A era dos heróis (1)

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Eu não conseguia responder, ou ter reação alguma sobre aquilo. Eu ainda não conseguia sequer assimilar que Chat Noir era Adrien.
Tive alguns indícios que sempre ignorei e agora o que Luka dizia fazia sentido. Não era Chat noir especificamente.
Isso explicava o sumiço no dia que ele foi atacado, ou os 3 anos desaparecido, as desculpas furadas, como eles nunca estavam no mesmo lugar, a primeira vez que Luka usou o miraculous...

- V-você está decepcionada? - ele indagou visivelmente ansioso
- Não, chaton. - me aproximei, abraçando-o - Eu estou feliz. E preocupada.
- Preocupada?
- Nós vamos ter que lutar contra sua mãe, Adrien.
- É como a Nathalie falou... quando ela se fundiu com Duusu deixou de ser quem era... - sua voz soava triste, decepcionada - Eu passei tantos anos sofrendo com isso.
- Eu... imagino.

Suspirei e olhei para Nathalie que parecia tão surpresa quanto eu me sentia. Mesmo assim, não podia me dar ao luxo de ficar em choque, me questionando, nem nada do gênero. Eu precisava ajudar Alya e Nino assim que dessem o sinal.
Olhei para Chat que parecia mais um pequeno gatinho abandonado naquele momento e me ajoelhei, ficando na sua altura, já que agora estava sentado no chão. Encostei sua testa na minha e ficamos alguns segundos assim

- Eu nunca me decepcionaria com esse gato tonto. Mas eu ainda não vou entregar minha identidade. Só depois que a confusão passar. Eu não quero correr o risco de novo...
- Risco?
- Eu tive a chance de vislumbrar o fim do futuro onde você descobriu minha identidade e foi akumatizado. Enquanto eu não tiver certeza que não existe essa possibilidade, eu não vou te contar.
- Tudo bem bugaboo - ele respondeu desanimado - Tudo ao seu tempo.
- Não desanime, gatinho. Hoje vamos precisar de muita energia. - levantei estendendo a mão para que ele ficasse de pé
- É... tendo pais vilões... eu que o diga...
- Não deixe que descubram sua identidade, Adrien. Não ainda.
- Tudo bem. Você sempre foi como uma mãe para mim, Nathalie - respondeu a abraçando - Obrigado por tudo
- Deixo em suas mãos, Ladybug.
- Pode deixar - sorri, e segurando a mão de Chat Noir, nos puxei para fora da limousine que seguiu o rumo

- Então? O que faremos?
- Vamos avisar os outros usuários de miraculous. Só não teremos Kagami...
- Para o que exatamente? - uma voz surgiu abaixo de nós
- Bugaboo, vou chamar os que moram para aquele lado e nos encontramos na mansão - Chat noir saiu rapidamente e em alguns minutos depois eu entendi
- Você precisa de mim, Ladybug? - Kagami apareceu debaixo de mim, sentei na plataforma ficando de cabeça para baixo com o rosto virado para ela
- Sim! - dei uma cambalhota, caindo de pé em sua frente - Vem comigo! Você voltou já? Por que não avisou?
- Mas nós...
- Tikki! - me destransformei quando chegamos em um ponto isolado, aproveitando para alimentar minha kwami
- Marinette?! Era para ser uma surpresa para seu aniversário! Falta menos de um mês, então voltei um pouco antes já que minhas obrigações no Japão terminaram!
- Senti sua falta - a abracei - Mas não temos tempo. Uma luta vai começar e eu preciso que você assuma o miraculous do Dragão!
- É uma honra... - ela pegou a caixa, sorrindo - Obrigada pela confiança - e reverenciou - Para onde devo ir?
- Então... mansão Agreste
- Tem certeza que eu deveria ir?
- Emilie Agreste acordou e é uma longa história... prometo que te explico depois! Mas teremos grandes problemas, por favor...
- Tudo bem - ela suspirou, rindo - Nos encontramos lá.

Me transformei, agora recarregada, e terminei de chamar o restante dos portadores. Em alguns minutos, estavam todos reunidos na mansão.
Chat Noir, estava parado em um telhado próximo à mansão, observando tudo, então antes de ir direto, parei alguns minutos em silêncio, ao seu lado. Não conseguia imaginar o quão sofrido é perder sua mãe por anos e quando ela reaparece, não ser a mesma pessoa.
Segurei sua mão e ele se virou para mim, surpreso. Lágrimas escorriam constantemente de seus olhos, mas ele deu um pequeno sorriso singelo e verdadeiro quando olhou para mim.

- Vamos fazer isso mais uma vez, juntos.
- Tudo bem...
- Você tem certeza que está pronto?
- Eu preciso estar - ele continuava me encarando
- Aconteça o que acontecer... lembra sempre que eu vou estar ali.
- My lady... eu...
- Fala isso depois que tudo isso acabar. Se não vai soar como uma despedida. Isso não é uma despedida, gato tonto.

Ele assentiu com a cabeça e nos dirigimos até o ponto de encontro, logo aonde Nino e Alya estavam.
Todos estavam reunidos, transformados.
Luka me olhou rapidamente e sorriu por um momento, logo depois, voltando a virar para frente com uma expressão séria.
Suspirei e segurei a mão de Chat, nos posicionando para frente dos demais

- Esse é o momento para o qual entregamos os miraculous à todos. Façam bom uso dos seus poderes e estejam juntos ao seus kwamis. Não se deixem abalar, lembrem que Ladybug confiou em vocês. Não deixem sentimentos ruins se apostarem de vocês. Resistam. - Chat falou assumindo a postura de um guerreiro
- Vamos voltar juntos. Conseguindo arrancar o miraculous do portador é o suficiente! Vamos evitar combate físico. - Terminada nossa fala, todos aplaudiram e entramos na mansão Agreste.

Nathalie havia retornado, para nos auxiliar com a senha do esconderijo, mas ficou acordado que após isso, ela iria embora em segurança, até que tivéssemos tudo sob controle.
Ela pressionou o quadro, fazendo surgir um buraco no chão, pelo qual entramos em um ambiente escuro exceto por uma única janela.
Assim que adentramos, Luka puxou meu braço

- Independente do que acontecer, não seja akumatizada. Independente do que eu fizer, entenda que eu já voltei desse momento diversas vezes e já vi diversos fins para essa luta. Eu só encontrei um viável. E acima de tudo, eu te amo e eu espero que você seja muito feliz. - ele falou rapidamente e me beijou, seguido de um abraço apertado e continuou andando com os demais como se nada tivesse acontecido.
Fiquei parada algum tempo, assimilando suas palavras e sua reação. Como assim tinha voltado no tempo? Ele sabia o resultado da luta?
Algo ia acontecer e não tinha como impedir?

De qualquer forma o clima daquele ambiente não era nada agradável e para colaborar, ouviu-se um estrondo dentro do lugar, logo a partir disso, surgiu uma aranha imensa, seguida de uma risada tenebrosa que não era de ninguém mais, ninguém menos que Emilie.

9844, ainda amo você.Onde histórias criam vida. Descubra agora