Cinema

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Alguns dias se passaram desde o ocorrido com Luka e desde que eu entreguei os kwamis para cada um e isso me fazia pensar que eu estava de mãos atadas de qualquer forma. Eu entreguei cada miraculous para seu respectivo usuário, contudo suas identidades eram públicas, ainda assim acho que seria mais perigoso e imprudente se Hawk Moth fosse atrás de Ladybug já que eu e Chat somos nitidamente o alvo dele. Além disso, isso me fazia pensar que eu teria que conhecer a identidade de Chat noir sendo a guardiã, tal como ele deveria conhecer a minha... será que o mestre tinha noção sobre isso quando me escolheu como guardiã? Provavelmente na verdade.
*Marinette, vamos no cinema hoje?*
Alya me mandou mensagem e supondo que seria bom sair um pouco e tirar a cabeça do Luka, Adrien, Chat, kwamis e todas as coisas que me incomodavam nos últimos dias, aceitei o convite.
Arrumada como o de costume, fui e encontrei Alya (é claro que ela não ia estar sozinha...) com Nino, Rose, Juleka, Mylene, Ivan e Luka. Aquilo parecia mais armado para ser um encontro de casais do que qualquer outra coisa, mas é claro que não era um encontro de casais comum porque tinham duas pessoas que não estavam cientes da situação. Eu e Luka, que não nos víamos desde o incidente. Inconscientemente levei a mão ao pescoço segurando a palheta que ele me dera em busca de conforto.

- É... Juleka insistiu muito para eu vir - ele sorriu, levando a mão atrás da cabeça timidamente - Eu não sabia como seriam as condições...
- Não, tudo bem! Eu não estou desconfortável nem nada assim - ri nervosa. Não era desconforto o que eu sentia, eu só não sabia mais como reagir. Eu não falei mais com Luka, além de tudo... achei que seria estranho.
- Compramos os ingressos já, você me paga depois, tranquilo? - Alya deve ter percebido o clima desconfortável que agora de fato, começava a surgir.
- Tudo bem, eu posso te pagar agora também
- O filme já vai começar, paga na saída
- Bom, tudo bem. - Entramos na sala e obviamente eu sentei do lado de Luka. Entre ele e Alya, mais especificamente.
- Se quiser eu posso pedir pra trocar...
- Não. - corei na mesma velocidade que respondi, eu não queria que ele saísse de perto mas também não sabia como reagir - Você... pode ficar, nós só vamos ver um filme afinal, que mal faz? Além disso... eu sinto sua falta - olhei para Luka sorrindo timidamente
- Eu também senti sua falta, mas não queria te incomodar... - ele retribuiu o sorriso ainda me encarando - Sabe - ele virou o rosto para a tela - Eu não me arrependo do que aconteceu.
- Eu não... - já não sabia onde me enfiar, cada vez que Luka falava eu me sentia mais constrangida - Eu não me arrependi...
- Não disse que foi isso que aconteceu, só queria que você soubesse disso mesmo. Aliás, você parece cansada... tem conseguido descansar?
- É só a cabeça cheia... tenho muitas coisas pra resolver, na verdade é por isso que eu não te chamei até então
- Entendo... se precisar de alguma ajuda pode me avisar.
- Pode deixar. - e o filme começou, então nos calamos.

Apoiei o cotovelo no braço da cadeira e a cabeça na mão, porém logo em seguida senti um puxão sutil que fez com que minha cabeça despencasse por alguns poucos segundos, pousando logo em seguida em um determinado ombro e deixei a mão estendida sob o braço da cadeira ainda.
- Espero que seja mais confortável - ouvi Luka sussurrar e apenas mexi a cabeça positivamente. Segui vendo o filme, porém não com o foco ali. Meu foco estava no braço de Luka e na proximidade dele em relação à mim e eu inconscientemente torcia para que ele segurasse minha mão.
Não sei se ele percebeu que eu o encarava quase descaradamente dentro do meu campo de visão, ou o que foi, mas ele discretamente levou o braço ao lado do meu dividindo o encosto e tocando as costas da mão na minha seguindo de passando os dedos sob minha palma acariciando-a e encaixando os dedos entre os meus é a partir dai eu esqueci o filme. Não consegui entender mais nada da história porque eu não conseguia focar em nada além do calor do toque e tudo que eu conseguia fazer as vezes era mexer um pouco a cabeça, ainda apoiada em seu ombro. Retribui o encaixe, entrelaçando os dedos nos dele e senti ele apertar minha mão de volta.
Isso me fez sentir diversas coisas que eu ainda não tinha sentido por Luka. Aquele apenas toque de mãos despertou algo a mais e mais forte do que antes. O calor que ele compartilhava comigo e toda nossa trajetória até então, pensar sobre aquilo e me ater aos detalhes fez meu coração pulsar tão rápido que tive medo que as pessoas conseguissem ouvir. Fiquei com receio de que até ele mesmo escutasse as batidas fortes e nervosas, mas Luka parecia extremamente calmo, confortável e confiante, como de costume e não importava como ele estava. Ele sempre estava tão... lindo. Por isso, me permiti relaxar também e aproveitar o momento por completo, tanto o filme, quanto a companhia.

