Levante, sorria

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Durante dias e mais dias eu passei no quarto, acordava e dormia chorando, incrédula sobre o que acontecera. Foi naquele dia em especifico, quando eu ainda estava deitada com o braço em cima do rosto que ela apareceu.
Juleka.
Faltavam uns 2 dias para formatura, então hoje devia ser dia 16. Primeiro a cerimonia, a janta de familiares e a festa. Eu sinceramente não fazia questão de ir em nenhum dos estágios, mas infelizmente paguei parcelas e preciso participar.
Até porque era isso que Luka queria, não era? Que eu conseguisse seguir em frente. Chorei mais uma vez com aquele pensamento e desisti de levantar mais um dia. Pelo menos essa era minha intenção, que pelo jeito, não era o que de fato ia acontecer.
Senti um toque gelado no meu braço é a força me puxando para que eu sentasse. Então senti pequenas gotas batendo no meu braço, quentes, em contraste ao toque frio.

- Eu não sabia ainda se já estava pronta, mas eu precisava vir, depois do que me falaram... - Juleka falava pausadamente, provavelmente controlando o choro

- O que... - levantei o olhar para que pudesse encara-la. Seus olhos estavam cheios d'agua

- Me desculpa por não ter vindo antes. Eu não pude, eu não consegui. É tão difícil te ver e não ver ele, sabe? Mas eu tenho me esforçado para ficar bem e voltar à minha vida normal, porque foi isso que ele pediu e eu não quero... não quero que ele fique triste...

- Te pediu? - minha voz saiu mais trêmula do que eu planejava, mas visivelmente nada daquele dia seria como planejado.

- Sim... eu... - ela interrompeu a fala no meio de um soluço e me encarou enquanto lagrimas não paravam de cair do seu rosto - Eu sabia o que... o que ia acontecer... ele estava se despedindo de mim... ele disse que eu não podia interferir porque ele não conseguia me ver partir... ele sempre... ele acha... que a gente consegue lidar melhor... com a partida dele.... - ela tentou sorrir, mas voltou a ser tomada por mais lágrimas - N-não foi sua... culpa... sabe... ele sabia o que... o que estava fazendo...

- Juleka... - levantei e a abracei. Era tão egoísta, fiquei o tempo todo me lamentando e sofrendo por sua morte, mas nem considerei que tinha uma pessoa que sofreria tanto quanto eu. Mas ela já estava sofrendo antes. Juleka estava sofrendo à muito tempo.   - Desculpa...

- Não... não é sua culpa Marinette - ela se afastou por um momento, limpando as lágrimas - Foi uma opção só dele. Além disso, eu sabia. Não teve nada que eu pudesse fazer. Mas eu posso te garantir... - sua voz ficou mais uma vez embargada - foi melhor ver ele feliz naquela hora do que vê-lo chorando diariamente por ter visto sua morte.

- Não tinha mesmo nenhuma outra forma?

- Ele disse que nada funcionou - ela acenou negativamente com a cabeça - Que basicamente alguém sempre morria e o resultado era o mesmo. Mas ele não fez isso para te fazer sofrer, você sabe disso melhor do que ninguém.

- Eu ainda não tive coragem... de ouvir o cd de novo... nem de tocar em sua guitarra... nem nada...

- Tudo bem. Se dê tempo. Mas não perca a formatura ou seu aniversário Marintette... eu acho que esse seria de longe o maior dos castigos para meu irmão. - dessa vez ela sorriu sinceramente, sem lagrimas escorrendo.

- Obrigada Juleka - a abracei mais uma vez, me sentindo mais leve. Talvez ate melhor e pronta para viver de novo. Pronta para... assumir meu papel como Ladybug de novo... já que até então não tinha colocado os brincos, nem falado com Tikki.

- Preciso lutar contra algumas bestas agora... estão todos lutando incansavelmente para derrota-las. Ele te falou sobre isso, não falou? - assenti com a cabeça - São mais chatos do que parece... E sem seu miraculous, precisamos consertar a cidade no braço - ela riu

9844, ainda amo você.Onde histórias criam vida. Descubra agora