Conversar🌼

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- Uma amiga... vou levar ela pra casa, não é seguro deixar ela ir sozinha. Te ajudo depois. - nos levantamos e seguimos pelas ruas conversando sobre coisas aleatórias, passamos pelo café e mostrei pra ele onde ficava o galpão onde guardamos mercadorias, andamos mais um pouco e logo eu estava em casa, o convidei pra entrar e ele hesitou um pouco mas entrou quando eu insisti.

- Sua casa é bonita... - pegou um porta retrato na estante do meu pai me segurando no colo quando bebê, sorriu bobo para a foto e ficou olhando as outras fotos ali enquanto eu fui para a cozinha preparar um chá.

- Obrigado! - falei alto da cozinha. - Eu moro sozinha mas está um pouco bagunçada pois não costumo receber visitas.

- Pensei que você morasse com seu pai... - sua voz ia se aproximando aos poucos de onde eu estava, e por mais feliz que eu estivesse com ele ali comigo a simples menção do meu pai fez meu sorriso se desmanchar.

- Morávamos... me mudei faz quase um ano. - graças ao meu amigo/sócio consegui um apartamento legal e barato onde posso viver tranquila.

Senti braços rodearem minha cintura me abraçando por trás e ele colocou sua cabeça em meu ombro, acabei abrindo um sorriso largo, ele cheirou de leve meu pescoço passando a ponta de seu nariz ali e isso me fez arrepiar por inteira. - Desculpe, acho que é meu instinto falando mais alto.

Me sentia protegida com seus braços em mim, definitivamente tem alguma coisa nessa nossa relação, nunca me senti tão atraída por ninguém em toda a minha vida, parece até que vou explodir de felicidade toda vez que estamos juntos, gosto da sua voz, seus olhos castanhos, sorriso fácil e simpático, gosto de tudo nele, alguém me socorre eu acho que to apaixonada.

- Adoro abraços! Gosto do seu instinto se ele faz você me abraçar. - ele riu com sua voz grossa próxima ao meu ouvido e minha pele toda se arrepiou novamente, na real eu não gosto tanto assim de abraços, mas os braços dele estão se tornando o meu lugar favorito nesse universo.

- Meu instinto também faz outras coisas só que são mais perigosas. - me soltou e se sentou em uma cadeira ao lado da mesa. - Por isso não pretendo passar meu rut com você.

- São só três dias! O meu são cinco! Qual é o mal?! Você que deu a idéia primeiro! É a primeira vez que eu quero fazer uma loucura dessa! Colabora comigo!

- Por que isso? - me virei para ele servindo o chá em uma xícara com estampa de ursinhos.

- Meu médico falou na última consulta, que devo suspender os remédios e achar algum parceiro ou aguentar a dor, não posso prolongar mais o uso das pílulas ou terei grandes problemas com minha saúde... - me sentei também encarando a mesa sem coragem alguma para olhá-lo nos olhos.

- Então o heat... - pensou em voz alta e completei tentando me explicar melhor para ele.

- Amanhã sem falta... não sei mais o que eu faço, preciso de ajuda mas sinto que nenhum dos alfas que conheço vai saber me ajudar... não vou mentir... eu to com muito medo... no meu último heat sem um alfa fui parar no hospital, sedada o suficiente para qualquer dor ser transformada em cócegas. Não foi a melhor experiência da minha vida - suspirei lembrando daqueles momentos de agonia constante e voltei meu olhar para ele. - Então você apareceu... meu instinto me diz que é a melhor escolha que faço.

- Ainda estou com medo de te machucar... - falou baixo encarando qualquer outro lugar que não fosse o meu rosto.

- Tudo bem... eu entendo... vou aguentar sozinha então... - era claro na minha voz o quanto eu fiquei chateada, queria que ele soubesse disso, que entendesse que eu dei o sinal verde mas mesmo assim ele não quer seguir. Sim, eu estou com medo, sim, eu pensei em não fazer isso, aliás seria minha primeira vez, e eu ainda tenho medo dele ser idiota como os outros alfas, mas meu corpo clama por um abraço seu e se acalma sempre que vejo seu sorriso, se isso não é prova o suficiente de que se estiver com ele não será tão ruim não sei o que é.

- Posso te ajudar depois que meu rut passar... você mesma disse que o seu dura mais, sinto que o meu começa amanhã também. - assenti de cabeça baixa, as vezes migalhas são melhores do que nada, mas eu não deveria me contentar com esse pouco.

Antes mesmo de acabar seu chá recebeu uma ligação que parecia ser séria pela sua feição preocupada, ele atendeu rapidamente e concordou algumas vezes antes de dizer que há já estava indo, desligou e tomou o resto do chá em um só gole, guardou o celular no bolso com pressa e eu me levantei achando estranho de repente estar assim tão afobado.

- O que houve? - perguntei preocupada e ele negou ainda com uma feição séria.

- Não houve nada. Só estou atrasado para o ensaio, mas não se preocupe, é normal. - ele me encarou por segundos antes de segurar meu rosto com uma mão e deixar um beijinho em minha bochecha, saiu andando rapidamente e acenou pra mim quase no fim do corredor, ele estava sorrindo e até me jogou um beijo.

Ele é realmente engraçado assim com pressa. Fechei a porta e voltei para o sofá me jogando nele, passei os dedos de leve pela minha bochecha como se o beijinho carinhoso dele tivesse deixado uma marca ali, mas eu sabia que não tinha deixado apesar de eu querer.

Suspirei e olhei a hora, eu deveria checar o site antes de tomar um banho. Fui ao quarto e chequei tudo certinho, nenhum e-mail, apenas mais 7 compras novas desde as duas da tarde que foi o horário que eu saí.

Fui ao banho sentindo meu rosto esquentar enquanto tirava a roupa em frente ao espelho, odeio ter esses períodos de calor, fico toda suada sem fazer nada mesmo dias antes do meu período ocorrer. Tomei uma ducha de água morna mas em meu corpo a sentia praticamente gelada devido a minha temperatura corporal, penso seriamente se eu deveria seguir as ordens do médico, se tomar os medicamentos agora não terei o cio mas o mais provável é que eu passe mal novamente e tenha de ficar internada.

Acho que vou ter que arriscar ficar sem as pílulas, elas são fortes demais mas não tem outras que funcionem comigo. Vesti meu pijama e deitei na minha cama fofinha logo apagando.

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