aqui, hahaha*
*Pode deixar. Gosto muito de aparecer aí...*
*Os macarons são ótimos não é?*
*Não é pelos macarons.*
Corei bloqueando a tela do celular e o largando na cama em seguida.
- Tikki...
- Você sabe sobre os sentimentos dele Marinette! Saiba que você tem todo meu apoio, independente da decisão que tome ou da pessoa que escolha. Eu sempre estarei aqui.
- Obrigada Tikki...
Sentei na cama determinada a levantar e tirar todas as imagens do Agreste do meu quarto. E isso foi tão doloroso quanto eu pensei que seria. Guardei todas as fotos, recortes, posters em um baú escondido e deixei diversos bichinhos de pelúcia por cima. Inclusive... o de chat noir...
E assim, nenhum rosto de Adrien cobria meu quarto. Apenas minhas coisas.
*Desculpa. Não queria te deixar desconfortável*
Eu não respondi Luka.
*Não! Tudo bem, eu tinha que resolver algumas coisas.*
*Enfim... hoje à noite vai ter show da banda. Você vai?*
*Eu não perderia por nada.*
*Nos vemos então. 😘*
*Nos vemos 😊❤️*
Sim, aquilo ia tirar minha cabeça de Adrien e Chat noir. Eu vou superar e preciso me ocupar. Vai ficar tudo bem.

9844, ainda amo você.Onde histórias criam vida. Descubra agora