Skyler Sallenvite sempre foi uma garota que teve tudo de mãos beijadas em sua vida. Ou como diziam seus parentes, a garota abençoada pelos céus. Ótimos pais, ótimos amigos, ótima vida... nada nunca de fato faltou para ela desde que nascera e não pod...
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Ontem... O amor era um jogo tão fácil de se jogar Agora preciso de um lugar para me esconder The Beatles | Yesterday
Skyler Sallenvite
A luz do sol já incomodava meu rosto quando me dei conta que as janelas estavam abertas, trazendo-me uma brisa gostosa de sentir, apesar do calor.
Mas esse não era o motivo específico de eu ter acordado cedo em plena manhã de sábado. Na verdade, os longos cochichos dos meus pais haviam feito essa dádiva ocorrer.
— Será que não podem me deixar dormir um pouco mais, só hoje? — perguntei, descendo as escadas enquanto prendia meu cabelo em um coque bagunçado e sentia minha cabeça doer em cada movimento. Era a porra da ressaca dizendo "oi". — Falar mais baixo nem é tão difícil assim.
— Olha, querido, ela ainda está viva — mamãe resmungou, sem me encarar. — Está me devendo cinquenta dólares.
Passando por mim com uma enorme cesta de guloseimas na mão, papai colocou-a na mesa e disse:
— Sabe que horas são agora?
— Nove horas, talvez? No máximo dez?
— Tente de novo.
Ele apontou para o relógio frente à porta da entrada e quase soltei um palavrão involuntário ao constatar que já eram quatro horas da tarde.
— Por que não me acordaram?
— Nós tentamos — mamãe disse.
Seus olhos encaravam o lado de fora da janela, curiosos, mas isso não me importou muito. A rua nunca tinha nada de interessante, a não ser quando os esquilos apareciam para correr atrás das pessoas e pedir comida. E pela expressão no rosto dela, esse não era o caso.
— Poderiam ter me derrubado da cama, sabe?— falei, mesmo sabendo que meu sono era a coisa mais complicada do mundo porque ou eu dormia demais, ou de menos.
— Sei — papai falou. — E então você continuaria dormindo e ainda ganharia uma dor nas costas. Plano perfeito.
Revirei os olhos com o comentário irônico. Se meus amigos achavam que eu tinha uma língua venenosa, é porque não conheciam o deboche dos meus pais.
— Que horas vocês chegaram?
Eles quase nunca estavam em casa por causa de seus trabalhos e era sempre estranho vê-los aqui, desse jeito tão calmo, já que eu estava acostumada a viver sozinha.
— De madrugada — mamãe respondeu, calmamente. — Assim como você.
— Estamos fazendo uma conexão de quase onze horas, então aproveitamos para ver como estão as coisas — papai explicou.
