Skyler Sallenvite sempre foi uma garota que teve tudo de mãos beijadas em sua vida. Ou como diziam seus parentes, a garota abençoada pelos céus. Ótimos pais, ótimos amigos, ótima vida... nada nunca de fato faltou para ela desde que nascera e não pod...
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E se compartilharmos essa tristeza, então onde você esteve? Eu sei que você não está apaixonada, como costumava estar Acho que eu não sou a pessoa certa, como você costumava pensar Então você apenas corre Eu sei que eu estou preso, nessa miséria Acho que não sou suficiente, como você costumava pensar Run | Joji
Kim Woosung
— Não vou ir pegar vocês, desistam — Ryxon reclamou, soltando um suspiro prolongado, do outro lado da linha. — Eu tenho um trabalho, sabem o que é isso?
— São apenas trinta minutos. Não vai morrer por causa disso — Skyler disse, aproximando o rosto para falar.
— Não. Mas vou perder dinheiro. Preciso arrumar as coisas para abrir o bar, não ir atrás de dois fugitivos encrenqueiros.
— Por favor — ela pediu, a voz manhosa.
— Sky, sinceramente... — outro suspiro ecoou. — Por que os dois patetas não foram com os outros?
— Porque perdemos a aposta com os caras na hora de decidir quem iria voltar primeiro. Depois que eles saíram, tentamos pedir outro carro, porém ninguém mais aceitou a porcaria de uma corrida — expliquei, passando a mão pelo cabelo.
— Na verdade, um aceitou — a garota recordou, olhando-me. — Mas o desgraçado cancelou logo depois. Você é nossa única luz no fim do túnel, Ryx.
— Sem bajulação, Sallenvite — Ryxon falou.
— Sabe que tem um coração bom, apesar dessa sua cara malvada que tanto assusta as pessoas, não é? — ela ignorou o pedido do amigo. — Nós estamos sozinhos aqui e eu estou faminta. Quero ir para casa, tomar um banho quente e fingir que não fiz nada daquela merda.
— E por acaso eu sou a porra do chofer de vocês?
— Não. Melhor que isso, você é a porra de um grande amigo.
Eu a encarei. O jeito como parecia falar com ele era tão diferente de como conversa comigo. Skyler não se importava em parecer frágil, muito menos formava uma barreira invisível ao redor de si, numa tentativa de impedir que eu lesse seus pensamentos. Ela era apenas... ela. Sem aqueles olhos julgadores. Sem a mágoa que sentia de mim.
Era como se tivéssemos voltado ao início de tudo. Mas bem pior, pois eu lembrava, ela não havia me tratado com tamanha frieza nem mesmo quando fumamos juntos pela primeira vez.
Naquele tempo, era apenas precaução por ter um estranho em seu canto sagrado. Hoje, entretanto, se tratava de ressentimento.
— Nós fazemos qualquer coisa, é sério — Skyler insistiu.
— Nós não — reclamei, negando.
— Nós sim! — ela bateu levemente em meu ombro, num impulso.