- Marinette... - Senti um cutucão no braço - Ei...
- Hm...
- O filme já acabou... as pessoas já estão saindo...
- Hã? - abri os olhos vagarosamente. Eu peguei no sono? Alya me encarava com o resto do grupo rindo baixinho
- Amiga, que cansaço em?
- Desculpa, não sei o que me deu... - respondi ainda tentando assimilar, esfregando os olhos e bocejando
- Você não quer que eu te leve em casa? - Luka falou comigo mais uma vez depois de me acordar - Você parece muito cansada pra ir sozinha
- Acho que tudo bem dessa vez... - me espreguicei e levantei - desculpem, eu estava muito cansada mesmo
- Tudo bem mesmo amiga?
- Uhum... eu só tô cansada mesmo. Não tenho dormido direito nos últimos dias...
- Então tudo bem. Qualquer coisa me liga
- Ligo sim

Abri a bolsa tirando o dinheiro e o estendendo para Alya enquanto saíamos da sala, todos nos despedimos exceto Luka e eu. Juleka foi direto para casa, então ficamos só nós dois. Acho que faziam uns 15 dias que não nos falávamos e estar com ele de novo era reconfortante. Além disso, esse tempo foi bom para que eu percebesse algumas coisas, como por exemplo, a importância que ele tinha para mim que era muito maior do que eu pensava, a falta que fazia além de que eu gostava muito mais dele do que eu pensava e que eu já não me sentia da mesma forma por Adrien. Eu queria contar tudo aquilo pra ele, mas tinha receio de que fosse cedo demais, ou estaria apenas mais uma vez enrolando, evitando a situação?
Seguimos o caminho todo em silêncio e o sol começava a se pôr.

- Você quer ir na ponte um pouco? Passar no André? Ou no parque?
- Acho que um sorvete é uma boa
- Então vamos comer sorvete do André! - ele falou empolgado e se ajoelhou no chão - Sobe, eu tive uma ideia - e subi em suas costas, ansiosa. - Segura firme, vai ser divertido
- Tudo bem.
- Pronta?
- Sim! - Não estava. Luka começou a correr e me segurei desesperadamente em seu pescoço cuidando para não machuca-lo, então paramos bruscamente e ele soltou minhas pernas, me colocando no chão.
- Tudo bem? - ele riu ofegante com o cabelo bagunçado e um pouco suado
- Eu só me assustei um pouco, você tá bem???
- Sim, só preciso respirar um pouco - ele levou as mãos às costas, se apoiando e jogando a cabeça pra trás junto com o cabelo, respirando rapidamente - Foi divertido? - deu um sorriso mostrando a língua
- Inegável que sim - ri da situação e olhei o Horizonte - Você vai querer ver o pôr do sol? É melhor pegarmos o sorvete logo
- Tem razão. - E se dirigiu até André, segurando minha mão, ele nos fitou e começou a explicar a combinação dos sabores, colocando uma bola de sorvete de mirtilo com uma de morango e logo nos entregando. Pegamos, fomos sentar em alguns dos bancos, observando o sol se pôr e dividimos o sorvete.
- Luka - Tudo bem, eu vou conseguir
- Hm?
- Eu preciso te contar uma coisa - e ele virou o corpo de frente pra mim, claramente interessado no que quer que fosse - Escuta... não é como se eu não ficasse confusa as vezes ainda mas... - travei.
- Marinette - ele acariciava minha bochecha - eu já disse. Não precisa ter certeza de nada. Sabe, se namorassemos e você dissesse que esta confusa, eu ia entender. Em qualquer circunstancia, eu vou entender.
- Tudo bem... - respirei fundo. Não ia conseguir falar? - Eu realmente... realmente... gosto... - Não conseguia falar, sempre travava. Larguei o sorvete do lado, tomei um impulso de coragem e puxei Luka pela gola, pressionando nossos lábios um contra o outro, sendo tomada imediatamente pela vergonha de sempre - Eu realmente gosto de você!

Luka sorriu e se aproximou novamente, me beijando. Ficamos um longo tempo assim, até voltarmos à terminar o sorvete. Depois vimos à noite cair, abraçados. Era por isso que eu não ficava desconfortável com ele, ele sempre me deu certeza. Eu nunca duvidei dos sentimentos de Luka, nunca tive insegurança sobre isso. Ele gostava de mim e eu gostava dele e era isso que importava.

- Eu também gosto de você, não que isso seja uma novidade. - ele encostou a testa na minha - mas se em algum momento você mudar de ideia, saiba que tudo bem. Eu fico muito feliz em poder viver esses momentos agora e eu sempre vou ser grato por ter vivido. Eu sempre vou estar do seu lado. - ele levantou, estendendo a mão para que eu fizesse o mesmo e me levou até em casa. De mãos dadas.

Luka tinha razão. Mesmo se não fosse algo definitivo, mesmo se em algum momento aquilo não existisse mais, a experiência que tivemos juntos sempre vai ser algo maravilhoso e além disso, acima de tudo sempre seremos amigos.

9844, ainda amo você.Onde histórias criam vida. Descubra agora