Anjinhos Dourados

O livro

"Me aproximei da minha pequena ruiva ensanguentada e segurei seu rosto, vendo as grossas lágrimas escorrendo incansavelmente pelo seu delicado rosto, com toda a certeza aquelas lágrimas não eram pela dor em suas costas, muito menos pelo seu irmão e seus companheiros presos ao lado, ou até mesmo pelas suas asas presas em uma caixa de vidro a alguns metros. Senti um aperto no peito vendo a quantidade de correntes a prendendo na parede, era demais para ela, tinha uma corrente presa em seu pescoço, duas sem seus braços e pés e uma na cintura. Antes que eu pudesse falar algo, ela falou:

-Eu pensei, talvez por alguns segundos... Que eu não teria mais que sofrer isso novamente... Eu estava errada, completamente errada. Eu fiz tudo isso por ele, para no fim ver ele morrer novamente... Eu entendo que essa é a missão dele e que ele vai voltar, eu entendo mais do que qualquer anjo, ser humano, deus ou demônio... Mas por que dói tanto ver isso? - Ayla me falou entre soluços, ela tinha acabado de ver novamente as "duas" mortes do cavaleiro de Virgem.

Eu não tive tempo para responder... Não tive tempo para interferir... A pequena Ayla e os anjos de elite foram lançados no mundo humano, desaparecendo diante dos meus olhos. Obviamente Zeus os enviou no tempo certo, uns anos depois que Atena derrotou Hades novamente. Não posso negar que ver os cinco caírem não foi fácil... Bem, na verdade eles não caíram, eles estão sendo punidos, Zeus jamais deixaria seus filhos Ayla e Levi, o filho de Poseidon Liam e minhas filhas, Zara e Luna, caírem assim... Estou tentando entender porque isso aconteceu, quando conseguir tentarei reverter..."

Shaka fechou o livro, tentando entender corretamente o que aconteceu. Estava óbvio que ali não tinha escrito tudo sobre todas as vidas você daquele homem, suas vidas, mas é óbvio que o que tinha ali era tudo o que Ayla relatava para a deusa Afrodite. Dava para sentir o carinho, a animação, a administração, o amor que a ruiva sentia através do que a deusa havia escrito, mas apesar disso, ainda não conseguia acreditar.

-Terminou finalmente? - Ouviu a voz do Milo e levantou o olhar, vendo o escorpiano parado na porta.

-A onde ela está? - O virginiano perguntou sério, vendo que tinha passado a noite lendo.

-Está com o Camus e não, você não vai ver ela. Ela está mal. - O escorpiano falou indo na direção do virginiano.

-O que? Como ela está? - O virginiano falou se levantando.

-As feridas nas costas abriram, o Camus e o Hyoga estão cuidando dela, mas primeiro você vai me ouvir. - Milo falou o empurrando, o fazendo sentar novamente. - Meu bebê te ama, ama muito, mas não como você pensa...

-Eu sei. - O virginiano interrompeu olhando para o livro.

-E você? - O escorpiano falou direto.

-Eu... - Shaka murmurou, pela primeira vez sem saber o que falar.

-Você só vai ver ela quando tiver certeza. - O escorpiano falou cruzando os braços. - E ai? Você ama ela ou não?

-Eu não sei. - O virginiano falou.

-Essa resposta não vale. - Milo insistiu. - Sim ou não?

-Eu...

-Fala...

-Eu não sei...

-ANDA SHAKA. - Milo gritou perdendo a paciência.

-SIM. - O virginiano gritou no automático, se levantando.

O escorpiano sorriu se acalmando e saiu da frente do loiro, apontando para a porta.

-Então faz algo de útil e fala para ela. - Milo falou sorrindo vendo o outro sair correndo dali.